No meio do caminho

 

No meio do caminho tinha uma pedra.

Tinha uma pedra no meio do caminho.

Tinha uma pedra e essa pedra

No meio do caminho

Não sai do caminho.

 

O Drummond de Andrade tem razão,

No meio do caminho tem sempre uma pedra.

Quem já não levou um tropeção

Por causa da pedra no meio do caminho

Quem já não foi pro chão por causa da pedra

Que insiste em ficar no meio do caminho

 

Quem já não pagou o maior mico

Por causa da pedra no meio do caminho

Quem já não fez até bico

Por causa da pedra no meio do caminho

 

Mas que raio,

Esta pedra pode até mudar de lugar,

Mas do caminho ela não sai,

Pois é a pedra que tanto incomodou

Drummond de Andrade

Não está mais no meio do caminho.

 

Eu até pensei em desviar

Passando pelo meio do mato,

Mas no meio do caminho

Eu só encontrei um sapato.

 

Alguém cometeu este ato

Chutou a pedra do meio do caminho

De fato e no impacto

Perdeu o sapato

Drummond de Andrade

O poeta das novidades

 

 

 

 

 

 

Pit-bull

 

Eu tomo red bull

Para ficar forte como um pit-bull,

Que quando crava os dentes

É de dar inveja,

Não solta

Nem que troveja,

Só quando alguém lhe almeja.

 

E a vítima,

Coitada!

Fica dilacerada,

Porque a sua mordida

É de meia tonelada.

 

 

 

 

 

 

Estrela Dalva

 

Meu poema é uma salva à estrela Dalva

Que elogia a estrela guia,

Que não fica indiferente

À estrela do oriente,

Que também temos como o planeta Vênus.

 

Eu gostaria

Que a minha poesia

Não fosse vã.

Pois tentei fazer um verso

Para a estrela da manhã.

 

Estrela de muitos nomes,

O seu brilho é sem igual,

É a estrela que surgiu

Numa noite de Natal,

E nos trouxe a boa nova

Porque anunciaste ao mundo

A chegada de um Rei Imortal.

 

 

 

 

 

 

Eles passarão eu passarinho

 

Era bom demais para ser verdade

Mas durou pouco a minha felicidade

Porque eles dizem

Que hão de atravancar o meu caminho.

 

Quero agir com educação

E vou sair num boa desta situação.

Vou até tratá-los com carinho,

Porque o que eu quero é união

Eu passarinho e eles passarão.

 

Mario Quintana

O poeta pra lá de bacana.

 

 

 

 

 

 

Edifício Copan

 

Felicito quem lhe projetou

E agradeço pela obra,

Que criou mãos divinas e mente sã.

Sua idéia não foi vã

Deste homem tão distinto

E arrojado que projetou o Copan.

 

Como eu gostaria

De tomar o meu café da manhã

De frente para uma janela,

Que me permitisse contemplar o Copan.

 

Orgulho dos paulistanos,

Fruto de uma mente sábia

Admiro-lhe mais que o ouro italiano

E mais que o ouro da Arábia.

 

Oscar Niemeyer, pessoas como você,

Não morrem, ficam modernas

Porque sua lembrança

E memória são eternas.

 

Chamaram-lhe de peitudo

Por ser bem sucedido,

Concordo com isso tudo,

Pois o elogio foi merecido.

Sei que é muito invejado

E também muito querido.

 

Mesmo que um dia falecido

Jamais será esquecido.

 

Não me leve a mal,

Não sou eu quem lhe acha o tal,

Foram as suas obras que lhe tornaram imortal.

 

 

(imagem ©michelangelo)

 

 
 

Aparecida Magalhães (Ouro Verde-SP, 1962). Poeta de tradição oral, mora em Curitiba-PR, onde trabalha como empregada doméstica.