©roberta sant'anna

 
 
 
 

 

 

 

Fernando Ramos - Quando e como foi que tu aceitou o convite "pra virar palavra", e viu que não tinha escapatória, a literatura se impunha, a poesia estava em ti, era aceitar ou aceitar?

 

Ricardo Silvestrin - Quando li, aos quinze anos, Manuel Bandeira. Queria fazer uma banda de rock pesado. Não tocava nada nem tinha amigos que tocassem. Comecei a escrever letras para uma banda que não existia. Fui à biblioteca Josué Guimarães e li uma antologia do Bandeira. Achei que era rock and roll no papel. Vi que o texto escrito podia ser legal, criativo, surpreendente. Então, comecei a escrever. Daí em diante, até hoje, venho lendo, relendo, descobrindo vários poetas e prosadores. Ao mesmo tempo em que venho descobrindo sempre novas maneiras de criar com a palavra. Fiz Letras. Meu trabalho sempre foi de ler, escrever e refletir sobre. Adoro os bons ensaístas, teóricos com Jakobson, os estudos dos irmãos Campos, Barthes, os formalistas russos, enfim, a reflexão sobre o fazer.

 

 

FR - E essa procura e descoberta de maneiras novas de criar com a palavra fatalmente te fizeram encarar crises. Houve alguma crise que detonou a produção do Play? Foi de embate com a linguagem, do lutar com as palavras, ou melhor, a luta corporal, já que o poeta é "palavras dos pés aos fios de cabelo", ou foi outro tipo de revolta/conflito?

 

RS - Tem dois motivadores no Play. Um é o do conto "Play", que dá título ao livro. Ali, parti da idéia de apertar a tecla play e sair falando. Um texto em que coubesse tudo o que eu quisesse colocar dentro. Por isso é mais que um conto. Tem pensamentos, teses, mini-ensaios, cuspir fora coisas que precisavam ser expressas, além de uma narrativa que percorre todo o Play. O outro motivador, que vale para todos os outros dezesseis contos do livro, é a descoberta do prazer criativo da prosa. Sempre fui um grande leitor de prosa. Como professor de literatura ou estudante de Letras, já trabalhei com vários textos narrativos, li teoria da literatura, enfim, meu convívio com a prosa sempre foi grande. No entanto, a prosa de que gostava e que achava que, se um dia escrevesse prosa seria assim, era a de invenção, a que tem um trabalho com a palavra mais próximo da poesia: como Macunaíma do Mario de Andrade, Memórias Sentimentais de João Miramar do Oswald, Clarice Lispector, Joyce, Borges... E o "Play", o conto, é mais para isso. Mas, ao ler o conto "O Espelho", do Machado de Assis, caiu pela primeira vez a ficha da prosa mais realista, a que conta uma história. Vi que para o que a narrativa daquele conto remetia não estava contado. Era como uma pedra jogada n'água. O narrado abria ondas de sentido para muito além dele. Curti fazer isso. Isso que já sabia como professor de literatura e como leitor. Mas não sabia como escritor. A partir disso, comecei a escrever meus contos.

 

FR - Essa, digamos, chave que abre muitas portas - esse abrir de ondas no espelho d'agua da narrativa - e que leva a muitos sentidos já se vê logo no primeiro conto, "Filme". No final do conto um personagem, que foi lá para aquele morro fazer o filme que tivesse um protagonista nativo na história, responde que o filme "vai para os dois lados", quando o nativo personagem no filme lhe pergunta que estrada aquele filme irá seguir - aquele filme que ele descobriu maravilhado que levará ele, o nativo - "fiquei alegre mesmo quando vi que eu ia ficar dentro do filme" - para um outro lugar. Outro momento em que essa idéia de chave aparece é no conto "Preto no preto", em que o personagem é acusado de ter mudado de eu. No conto há a narrativa de toda uma história de vida do cara ao mesmo tempo em que ele vai defendendo-se daquela acusação, e no final ele justifica (também revela-se e há a auto-descoberta ali ou irônica descoberta) que trocou de eu porque o pai dele morreu e ele ficou com o eu do seu pai, pois os dois "sempre foram iguais". Mas além disso, me parece que a pegada e a voz mais forte da maioria dos contos é a revolta, o inconformismo. Os contos me lebraram versos de Rilke, Gullar, Thiago de Mello, esses caras que se debatem contra a condição humana solitária, se revoltam contra a sinuca de bico existencial, o beco sem saída, inclusive o beco sem saída da vida e da linguagem, a limitação da linguagem humana para fazer frente à vida. O teu inconformismo ataca essas coisas também, e ataca a partir do cotidiano, revoltando-se contra a pouca liberdade, a truculência das regras sociais, a estupidez do sistema político/econômico que relega valores culturais pra penúltimo plano. Daí, quero teu comentário mais amplo sobre esse "cuspir fora coisas que precisavam ser expressas".

