©antoni tàpies
 
 
 
 
 
 

 

I am growing, as I get older,

to hate metaphors

 — their exactness

and their inadequacy.

Norman Mac Caig

(1910-1996)

 

 

Ainda que, de há muito, a minha estante de poesia seja maior do que a de cinema, só ousei poetar já homem maduro (aos 48 anos). Qualquer que seja a criação do espí­rito humano, a poesia é a única totalmente imprevisível. "O poema não é um ato com­pulsório" (W.H. Auden). É quase sempre fruto de uma "brisa medi­única", que sopra so­bre e dentro de você e do seu intelecto quando ela bem entende. Há quem diga que poema é como suicídio, você não premedita, simples­mente comete!

 

Daí, todo poema ser uma obra completa. Na sua invenção, implode-se tanto o passado quanto o futuro. Só a palavra é presente, a dádiva sobrevivente! Cada poema resume tamanho investimento formal e exorcização moral que ele sempre soa como o último. Como se a musa jamais fosse voltar à cena do crime.

 

Repentinamente, em fins de 1986, sem nunca antes ter escrito um poema, nem por fastio ou artimanha amorosa ("sempre achei que poema e o poetar coisa difícil de rimar" — "Inadvertência", em Moedas de Luz, 1988, meu segundo florilégio), fui invadido por uma catadupa de inesperados versos sofridos e doridos, frutos de uma incontornável tragédia existencial.

 

E quando nessa conflagração vieram de roldão, imbricados, versos e estro­fes inoculados pelas chamadas "palavras do antro", fiquei perplexo e as­sustado. Ato contínuo, no entanto, procurei não apará-los da contun­dência de suas hipérboles erótico-fesceninas, do seu "amor & humor" (Oswald de Andrade) ei­vados de viço e isentos de vício, e dei-lhes passagem.

 

Foi então que descobri, ainda que leitor habitual, entre tantos, de Safo, Ca­tulo, Ovídio, Marcial, das medievais Cantigas d'escarnho e de mal di­zer; de Boccaccio, Aretino, Ronsard, Gregório de Mattos, Bocage, Ber­nardo Guimarães, de Cantáridas (dos capixabas, Paulo Vellozo, Jayme Santos Neves e Guilherme Santos Neves), do português, António Botto (Bagos de Prata), etc., o quão tinha sido re­fém do preconceito contra o verso licencioso. Ou seja, de expressões obscenas, da­quele "baixo calão" aceito na prosa, no teatro, no cinema, mas pros­crito na poesia.

 

O verso erótico, muitas vezes alcunhado de "poesia de sacanagem", "pornográfica" ou "pornô" (de pórne ou pornós — do grego, relativo à prostituição), para desauri-lo de sua amperagem ontológica, é uma dicção siste­maticamente vigiada e posta sob suspeita como criação origi­nal e indissolúvel na obra de inúmeros poetas.

 

No entanto, é prática nobre de grandes poetas de toda a história da poesia ocidental, oriental e africana (profana ou religiosa) ("os melhores poemas religiosos estão repletos de erotismo",  conclui o poeta americano, Charles Simic), além de amada, decorada e declamada pelo anônimo das ruas, atravessando séculos, idiomas e países. E entre o leitor erudito, inclusive, depois de lido, repetido e enaltecido, ela invariavel­mente ficará escondida no "inferno das bibliotecas" públicas e privadas, e restrito os livros às prateleiras "genuflexas" das livrarias (a propósito, em todas elas o pretenso leitor precisa ajoelhar-se caso queira compulsar a obra, o que, metaforicamente, até faz sentido: poesia deveria ser lida de joelhos...).

 

Mesmo nesses tempos de alta permissividade e impudica exposição (filmes, vídeos, livros, revistas, Internet) ainda soa insuportável o eco verbal explícito de corpos afundados em sexo, especialmente, se presentes a alegria, o despudor e o prazer do desejo. "Sem a luxúria no mundo o que seria da alegria e da beleza?" — per­gunta John Updike.

 

Des­crever e poetar sobre os chamados "países baixos" (...) ainda é um interdito irrecorrível; descrever e banali­zar Tanatos, a violência pública e familiar, a criminalidade urbana, se transfiguraram no trágico deleite a que somos diariamente constrangidos.

 

Por recorrer a um jargão cassado pela sua crueza, humor e nonsense, seja pelo tônus bestialógico, seja pelo escatológico, mas sempre pela sua obscenidade (etimologicamente, "fora da cena") das estrofes, prática oral e de cordel de todos os povos, a poesia fescenina, quase sempre iconoclasta por natureza, é censurada e censurável, quando não desterrada in limine.

