Desconhecia
o vexame da crença. Não responderia ao apelo externo. Aprendeu a se deslocar parado. Nos dados biográficos, nunca largou o hospício. E os apontamentos listavam apenas o vegetar dos cílios e a gradação dos antibióticos. Ocupado pela inércia, descobriu o talento de vadiar a verdade. (As Solas do Sol, 1998) |
Lavei a esposa doente. Lavei a esposa
enquanto se ia. Desmoronamos. Imaginava a morte lírica, a córnea forrada Encerrados na superfície Ela se preparou ao desenlace, (Terceira Sede, 2001) |
Nasci vingativo, negando o que deveria perdoar, omitindo o que de verdade sinto. Ao escapar de tua figura tudo é necessário. (Um terno de pássaros ao sul, 2000) |
Fabrício Carpinejar poeta e jornalista, mestre em Literatura
Brasileira pela UFRGS. Nasceu em Caxias do Sul (RS) aos 23 de outubro de
1972. É autor dos livros As
solas do sol (Bertrand
Brasil, 1998), Um terno de pássaros ao sul (Escrituras
Editora, 2000) — objeto de referência no The Book of
the Year 2001 da Enciclopédia Britânica —, Terceira
sede (Escrituras, 2001), Biografia de uma árvore
(Escrituras, 2002), Caixa de sapatos
(Companhia das Letras, 2003), Porto Alegre e o dia em que
a cidade fugiu de casa
(Alaúde, 2004), Cinco Marias (Bertrand Brasil, 2004),
Como no céu e Livro de visitas (Bertrand Brasil, 2005) e
O amor esquece de começar
(Bertrand Brasil, 2005).
Recebeu vários prêmios, como
O Sul, Nacional e os Livros/2004,
categoria Especial Poesia, por Cinco
Marias, escolhido como o melhor livro de
poesia do ano; Olavo
Bilac/2003, da Academia Brasileira de
Letras; Cecília Meireles
2002, da União
Brasileira de Escritores (UBE); Marengo
D'Oro, de Gênova (Itália); duas vezes
o Açorianos de
Literatura, edições 2001 e
2002;
Destaque Literário — Júri Oficial
como melhor livro de poesia da 46ª Feira do Livro de
Porto Alegre (RS) — e Fernando
Pessoa, da União
Brasileira de Escritores/RJ, em 2000.
Mais em
seu site e blogue.
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Se me retirares a vaidade,
não terei memória.
(Biografia de uma árvore, 2002)