CENTRO DE
GRAVIDADE
Minha Pátria é a
irrealidade.
Um corvo se desfaz e tem quatro
albergues: ninho, hamadríade, sustento do
espantalho e espantalho. Sou esse corvo,
natural.
Chamo-me Corvo, por inteiro, pode-se
fazer todo um catálogo com esse nome.
Dou um exemplo, a lista telefônica
(haverá maior desolação?).
Aves e peneireiros da lista. O disparo
do besteiro a queda desordenada, chumbo,
depenagem, isso que crocita é um percurso do índice cadavérico por páginas amarelas, dou fé, dou fé de mortos, de suas letras borra as letras, do número avarento não é possível alterar nada, nutre-se da morte, e na lista, Grande Lista (telefônica?) o número segue instalado, mudam as letras: outro é o nome, são outros os sobrenomes para o 544-9097. Minha Pátria era esse
número.
Diapasão do cinco ao quatro, tropeção do
nove, perfeição do sete e aí no meio El
Sadday, O Eterno, perfeição do zero, Louvado Louvado (não há nada a fazer) ouça, Zero, quem cresce, assim qualquer um é imaculado. O zero é minha
Pátria.
Parece nova, e é a mais velha calçada de
todas, e é a mais velha rua de
paralelepípedos. Com o carrinho do mantegueiro puxado por um cavalo. Com a casquinha. Com o pedido, três bolas de sorvete, por favor, do menino. Um níquel. E de que sabor? Chinês, põe uma de mamey, duas de manga. Chinês, tudo muda, mudou a coisa, muda para mim a de mamey pelo vaso de pervincas, as duas bolas de manga pelas duas cadeiras vazias de vime no terraço. Essa matéria não derrete. E que será da Pátria de minha
matéria?
Tradução: Claudio Daniel CENTRO DE GRAVEDAD
Mi Patria es la
irrealidad.
Un cuervo se deshace y tiene cuatro
albergues: nido, hamadríade, sustento del
espantapájaros y espantapájaros. Soy ese cuervo,
natural.
Me llamo Cuervo, por entero, puede
hacerse todo un catálogo con ese nombre.
Doy un ejemplo, la guía de teléfonos
(¿habrá mayor desolación?).
Aves y cernícalos de la guía. El
disparo del ballestero, la caída arremolinada,
plomo,
desplumadura, eso que crascita es un recorrido del índice cadavérico por páginas amarillas, doy fe, doy fe de muertos, de sus letras borra las letras, del número avariento no es posible alterar nada, se nutre de la muerte, y en la guía, Gran Guía (¿de teléfonos?) el número sigue instalado, cambian las letras: otro es el nombre, son otros los apellidos para el 544-9097. Mi Patria era ese
número.
Diapasón del cinco al cuatro, tropezón
del nueve, perfección del siete y ahí en medio
El
Sadday, El Eterno, perfección del cero, Alabado Alabado (no hay nada que hacer) oiga, Cero, quién crece, así cualquiera es inmaculado. Es el cero mi
Patria.
Parece nueva, y es la más vieja acera
de todas, y es la más vieja calle de adoquines.
Con
el carro del mantecadero tirado por un caballo. Con el barquillo. Con la petición, tres bolas de helado, por favor, del niño. Un níckel. ¿Y de qué las quiere? Chino, ponme una de mamey, dos de mango. Chino, todo cambia, cambió la cosa, cámbiame la de mamey por la maceta de vicarias, las dos bolas de mango por las dos sillas vacías de enea en la terraza. Esa materia no se derrite. ¿Y qué va a ser de la Patria de mi
materia?
