Óculos para uma nova visão | Julio Le Parc | 1965
 
 
 
 
 
 


 

O poema

 

 

seus olhos enganam dizem

que não podem suportar

dor cheiro de passado

acredito na encenação

mulher atriz de choro fácil afogue

tristezas mergulhe nas lamentações

remova o cisco com cuidado

 

volte a respirar prove

o canto silencioso dos meus
lábios lambuze quem desejar

 

mire suas bolas azuis meio

esverdeadas lacrimejantes

faça seu amor sorrir e

cante para santa luzia:


santa luzia
passou por aqui (3x)

com o seu cavalinho comendo capim...

 

 

 

 

Razão

 

 

"Soro Fisiológico" é fruto da alteridade, ou seja, da capacidade de se colocar no lugar do outro. Nesse poema, refiro-me a uma atriz, minha amiga, que constantemente se desvalorizava diante dos confusos relacionamentos amorosos, incapaz de enxergar a própria força para sair de ciclo de vícios afetivos. Os versos do poema se misturam aos versos de uma canção para a protetora dos olhos e da visão, Santa Luzia, uma espécie de oração que conserva a luz dos olhos para que possamos ver as belezas da criação.

 

dezembro, 2010
 
 
 
 

Ramon Mello (Rio de Janeiro/RJ). Jornalista, escritor e poeta. Repórter do site Saraiva Conteúdo, desde 2009, e colaborador do Portal Literal, Portal Cultura.rj e Prosa & Verso. Organizador de Escolhas (Língua Geral, 2009): autobiografia intelectual da professora Heloisa Buarque de Hollanda. Pesquisador e coorganizador de Enter, Antologia Digital. Curador e responsável pela obra do poeta e escritor carioca Rodrigo de Souza Leão, falecido em 2009. Participou das antologias Como se não houvesse amanhã: 20 contos inspirados em letras da Legião Urbana (Record, 2010) e Rio-Haiti: 101 histórias (Garimpo Editorial, 2010). Autor do livro de poemas Vinis mofados (Língua Geral, 2009). Mantém os blogues Sorriso do Gato de Alice e Letras — Saraiva Conteúdo

 

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