 

RS - Então, isso tudo foi expresso e transformado em arte. Nesse sentido, nada nos resta além da linguagem. Ela é que nos salva. Sem ela, não atravessaríamos esse mar revolto todo. A falta, a ponte que a linguagem faz para nos levar por sobre o buraco, o vazio. Cheguei do outro lado com um livro. Tem muito do prazer da narrativa, de ler Kafka, Caio Fernando Abreu, Campos de Carvalho, Cortázar, e poder fazer algo assim, contando e vibrando com a construção da frase, da seqüência de frases, do enredo, da trama. E muito de me recolocar no mundo. Esse lugar de artista, um lugar que precisei levar algum tempo para ver que é o meu.

 

 

FR - E isso, o teu lugar de artista, remete também à leitura do conto "O Espelho", do Machado de Assis? A ficha caiu pra te fazer ver as possibilidades da narrativa e também pra provocar uma auto-reflexão sobre a condição de artista?

 

RS - Não. A leitura do conto apenas me mostrou o prazer de criar a narrativa. Mas se olhar para a minha produção de poesia, dá pra ver que a narrativa já vinha se insinuando, sobretudo nos dois livros para crianças Pequenas observações sobre a vida em outros planetas e no É tudo invenção. E também em alguns poemas de O menos vendido, como "O Homem das Cavernas", "Faraós", "Teixeira", "Memórias de outras vidas" e mesmo em "A poesia de cada dia". Sobre ser artista é mais um processo interno. Na verdade, sempre fui artista. Não fiz outro caminho na minha vida. A diferença é assumir isso sem tentar ser outra coisa. O conto do Machado apenas despertou em mim um prazer de criar textos narrativos.

 

 

FR - "Play" foi o primeiro conto escrito, e depois vieram os outros? A idéia, o projeto do livro, nasceu a partir do conto "Play" ou tu foi escrevendo e os contos acabaram indo ao encontro da idéia circunscrita no "Play"?

 

RS - São dois processos criativos. Os contos fora o "Play" foram sendo descobertos e criados numa seqüência mais lenta. Um primeiro conjunto. Um tempo com eles guardados. Depois, o texto "Play" e sua realização, também em dois ou três tempos, de retomadas. Estamos falando aqui de 2003 a 2006. Após isso, a editora quis publicar o livro e escrevi mais uma série de uns sete contos. Também o conto "Preto no Preto" foi um projeto iniciado para ser um texto mais longo e que foi retomado na reta final de terminar o livro, sendo integrado ao conjunto. Tudo isso junto se une nessa pesquisa criativa de escrever prosa. Alguns pontos: a diferença entre a linguagem da prosa e a da poesia, a frase diferente do verso, sem metáforas demais, imagens, etc., era algo que tinha ouvido acho que há uns dez anos de alguém que fazia oficina com o Assis Brasil na Puc. Achei interessante essa abordagem, a de procurar na prosa a frase da prosa. Mas nunca tinha feito nada com isso. Quando li o Machado de Assis, esse saber do Assis Brasil ficou mais claro. Olha só, é muito legal um texto assim também. Não só a prosa de invenção é tri, mas essa também, se feita com arte narrativa em elevado grau de inteligência criativa. Outra coisa que ajudou a ter fôlego para a frase foi escrever minha coluna quinzenal na Zero Hora. Ali, tenho que escrever 30 linhas de word em corpo 10. No início, foi difícil. Chegava na metade e me perguntava "e agora?". Depois de um tempo, 30 linhas passou a ser pouco! Meus primeiros três primeiros contos têm 30 linhas de word em corpo 10! E fui desenvolvendo o discurso, o tamanho, escrever uma história maior, ver até onde eu ia. Isso nos contos-contos. Já no conto "Play", o próprio projeto era ir longe mesmo, para um lugar que sabe-se lá onde ia dar, até quando conseguisse escrever e até onde o texto dissesse "bem, chegamos ao fim". É claro que também tenho um exercício da frase em ensaios literários, mas cada gênero tem seu aprendizado.