AUTO-RETRATO
Sóbrio não sou, surdo-mudo tampouco. De saúde não ando bem, mas não estou enfermo: de conformação duvidosa essa coisa do corpo. Em sua zona artrítica agora reconheço seu aspecto menos monstro, mais Teresa. Não se me deteve a esferográfica (adeus estilográficas, adeus plumas) ante a barbaridade de chamar monstro a um aspecto deste meu corpo (menti) (e minto duplamente) ainda em bom estado, me ficam bem as cãs, os poucos pés de galinha dão um toque de sabedoria ao meu aspecto, esse galhardo, esse mirado, sou o verdadeiro eu: um eu Cibola, eu Hespérides, sou argivo sou argivo (gritou). Sou personificação do vento oeste a leste (qual) se a meti na harpia (gritou) barbas de algodão, cacheada cabeçorra da mais fina tela ouropêndula, deixa correr (amada) teus longos dedos por esta encrespada cabeleira onde cada fio contraído se alonga linha, saca do fundo da laguna o atolado manati (amada). Eu disse, não sou sóbrio; agramático? Não exageremos: a licença poética estará de minha parte até o Dia do Último Diálogo; só então calarei, e não gramaticarei, pois Além mandam. Aqui, eu me quero tanto que me comestivelria a mim mesmo, se pudesse (já disse que não sou sóbrio): posso sê-lo; assim, um passo atrás perna direita, postura do Arqueiro, nem arco nem flecha, nem etéreo quimono repousado de seda, tampouco à espádua um íbis amarelo sobre fundo negro três ideogramas diminutos ao pé da pata suspensa da ave, nada, nada ave, nada pata, nada perna direita atrás um passo, o passo das letras do Arqueiro sustentado por se talvez (existirá vida ultraterrena?) poderia aparecer Auto-retrato. Tradução: Claudio Daniel AUTORRETRATO
Sobrio no soy, sordomudo tampoco. De
salud no ando bien pero no
estoy enfermo: de dubitativa conformación esta cosa del cuerpo. En su zona artrítica ahora reconozco su aspecto menos engendro, más Teresa. No se me detuvo el bolígrafo (adiós estilográficas, adiós péndolas) ante la barbaridad de llamar engendro a un aspecto de este cuerpo mío (mentí) (y miento por banda doble) aún rebueno, me quedan bien las canas, las pocas patas de gallina dan un toque de sabiduría a mi catadura, ese gallardo, ese mirado, soy el verdadero yo: un yo Cibola, yo Hespérides, soy argivo soy argivo (gritó). Soy personificación del viento oeste a este (cuál) se la metí a la harpía (gritó) barbas de guata, rizosa cabezota del más fino tisú oropéndola, deja correr (amada) tus largos dedos por esta encrespada cabellera donde cada hilo aovillado se alarga sedal, saca del fondo de la laguna al atorado manatí (amada). Lo dicho, no soy sobrio; ¿agramático? No exageremos: la licencia poética estará de mi parte hasta el Día del Último Diálogo; sólo entonces callaré, y no gramaticaré, pues Allá mandan. Aquí me quiero tanto que me comestiblería yo a mí mismo, si pudiera (ya dije que no soy sobrio): puedo serlo; así, un paso atrás pierna derecha, postura del Arquero, ni arco ni flecha, ni etéreo quimono reposado de seda, tampoco a la espalda un ibis amarillo sobre fondo negro tres ideogramas diminutos al pie de la pata en vilo del ave, nada, nada ave, nada pata, nada pierna derecha atrás un paso, el paso de las letras del Arquero sostenido por si acaso (¿habrá vida ultraterrena?) podría aparecer Autorretrato. GEOMETRIA DA ÁGUA
A luz que se abre no fundo do tanque,
aros.
Três ecos, pelo inverso da
água.
Água para cima, resvaladiça: três ecos,
concêntricos.
Sua ensamblagem.
Para que brote, brotem os lótus do tanque:
paragem, de quietude: lianas.
Na quietude, semelhantes:
lótus.
Eco, em si só: lutam, os ecos deslizando
(cópias) entrecortadas de nacos de
criatura sob as águas Entre lianas: pelo inverso das águas
(azougue): três carpas.
Que lutam entre si buscando sob a
crisálida da água o pequeno orifício respiratório
das espirais. Até os céus: crivo.
As três carpas (esboço) juntam-se nos
ares: trasfego.
E alçam vôo as hastes (imóveis) as
ribeiras.
Essa é a lembrança a semente em crepitação
do eco (alvoroço) alvoroço dos
miosótis fibras em rotação pelas valetas. Que a ave, reconhece. Que reconhecem os
peixes três vezes eco do fundo nos tanques
(semelhanças) o peixe três vezes. Tradução: Claudio Daniel GEOMETRÍA DEL AGUA La luz que se abre en el fondo del estanque, flejes. Tres ecos, por el envés del agua.
