POEMA BEATIFICADO
A poesia
nasce na infância
do mistério
educada
pelos olhos
dos mágicos
sua mátria
é a língua
do silêncio.
POEMA DO ABSURDO
O que importa
a febre do aço?
Minha alma
tem o sulfato
das palavras.
Sou filósofo
do absurdo
contra o óbvio.
Se os versos
não tocam
no poema
eu me diverso.
CONFORMISMO E RESISTÊNCIA
A ilógica dominante estilhaça
petróleo em esmaltes e cicuta.
O cérebro que pensa Opus Faber
é narcotizado pelo Homo Dei.
Ilhas de possibilidades em turíbulos.
Orgias que abrem recifes contaminados.
O Agnus Dei que denuncia o DNA
dos lobos salva uma digital humana.
ARDUMES
Amamos o oceano, o perigo, o desconhecido.
Amamos o corpo, a ascese, as mulheres.
Amamos o vinho, o piano, o frescor
do sagrado.
Porque o amor não tem critério
de bem e mal.