 

 

FR - O conto "Play" no início me lembrou um pouco o "Poema Sujo", do Ferreira Gullar. Mas à medida que avançava a leitura, vi que era outra coisa, diferente, porém não tão distante, pois tem um "quê" de realidade biográfica e um botar o dedo na garganta da linguagem, ir ao limite do que pode ser dito. E há no conto todo um trabalho de linguagem, ou seja, cuidado com a estrutura, com o ritmo (avanços e recuos, cadências), com o discurso e o uso de imagens poéticas adequadas. Há vários trechos, com os quais se poderia fazer compor um longo rap ou uma embolada, ou ainda chamar um Marcos Suzano pra fazer bases percussivas (quem já ouviu tuas leituras, sabe o que tô querendo dizer) para leituras, tão ritmada e suingada é essa narrativa.

 

RS - Sim, o conto "Play" foi concebido como um texto aberto em que coubesse tudo o que eu quisesse colocar ali dentro. E, do ponto de vista de linguagem, também é aberto, uma vez que não há pontuação. Os trechos seguem pela sintaxe, pelos conjuntos semânticos e também por ritmo, em alguns momentos jogos sonoros, imagens. É, de certa forma, um contraponto aos outros contos. E o legal é que o todo do livro abriga essas duas vertentes da prosa que pareceram andar separadas, quase em disputa uma com a outra. A prosa do século XIX e a do século XX juntas num livro com a ótica do século XXI. Também ando lendo bastante coisa mais antiga ainda. Por exemplo, O Elogio da Loucura, do Erasmo de Roterdã, publicado em 1511. É um texto de hoje. Vai lá no fundo e na real do ser humano. Com uma linguagem clara, ágil, empolgante, bem-humorada. Então, esse negócio de modernidade, de agora sim é que está o novo é pura balela. Gente criativa e inteligente tem desde que o mundo é mundo. O que interessa é um pensamento vertical e uma linguagem forte. Esteja isso na página ou dita sobre uma base de percussão do Marcos Suzano.

 

 

FR - Fala um pouco sobre essa vertente da prosa que contém as duas correntes (século XIX e XX) ao mesmo tempo em que apresenta uma ótica século XXI, isso que aliás é uma tese (um mini-ensaio) apresentada no conto "Play". É uma nova idéia de prosa poética?

 

RS - É gozado ficar refletindo sobre o que já criei. Essa leitura de que há as duas vertentes da prosa, a do século XIX e a do XX, fiz a partir desse nosso diálogo/entrevista. Não busquei como projeto fazer um livro em que estivesse essa coisa toda. Mas, olhando o volume acabado, pode-se dizer que os contos mais realistas vêm nessa tradição da prosa do século XIX, do contar e aprofundar, do narrar uma história. Mas também tem o estranho dos malucos do século XX, o fantástico, o absurdo. E a quebra da frase da virada dos dois séculos, a constelação, como no conto "Play". E uma visão do século XXI, com esses temas de hoje, essa vida esmagada entre o desejo de se dar bem num mundo careta, dinheirista, mas ao mesmo tempo sem achar um outro lugar mais legal para respirar e ser de outra forma. Nesse embate entre o mundo que é possível contar, o que se destrói pela linguagem e o que constrói apenas linguagem é que se move o livro. Digo isso como uma das possíveis leituras. Agora estou falando como leitor. Como escritor, o livro está aí para ser lido. E vai ser sempre maior do que o que se fale sobre ele.