Agua hacia arriba, resbaladiza: tres ecos,
concéntricos.
A su ensamblaje.
Para que brote, broten los lotos del estanque: paraje, de
quietud;
lianas. En la quietud, semejantes: loto.
Eco, en sí sola: pugnan, los ecos deslizándose (copias)
entrecortadas de tronchos de
criatura bajo las aguas. Entre lianas; por el envés de las aguas (azogue): tres
carpas.
Que pugnan, entre sí buscando bajo la crisálida del agua el
pequeño orificio respiratorio
de las espirales. Hacia los aires: tamiz.
Las tres carpas (tanteo) se arremolinan en los aires:
trasiego.
Y alzan vuelo las astas (cuajadas) las riberas.
Esa es la remembranza la semilla en crepitación del eco
(alborozo) alborozo de los
miosotis hebras en rotación por las cunetas. Que
el ave, reconoce. Que reconocen los peces tres veces eco del fondo en los
estanques
(semejanzas) el pez tres veces. JERUSALÉM CELESTE
A branca borboleta roçou meus prados, um
domingo:
prados em que estou envolvido, cheios de dentes-de-leão. À direita a lagoa que ainda me convoca e eu me nego; hei de viver: engordar e rir, enrubescer como um burgomestre bochechudo, Hals. O que vi à esquerda: tráfego. A automotriz irrealidade das cidades, eu por mim me mudei e vi plumagens: que felizes que fomos quando descobri o domingo dos dentes-de-leão e cozinhaste ao ar livre um pernil grande que tinha a forma de um fuso, o enfeitaste à base de cravo e milho, belas batatas de Idaho; brincaram de pular corda nossas filhas: eram duas as borboletas celestiais e se fossem três daria no mesmo que se fossem quatro, tranças e cabelos em cachinhos alinhavados de azul e amarelo em toda a brotação de meus prados: pela corda, nossas filhas subiram altissimamente à nossa primeira grande convocação, que foi no céu, amada: te agarrei pela cintura e me incitou a subir contigo na árvore de quatro velhos troncos, não houve maneira: que beleza, fracassamos. Riste da cintura para baixo e me deixei levar por tuas largas passarelas japonesas, teu velho poente espanhol de argamassa e pedra, uma formiga nos picou: sorrimos; a inflamação e aquele timbre de músicas distantes nos amedrontou como se as meninas tivessem caminhado sobre as águas da lagoa à direita e à esquerda logo houvesse resmungado o destruidor da cidade cravejada. Tradução: Luiz Roberto Guedes e Claudio Daniel JERUSALÉN CELESTE
La mariposa blanca rozó mis prados, un
domingo:
prados en que estoy implicado, llenos de amargón. A la derecha la laguna que aún me convoca y yo me niego; he de vivir: engordar y reír, enrojecer como un burgomaestre cachetudo, Hals. Qué vi a la izquierda: tráfico. La automotriz irrealidad de las ciudades, yo por mí me cambié y vi plumones: qué felices que fuimos cuando descubrí el domingo de los amargones y cocinaste al aire libre un pernil grande que tenía la forma de un huso, lo adornaste a base de clavo y maíz, papas hermosas de Idaho; jugaron al salto de la suiza nuestras hijas: eran dos las mariposas celestiales y si fueran tres hubiera dado igual que fueran cuatro, trenzas y cabellos al caracolillo hilvanados de azul y amarillo en toda la brotación de mis prados: a la comba, nuestras hijas subieron altísimamente a nuestra primera gran convocatoria que fue en el cielo, amada: de la cintura te agarré y me provocó subir contigo al árbol de cuatro troncos añosos, no hubo manera: qué lindo, fracasamos. Reíste de la cintura para abajo y me dejé llevar por tus anchas pasarelas japonesas, tu viejo puente español de argamasa y piedra, nos picó una hormiga: sonreímos; la hinchazón y aquel timbre a músicas lejanas nos amedrentó como si hubieran caminado las niñas sobre las aguas de la laguna a la derecha y por la izquierda de pronto hubiera rezongado el destructor de la ciudad tachonada. REMENDOS
E onde está o bosque se minha própria cabeça (malfadada) de
ramificações esta cabeça
(incólume) com sua forma de garupa coalhada de veias até os bosques se encheu de fogos-fátuos (enxofres): queimou todas as palavras. Este munhão incrustado entre ambos hemisférios da cabeça é a palavra
pela metade
(não há outra). Puras analogias: o bosque, por exemplo, um vocabulário. Charcos
(clareiras) alimárias
moribundas. O eco ainda do estertor do mílvio apodrecendo entre as agulhas escarlates do pinhal. Tantas palavras. Desconcerta. Oponho-lhe o manto de neve recém-caído no bosque. Esse livro fechado.
