Vem, Dama, vem que eu
desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o
inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca
brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma
área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito
para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se
derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho,
quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O
corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se
esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o
diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse
templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num
branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E
se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O
que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em
pé.
Deixa que minha mão
errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo,
entre.
Minha América! Minha terra à vista,
Reino de paz, se um
homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz
de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu
escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
Nudez total! Todo o
prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes.
As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de
Atlanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela
e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para
iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e
somente
A alguns (a que tal
graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se
diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco
fora,
Nem penitência nem decência agora.
Para ensinar-te eu me
desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.