 

O poema erótico é uma criação tão nobre nas obras de poetas emblemáticos como Goethe, Baudelaire, Rimbaud, Whitman, Apollinaire, Valéry, Verlaine, Kafávis, Pierre Loÿs, Boris Vian,  quanto a sua produção, digamos, "nor­mal". Aquela sanci­onada por editores, pela mídia, pelas livrarias, pelos críticos "virtuosos",  pelo cha­mado "discurso lite­rário" hegemônico de cada época — para fruição do leitor comum.

 

Aos poucos, à medida que os poemas traziam aquela impune "jubilosa transgressão" de que fala Georges Bataille, a ine­xistência da culpa com que a civilização judaico-cristã penaliza a libido, esmaecia no meu fabro as fronteiras morais e lingüísticas entre erotismo e porno­grafia. Eu me fundava poeta erótico, sem outras amarras, pleno de liberdade e destemor verbal. Porque tudo que é erótico é necessariamente porno­gráfico (e vice-versa), enquanto este não se confundir com apologia do crime. Afinal, nada mais pornográfico do que a fome, a miséria, a violência contra a mulher, o estupro, a pedofilia, etc. Eros como o verbo exato para a descrição de cor­pos tomados por um irrefreável desejo, embalada por uma insopitável joie de vivre, pelo despudor e pelo usufruto do prazer sem meias nem peias.

 

A chancela popular de "pornográfico" para este nobre veio poética vem arregimentando, em es­pecial a partir do século XIX, uma suspeita carga de "invenção infe­rior", agenciada por uma horda de críticos moralistas e hipócritas, como que para castrar-lhe a ampe­ragem estética, a sua fatura existencial e temática em rela­ção a tudo que, até então (e ainda hoje) se considera poe­sia lato senso. Ou, nas definição do poeta capixaba, Oscar Gama Filho: "O palavrão é a palavra em ereção. É uma felação que enche de esperma a boca do quem xinga".

 

Porém, a mesma crítica, numa espécie de passaporte linguís­tico, para dar conta de poemas anfíbios (meio românticos, meio "carnaválicos", de carne, mesmo), cujos autores pudes­sem sair chamuscados por irem longe demais encantados por Eros, criou a expressão "poema erótico" para contrapor-se ao "poema fescenino". Termo associado à Fescênia, cidade etrusca da Roma Antiga, o verso fescenino tem nítido extrato popular. São estrofes lúbricas, satíricas, de crítica moral, plenas de humor e ironias, que desde os clássicos romanos, passando por Aretino (Veneza, 1492-1556), Gregório de Mattos (e Guerra), da Salvador seiscentista e Bocage da Lisboa setecentista, aos brasilei­ros, Bernardo Gui­marães, Oswald de Andrade, Affonso Ávila (de Masturbações) e Carlos Drummond de Andrade (em Amor Natural, 1987), representam — para muitos críticos — uma espécie de "não-poesia". Até de negação do pró­prio fazer poético.

 

Os principais exegetas da nossa literatura e poesia, do século XIX aos contemporâneos (de José Veríssimo, Silvio Romero, Ronald de Carvalho, João Ribeiro, Agripino Grieco, Otto Maria Carpeaux, Sérgio Milliet, Mario da Silva Brito, Afrânio Coutinho a Antonio Candido, Wilson Martins, Alfredo Bosi, etc.) — todos encaram essa po­esia como "voz" destoante de seus autores. Fácil verifi­car esse vezo castrador nos textos críticos (constantes das diversas histórias da literatura brasileira) relativos à obra de um Gregório de Mattos Guerra, Ber­nardo Guimarães, Olavo Bilac e Guimarães Passos (que publi­cavam sob o pseudônimo de "Puff e Puck"), Laurindo Ribeiro, Múcio Teixeira, Manuel Bandeira, Oswald de Andrade (que, em suas obras completas, teve expurgado o corrosivo poema "O San­teiro do Mangue"), aos recentes Hilda Hilst (1930-2004) e Chico Doido de Caicó (1922-1991) — esse, inclusive, ainda deleite de uma excelsa minoria. Há uma total omis­são à produção licenciosa dos demais, da mera citação do poema à ablação do título da obra. Como se ela jamais tivesse sido escrita ou albergasse algum desdouro moral e lin­güístico em relação ao conjunto. E quando resenhada, em poucas linhas é logo execrada.

 

No Brasil de hoje raros e bissextos somos os poetas (dentre eles, Au­gusto de Campos, Sebastião Nunes, Affonso Romano de Sant'Anna, Armando Freitas Filho, Glauco Mattoso, Affonso Ávila, Décio Pignatari, Rubens Rodrigues Torres Filho, Luiz Roberto Guedes) que se movem nesse registro, seja uma poesia de torque fálico e/ou GLS ou, então, bissexual e/ou pansexual, seja o verso homo-erótico tout court e escatológico, sem temer pela repercussão junto ao restante de sua obra.

