©nick henderson
 
 
 
 
                                                                    
  

Um abismo sem fundo. Isto era o Caos para Hesíodo. Nas sugestões da mancha das maravilhas e dos devaneios, continua sendo. É esse sem-fundo que ousamos nunca atingir, apenas para que a existência seja intensa.

 

O Caos é o Dragão. A vertente do belo no que é pesadelo.

 

Enquanto não se atordoam os espaços, saldemos as dívidas com alguns parágrafos definitivos para um contema secreto, secreto. E nele, o que se diz do ser Odraga em risco com o Dragão.

 

§ Aliandro Odraga tem olhos, cabelos, uma ponta de remorso no umbigo esfacelado...

 

§ Minha mártir-mãe não comenta com mais ninguém: o líquido vermelho a molhar meus dedos são lágrimas de Aliandro Odraga...

 

§ Construo cicatrizes na cara de Aliandro Odraga. Ele geme, eu engulo o eco nos abismos da voz...

 

§ Grito: o céu dos anjos cai, estorrica-se na treva estalando tão alto o som de garranchos. E Aliandro Odraga resseca em dor suas retinas...

 

§ Surgem a ferrugem do tempo, o couro do anjo e demônio, a abóbada de alumínio amassada pelas patas de um gafanhoto com cabeça de fogo...

 

§ Raios de estrelas, engulo-os todos, unto-os ao eco e cuspo bravejos de fogo, fogos de artifício, bombas. Mato Aliandro Odraga, com a fogueira de seus cabelos...

 

§ Livro Aliandro Odraga do remorso maior. Destruo o desejo dos apocalípticos. Cravo na soleira da solidão o imortal umbigo de Aliandro Odraga...

 

§ Minha mártir-mãe ainda sofre e chora, vendo-me sangrar pelos olhos. Louco, a escrever, arrancando a goela para não salvar a humanidade...

 

Pronto. O Caos é o nosso apocalipse secreto. Noite e dia.

 

 

 

 

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estante (ainda em construção):  aguarde com paciência!

 

Caos Portátil – Um almanaque de contos n° 2. Fortaleza: Letra e Música, 200_ etc, etc, etc. contato: letraemusica@secrel.com.br

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dezembro, 2005

 

 

 

 

jorgepieiro@secrel.com.br