 

Mas não é uma nova idéia de prosa poética. Como falei acima, os elementos de contar do século XIX estão nos textos mais narrativos, que são uma história contada. Já o "Play", o conto, está mais para as rupturas da prosa do século XX. As duas vertentes estão no livro como um todo, na soma dos contos-contos + o conto "Play" = Play, o livro. O conto "Play" não se pretende prosa poética, mas prosa de invenção. Já os outros contos são prosa-prosa. E onde o poeta entra? Acho que no saber selecionar o que realmente interessa. No aprendizado da concisão. Não concisão como texto curto, mas como texto que não tem nada sobrando. Seja ele de que tamanho for. E no captar o essencial.

 

 

FR - Dando uma pausa momentânea no Play. Outro dia tu falou que havia descoberto com o músico e professor de música Leandro Maia um jeito de ouvir mais claramente a melodia das canções. Fala um pouco sobre isso. E aproveito pra te perguntar o seguinte: teve algum insight ou alguém que te fez ler também de um jeito mais claro a melodia da linguagem?

 

RS - A letra de música não tem esse nome por acaso. Não se chama de poema por um lapso da cultura. Ela é parte da música. Assim como existe a harmonia da música, o pulso da música, o ritmo da música, há a letra da música. Foi feita para ser cantada. Isso está no conto "Play" também! - falo disso num momento do conto. Voltamos ao Play, não conseguimos fugir dele! Enfim, é algo que só cantando pra perceber. Tem um significado também sonoro junto com a palavra. Não tem nada a ver com ser menor artisticamente que a poesia escrita, feita para ser lida. Não é menor. É uma grande arte também. Mas se realiza numa outra estrutura, junto com os elementos da composição musical. E, quando se aprende a ouvir isso, entra-se numa outra dimensão de receptor da mensagem musical. Aprendi isso com o Leandro Maia. Tem também a melodia da fala. Essa música que todos cantam. E no poema escrito já lidei com isso. Há poemas em que primeiro criei uma melodia de fala e depois as palavras. Isso aconteceu em dois poemas de O Menos Vendido. E na linguagem escrita se trabalha com ritmo. Tem um estudo Décio Pignatari, no livro Comunicação Poética, em que ele mostra o ritmo visual também, exemplificando com uma seqüência de janelas numa fachada: janela, parede, janela, parede, janela, parede... Tem um livro maravilhoso da Fayga Ostrower chamado Universos da Arte. É sobre a linguagem visual, a pintura, as artes plásticas. Ali também há belos estudos sobre ritmo que têm ecos também na linguagem da fala e da escrita.

 

 

FR - Acho que uma das características da maioria dos contos do Play é o conflito que surge a partir de situações de escolha com as quais os personagens se deparam (por exemplo, os contos "O Filme", "A Estrada", "Preto no Preto", "Leões", "Urubus", "O Maremoto", "Sobe", "O Atraque", "Gaiolas"). Eles têm que tomar partido, escolher ou recusar algo, agindo ou não eles estão envolvidos por essa situação. O que tu acha dessa leitura?

 

RS - Sim, é uma constatação que fazes e está certa. Mas não foi um projeto. Os contos foram tratando dos seus temas cada um com seu enredo, seus conflitos, suas soluções narrativas. "Preto no Preto" é o que mais aprofunda essa questão das escolhas. Mas o fundamental para mim, em todos os contos, é a maneira de construir o texto. O tema é parte de jogo formal. Embora a prosa, aparentemente mais do que a poesia, trate sobre algo que parece ser possível comentar, na verdade, o conteúdo é só mais uma parte da forma. Como ele é construído é que deixa o texto mais ou menos interessante. Um bom assunto sem um bom trabalho formal não passa de um bom assunto.

 

 

FR - Quero dois comentários teus sobre a epígrafe do Guimarães Rosa: o porquê da escolha e o significado para o livro.