 

Essa nomeação, "erótica", acabou se prestando como an­teparo aos ver­sos ditos "pornográficos" e/ou "escatológicos", aqueles que se valem da crueza de termos chulos, de trocadilhos sexuais, chistes obscenos e de um jargão cassado do falar cotidiano. Eventualmente permite-se uma junção de adjetivos, "erótico-pornográfico", que passa­ram a desig­nar poemas que de moto pensado recorrem aos "nomes feios" na sua formalização. Mas, à revelia de seu significado original e como uma espécie de up­grade vocabular, com o tempo nasceu a definição "erótico-fescenino" para essa produção, o que não deixa de ser um fe­liz achado semântico.

 

Verso ou estrofe que discorra sobre partes erógenas ou sobre a superfície e os precipícios do corpo, insinue ou descreva as estripulias do in­tercurso sexual e suas variantes, tem fluxo livre entre edi­tores (e mesmo, entre livreiros) e leitores contanto que a metáfora seja a pedra de to­que. Como se a metáfora, talvez o específico fundador da poesia, fosse um véu destinado a emascular (com licença pelo trocadilho) o que aos olhos e ouvi­dos do leitor obviamente significa aliviar expressões como "foda", "porra", "buceta", "caralho", "cu" e outras do gênero, tão belas quanto. Uma operação dissimuladora do verbo para que o poema não perca a aura asséptica do que seja pordis tal qual consagrados ao longo dos tempos.

 

No entanto, a complexidade inventiva do poema erótico-fescenino reside, justamente, numa compulsão lingüística que procura se deslocar daquele tropo imagético da equivalência, artifício que já produziu inúmeros poetas e versos soberbos ao longo dos cinco mil anos de existência da poesia. Ou, até muito antes, quem sabe o poema tenha nascido rupestre,  onde nas pinturas das cavernas tanto poderíamos identificar uma estrofe visual como uma imagem em movimento, quem sabe, o proto-cinema!

 

O famoso poeta escocês, Norman MacCaig (1910-1996), teve a intuição de acertar no coração da linguagem com que facilidade (e eu acrecentaria, impunidade!), a moderna poesia se vale da metáfora como um artifício para fugir dos percalços em descobrir o que há por trás da palavra (beyond the word), ou melhor, de como penetrar "surdamente no reino das palavras" (Drummond). Na soi-disant lira pós-moderna, a metáfora acabou se transformando num facilitário, como se recorrendo a ela, a invenção e a qualidade do poema existiriam de per si. Mas, com implacável lucidez, MacCaig coloca em versos sua (nossa) angústia: "I am growing, as I get older,/(à medida que envelheço)/to hate metaphors/(cresce o ódio às metáforas) — their exactness/(sua exatidão)/ — and their inadequacy"(e sua inadequação).

 

A história da poesia tanto do Ocidente e do Oriente quanto da África, é peremptória e incontorná­vel: a melhor, a mais desconcertante e controvertida poesia erótico-fescenina, dos egípcios, chineses, indianos e japoneses, gregos e romanos, aos poetas galego-portugue­ses da Idade Média, irlandeses, ingleses, africanos, e aos polêmicos "pornógrafos" dos últi­mos quatro séculos é a que se realiza por saber, exatamente,  desmetaforizar signos e significantes, a que fulmina a coisa com a pala­vra que a coisa pede sem rebuços e meios-tons. Ou como se lê em Lewis Caroll, pai de Alice no País das Maravilhas: "Quando utilizo uma palavra, ela significa aquilo que eu quero que ela signifique. Nada mais, nada menos". Daí, inclusive, manter-se praticamente intacto o labéu de exclusão, de interdito da poesia erótico-fescenina. Pior ainda, ostentando um perverso espectro de "invisibilidade", um canto da alma e do ventre cuja criatividade é o próprio substrato de qualquer poema. Todo grande poema, no fundo, é um tributo a Eros!

 

Por essa razão temi pelos meus primeiros fesceninos, pela constân­cia e impertinência da estrofe erótica com pegada "pornográ­fica", um estra­nho hiato entre o que eu supunha "menor", e os hai­kais, epigramas, odes, elegias e para-sonetos que surgiam lambuza­dos de um erotismo desbragado e desavergonhado. Mas, eis que os belos poetas, Paulo Leminski (1944-1989) e Sérgio Rubens Sossélla (1942-2003), atilados espectadores da minha filmografia, iluminaram as veredas do florilégio inaugural com versos premonitórios: "For ever, back/back (poeta fescenino)/com palavras e palavrões/fez-se menino para sempre/(ele perpetua  nossa mente)" (Sossélla); "...que essa poesia fosse de um raro erótico explícito/era possível/mas não era provável" (Leminski em "Cios de Sylvio", 1986).

