homem com h

 

intelectual é bom mesmo pra conversar.

pra trepar, melhor o rude, analfabeto,

indelicadamente ereto e reto.

 

 

 

 

 

corpo humano

 

a cabeça

e o tronco

do membro

 

 

 

 

 

da natureza

 

nada se perde, tudo se fode:

os filhos de deus

e os filhos de god

 

 

 

 

 

virtual

 

mão naquilo

aquilo na mão

aquilo naquilo não

 

 

 

 

 

sabedoria

 

o que abunda

não prejudica:

quanto mais pica

 

 

 

 

 

miau

começa o ronrom lá em cima:
— eu te dou um vestido de seda
— eu rasgo eu rasgo eu rasgo

os gatos trepam no telhado

 

 
 


 

floral

 

um antúrio muito rijo pedindo

abrigo em um vaso úmido:

tempo de poda.

 

 

 

 

 

tankagado

 

bravo caga-fogo

acusa o cagarolas

sob a cagaiteira

 

pia longe o caga-sebo:

acabou-se o cagafum

 

 

 

 

 

jantar

 

sob a mesa:

banana-da-terra!

de sobremesa

 

 

 

 

 

 

cartilha

 

alonso o sonso

fica manso quando

afoga o ganso

 

 

 

 

 

 

de cócoras

 

metáfora

ou

metafísica?

 

 

 

 
 
 

consciência

ecológica

 

impossível fechar as pernas

e matar a borboleta que

voa voa voa entre elas

 

 

 

 

 

presagio

 

el día que me quieras
será una noche e tanto

 

 

 

 

 

8 de macho

 

nasci pra isso:

ou fico por cima,

ou não saio debaixo

 

 

 

 

 

dia da mulher

 

comer,

amor:

ação!

 

 

 

 

 

omenagi

 

nem versu nem frô

tadeu mi deu

mas u pau cumeu

 

 

 

 

 

do útero

 

para guttemberg guarabyra

 

encosta só a cabecinha

no meu colo:

e chora.

 

 

 

 

 

hipnose

 

é sempre assim:

ele põe o pinto pra fora

eu fico fora de mim

 

 

 

 

 

aurora

 

de quatro

papaimamãe

chupeta

 

oh! que saudades que tenho

da minha infância querida

 

 

 

 

 

plecoce

(poesia concleta)

 

mal m(e)olhou

e já

     culou

 

 

 

 

 

com cuspe e com jeito

 

triste conclusão:

nem tudo o que entra sai:

uai fiz um haicai

 

 

 

 

 

*

 

entra e sai verão:

dão maria, a sem vergonha,

e o chuchu na cerca

 

 

 

 

 

mais em bashô

 

o sapo salta

perereca bate palmas

aguaçal na mata

 

 

 

 

 

em riste

 

para jão filho

 

a sua cabeça dura:

valente-inclemente-entremetente:

só pode com ela o meu hímen complacente

 
 
 
 
(imagens ©flávio lavanini)
 
 


 

Adelaide do Julinho. Viúva. Do lar. Vive discretamente em Belo Horizonte, Minas Gerais. Musa de quatro importantes personalidades do cenário nacional (um poeta, um escritor, um músico e um político — de direita). É uma das Escritoras Suicidas. Foi publicada em Amar é abanar o rabo, de Jovino Machado (Belo Horizonte: Excelente Projetos Editoriais, 2009) e Dedo de moça — uma antologia das escritoras suicidas (São Paulo: Terracota Editora, 2009). Tem poemas traduzidos para o inglês, francês, italiano, alemão, espanhol, albanês, latim, romeno, entre outros. E continua inédita. Se pudesse escolher, preferia ser a Gisele Bündchen, com um pouco mais de bunda.