 

RS - Pincei do meio do Grande Sertão essa epígrafe. Ela diz do meu trabalho de escritor habituado à idéia, ao texto de poesia, confrontado com o tempo, a extensão, a ação, o narrar e suas dificuldades. Os contos se realizaram como contos; a epígrafe fala mais do meu processo interior do que da realização exterior.

 

 

FR - O Moacyr Scliar escreveu um texto para a contracapa dizendo que gostou bastante do livro e que, para ele, a realidade do Brasil está presente em muitos dos contos do Play. O que tu achou dessa observação?

 

RS - Fico feliz com essas manifestações empolgadas de prosadores experientes como Assis Brasil e Scliar. Ambos dedicaram suas vidas ao texto narrativo. E ambos expressaram a qualidade literária que viram no Play. Os dois já leram muita prosa. Já se depararam e vivem se deparando com a reflexão sobre as possibilidades criativas desse gênero. Literatura é expressão/criação/comunicação. Comunicação de conteúdos formais. Quando os outros se manifestam dizendo que essa comunicação aconteceu, a missão está cumprida. E sobre o Brasil, isso faz parte do todo que abordo também na minha poesia. É como uma pessoa. A gente é triste, alegre, solitário, vive num tempo e num espaço comum a todos, histórico, mas também num espaço próprio, num tempo que não se mede nos relógios.

 

 

FR - Antes tu falou em pesquisa criativa para escrever prosa, que sempre está envolvido com isso. E o poeta Silvestrin está pesquisando também formas de escrever poesia ou não há esse tipo de preocupação? Isso me vem à cabeça porque, pelo que sei, no livro O Menos Vendido há um capítulo ("A poesia de cada dia") em que tu exercitou a elaboração de um poema por dia, houve a rotina do fazer um poema todos os dias.

 

RS - Comigo, e acredito que deva ocorrer com todo artista, a recepção de mensagens criativas sempre se dá também num plano de pesquisa. Sempre que leio poetas de que gosto, estou observando seus procedimentos criativos. Isso se dá naturalmente. Minhas leituras de prosa formam esse caldo de pesquisa criativa para a prosa, que não tem um método, é natural. As de poesia também. Quando leio os outros, leio também a criação, não só os conteúdos. Na poesia, minha arte número um, estou ligado o tempo todo. E minha maneira de escrever poesia abrange muitos projetos/descobertas. Em O Menos Vendido, tem a parte de "A poesia de cada dia", mas nas outras duas partes, "Manchas" e "Quieto no meu canto", também há. Quem ler vai descobrir vários deles.

 

 

FR - O começo da nossa conversa foi um comentário teu sobre a descoberta e as leituras da poesia do Manuel Bandeira. Pra finalizar, então, te faço uma pergunta que o Bandeira faz a ele próprio, pela voz de um qualquer repórter, no poema "Entrevista" ("Que há de mais bonito no ingrato mundo, poeta?"). Transfiro a pergunta: pra ti o que há de mais bonito no mundo?

 

RS - Os laços afetivos.

 

 

Poema do livro O Menos Vendido

 

 

Uma música não precisa mais que três minutos.

Um haicai, alguns segundos.

Mas podem durar a vida inteira.

Um filme, duas horas no escuro.

Um romance, muitas noites em claro.

Um quadro o tempo todo.

Até que se canse,

ponha outro em seu lugar.

Uma escultura numa praça,

mesmo com chuva,

mesmo que se mude de cidade,

ela está lá.

 

 

 
julho, 2008
 
 
 
 
 
 

 

Ricardo Silvestrin (Porto Alegre, 1963). Poeta. Formado em Letras, UFRGS/1985. Vários livros publicados, entre eles, ex, Peri, mental (Poesia. Porto Alegre: editora ameop, 2004); O menos vendido (Poesia. São Paulo: Nankin Editorial, 2006); Play (Contos. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008). Editor da ameop - ame o poema editora. Colunista do Segundo Caderno do Jornal Zero Hora. Integra o grupo musical os poETs. Seu site: www.ricardosilvestrin.com.br

 

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Fernando Ramos é editor do jornal literário Vaia, idealizador e organizador da FestiPoa (Festa LIterária de Porto Alegre).