 

Como coube a dois outros poetas de primeira grandeza: Guilherme Mansur, de Ouro Preto, também editor e artista tipográfico, publicar em 1986, o livro de estréia, O Caderno Erótico de Sylvio Back; e ao consagrado Manoel de Barros, um de seus lei­tores primevos que, inconsciente e sorrateiramente veio em meu socorro, estourando os últimos grilhões do cilício cultural que me tolhiam, para sentenciar: "A poesia em­purece qual­quer palavra". Na jugular: para o poeta todas as palavras são puras!

 

Corroborando afirmação de Mallarmé, de que o poema é feito com palavras e não com idéias, repicado magistralmente por Drummond em "Procura da Poesia" ("o que pensas e sentes isso ainda não é poesia"), sempre procuro arquitetar o poema erótico-fescenino, por mais impremeditado que surja, dentro do maior rigor formal, recuperando se preciso for termos medievais, arcaicos ou em desuso  semanticamente (ou "soterrados" pela censura), e onde se fundem e se confundem (como saber?) ousadia, risco e fracasso.

 

Talvez inspirado em T.S. Eliot ("o poeta precisa ser menos poético"), e como todo poema, (reitero) mesmo que não seja explicitamente erótico, o erotismo é como que um seu DNA de concepção, meu poemário, via de regra, emite um diapasão antilírico, quase desossado do emocional à flor da pele e do verbo voltado exclusivamente para o eu. Não quer dizer que o poeta se elida e automatize seu estro. Ao contrário, o poeta é o receptáculo e o espetáculo do todo — sem rebuços ou artifícios que não a aura moral e a corporificação da sua criatura. Que o poema, afinal, continua a vida, como escrevi biografando Helena Kolody (1912-2004), no curta-metragem A Babel da Luz, que dirigi com e sobre a imortal poeta paranaense. 

 

No entanto, nele há que estar embutido um diálogo intenso e extenso com toda a cultura e a tradição da poiésis, ciente de que a finalidade (ou não-finalidade!) do verso marcadamente fescenino (ou não), afinal, não almeja nem poderia excitar sexualmente o leitor. Ao contrário do conto erótico. Como a leitura de qualquer poema é uma aventura mix de linguagem, tipos & vazios gráficos, silêncios atordoantes & ruídos imaginários, e a expiação de todos os sentidos, também o poema erótico-fescenino deve constituir-se numa experiência  única de gozo sensorial e de reinvenção do verbo, sem outra noção e intermediação.

 

Se não é o poeta quem a escolhe, é a palavra que o elege — vaticina Octávio Paz. Que então se dê passagem a ambos! Desde então, como se fora um inelu­tável destino, as malas palabras me assal­tam cada vez mais candentes, cada vez menos tolerantes. Agora já são quatro livros: depois de O Caderno Erótico... surgiram A Vinha do Desejo (1994), Boudoir (1999) e As Mulheres Gozam pelo Ouvido (2007). Toda essa antologia traz embutido o seguinte mote: os po­emas são libertinos, mas o poeta é casto!

 

A propósito, já nos anos '20/30 do século passado escreviam os surrealistas franceses, que "só dando voz ao desejo sexual é que o homem entende o núcleo do seu ser e alcança a saúde da psique", ecoando assim tanto a sabedoria do marquês de Sade (1740-1814), como a dos antigos chineses, que viam no sexo a chave da imortalidade.

 

Enfim, o poema erótico-fescenino, ao fim e ao cabo, entrega para além da carne e suas nervuras onto­lógicas, e aquém do não-dito e do interdito: ele é antes de tudo uma gloriosa e inesperada sapequice da linguagem; e o poeta, um prestidigitador contumaz de palavras clandestinas que ecoam pela galáxia de Eros como um inexcedível antídoto à idéia da morte.

 

janeiro, 2007 | revisto em março, 2008

 

 

Sylvio Back é cineasta, poeta e escritor. Autor de trinta e seis filmes (dez longas-metragens, o mais recente, Lost Zweig), teve publicado em 1986 o seu primeiro livro de poemas, O caderno erótico de Sylvio Back (Tipografia do Fundo de Ouro Preto, Minas Gerais). Depois vieram Moedas de luz (São Paulo: Max Limonad, 1988); A vinha do desejo (São Paulo: Geração Editorial, 1994); Yndio do Brasil — poemas de filme (Ouro Preto-MG: Editora Nonada, 1995); boudoir (Rio de Janiero: 7Letras, 1999); Eurus (Rio de Janeiro, 7Letras, 2004); Traduzir é poetar às avessas — Langston Hughes traduzido (São Paulo: Memorial da América Latina, 2005) e Eurus — bilíngüe — português-inglês (Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2006); kinopoems (e-book, Cronópios Pocket Books, SP, 2006); e As mulheres gozam pelo ouvido (São Paulo: Editora Demônio Negro, 2007). Back tem igualmente editados livros de contos, ensaios e dez roteiros de seus filmes.

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