AREIAS

 

O sol que arde e eriça o Saara

realça longas colchas que desfiam

e rebrotam, no tear Tai Chi dos ventos

Soprando temporais sobre as sendas

que por mansidão e andaluza dança

religam os grãos : seus poros vitais

Como a ferida em pele se refaz.

 

 

 

 

 

 

 

TENDA 

 

            para  Claudio Daniel

 

 

ceia láctea

 

nacos de

algodão

 

a manta

que se

estende

 

do oriente

ao ocidente

 

rege:

 

o eterno

o obscuro

o enigma

 

traçando

 

luas

azuis

 

vértices

glaciais:

 

tapetes

para o

 

Dragão

de Rá.

 

 

 

 

 

 

 

TIAMAT

 

leve

 

abalo sísmico

 

esvoaçam

 

pássaros-chacais 

 

pélagos

 

aldeia

sob

aldeia

 

o lendário

dragão Tiamat,

vulnerável

 

medusas

devoram

 

cinco

cabeças

 

ganham asas,

unicórnios

de fogo:

 

ritual

de dias

mais breves.

 

 

 

 

 

 

 

LI T'AI PO

 

Regresso

 

              caminhos

              se abrem

 

rios se

esguiam

 

              mansas

              águas

 

fluem

e cessam

 

              sob o ramo

              da árvore

 

nascida

de outra

 

mais sagrada.

 

 

 

 

 

 

[imagens ©wwwest]

 

 

 

Israel Azevedo, paulistano, é poeta. Tem poemas publicados em blogs, nas revistas Zunái, Mallarmargens e no jornal de poesia O Casulo. Integrou as plaquetes: Seis Poetas Jovens no Papel de Rascunho e QASAÊD ILA FALASTIN (Poemas para a Palestina), organizadas por Virna Teixeira e Claudio Daniel, respectivamente. Prepara seu primeiro livro, Dragão de Rá.