O poema

 

 

dentro de mim
morreram muitos tigres

 

os que ficaram
no entanto
são livres

 

 

 

Razão

 

 

Lembro-me exatamente da cena: eu escrevi esse poema assistindo ao Jornal Nacional. A notícia que me inspirou, na verdade, foi o fator de uma enorme indignação. O ditador peruano Fujimori estava apresentando ao mundo, como um troféu, um guerrilheiro, líder do Sendero Luminoso. Até aí, tudo mais ou menos. Mas o fato é que ele mostrou o cara vestido de "metralha" e em uma jaula, como se fosse um animal. Aquilo me roeu os ossos e então eu escrevi o poema que, estranhamente, tem interpretações muito mais existencialistas que políticas. Ainda me surpreende muito a repercussão do poema, que foi traduzido para vários idiomas, já vi publicado em diversos suportes e, contraditoriamente, até mesmo em coluna social. É isso.

 

março, 2010
 
 
 
 
Lau Siqueira (Jaguarão/RS). Poeta, publicou O comício das veias (João Pessoa: Editora Idéia, 1993), O guardador de sorrisos (João Pessoa: Editora Trema, 1998), Sem meias palavras (João Pessoa: Editora Idéia, 2002), Texto sentido (Recife: Editora Bagaço, 2007) e Aos predadores da utopia (São Paulo: Dulcinéia Catadora, 2007). Consta de algumas antologias, como Na virada do século — poesia de invenção no Brasil, organizada por Claudio Daniel e Frederico Barbosa (São Paulo: Editora Landy, 2002). Participa das coletâneas anuais do Livro da Tribo (São Paulo: Editora da Tribo). Vive em João Pessoa. É autor do blogue Poesia Sim.
 
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