NÃO APRENDI DIZER ADEUS
foi um deslize
um equívoco
uma escorregadela
um engano
um mal-entendido
um lapso
um ato falho
perdoai, pois, o nefasto inconsciente
ele não sabe o que faz
PERFEIÇÃO
À perfeição
Não ouse sucumbir
Ela não é opção
É puro devir
PLANO
Dois pares de mãos
A segurar pelo braço
O mesmo regador
O vasto campo
De sempre-vivas
Esperando pela água
De generosa sede
A ânsia das fulozinhas
Em fartarem-se ao sol
As suas muitas cores
De tal tempo inarrável
Sobrevirá um romance
Sem desfecho, sem remate, sem fim
NU COM A MINHA MUSA
[canta-me o Amor— ó Deusa! — tempestivo do Errante Erre]
antes de os corpos
qual touceiras
serem atravessados
por lanças sebastianas,
: a linguagem
quando os corpos
de sais
& mel
abundantemente
exsudados,
: a linguagem
se
momentânea
& inutilmente
os corpos
dela & meu
separados,
: a linguagem
agora &
para sempre
tatoos
em toda parte
dos corpos
[por móbiles lábios]
lanhadas,
: a linguagem
dezembro, 2017
Erre Amaral (Porto Velho/RO, 1965). Escritor, poeta e ensaísta. Autor de Do mundo, suas delicadezas (romance, Penalux, 2017), 54 [+ uma] mulheres do baralho (poemas, Cousa, 2015) Contos extraviados (contos, Butecanis Editora Cabocla, 2015), Uma Denise (romance, Cousa, 2014), Le mot juste (romance, Orobó Edições, 2011) e Paul Ricoeur e as faces da ideologia (ensaio, Editora da UFG, 2008). Assinou a coluna "O mal-entendido universal", na Germina — Revista de Literatura e Arte e assina a coluna "Memorabilia", na Revista Pausa. Editor de Palávoraz — Literatura e Afins. Coordenou o Projeto de Cultura Café Literário, em Diamantina/MG, durante 5 anos. Coordena o Projeto de Cultura Diálogos Literários, em Palma/TO. Curador do Projeto Caravana Rolidey — Literatura na Estrada. Despacha no blogue literário piERREmenardiando. Doutor em educação (UFG) e professor de graduação e pós-graduação do Curso de Filosofia da UFT, em Palmas/TO.
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