Novas
pegadas: o rastro do escaravelho a convulsa pegada de uma garra. Não há caminhos. Posso regressar a esta cerebralidade (olhar) até o exterior (atônito) chamado morte. Olhar a nevada olhar seu indireto (exterior) complemento gramatical até os quatro mortos de nomes duplos (debaixo) quatro palavras castelhanas com suas quatro bizarrias hebréias, contrapostas: de onde extraio conhecimento desta putrefação como ler vegetal do ilegível pergaminho de palimpsestos, insondável: abaixo (vertical, até abaixo) tocar fundo na cabeça. Recuperei o juízo (eu): sou o bosque: minha maior pobreza. Ter dois
nomes para
cada coisa, desta abundância de palavras de toda esta voluptuosidade (reter) o rebuliço analfabeto de minhas palavras. Poemas: a continuidade. Versos, o sulco no limite do bosque. Sílabas: o escaravelho. E a letra (letra) perdida em si mesma: atônito orifício. Ramificações. Seguir o fio dos segmentos atravessar as circunvoluções
de minha
cabeça alcançar o centro concêntrico de branca estabilidade à luz, por exemplo, da lua. Poderei sentar-me sobre o toco da clareira do bosque, a meu silêncio:
de seu fio de pus a
coroar-me a cabeça aparecerá a tiara de latão cingindo minhas têmporas. A um movimento (abrupto) da cabeça, ferrugens. A um movimento em direção contrária (letras) um rastro de (mínimas) formigas. Em cima, a grande altura, o mesmo espaço (reproduzido): eu, uma
estátua de sal (eu)
invertido no diadema que forja esta clareira do bosque: e de minhas vestes até a boca só posso dizer alva alvacá alvaçã alvação alvorada. Tradução: Claudio Daniel e Luiz Roberto Guedes REMIENDOS
Y dónde está el bosque que mi cabeza (malhadada) de
ramificaciones esta cabeza
(incólume) con su forma de grupa cuajada
de venas
hacia los bosques se llenó de fuegos fatuos (azufres): quemó todas las palabras. Este muñón incrustado entre ambos hemisferios de la cabeza es la
palabra a medias (no
hay otra).
Puras analogías: el bosque, por ejemplo, un vocabulario. Charcos
(claros) alimañas
moribundas. El eco aún del estertor
del milano
pudriéndose entre las agujas escarlatas del pinar. Tanta palabra. Desconcierta. Opongo el manto de nieve recién caído en el bosque. Ese libro
cerrado. Nuevas huellas:
el rastro del escarabajo la
convulsa huella de una garra.
No hay senderos. Puedo regresar a esta cerebralidad (mirar) a lo exterior (atónito) denominado muerte. Mirar la nevada mirar su indirecto (exterior) complemento gramatical a los cuatro muertos de nombre doble (debajo) cuatro palabras castellanas con sus cuatro jerigonzas hebreas, contrapuestas: de dónde extraigo conocimiento de esta putrefacción cómo leer vegetal del ilegible pergamino de palimpsestos, insondable: abajo (vertical, hacia abajo) tocar fondo en la cabeza. He recuperado el juicio (yo) soy el bosque: mi mayor pobreza.
Tener dos nombres para
cada cosa, de esta abundancia de
palabras de toda esta
voluptuosidad (retener) el regajero analfabeto de mis palabras. Poemas: la continuidad. Versos: el surco a la linde del bosque. Sílabas: el escarabajo. Y la letra (letra) perdida en sí misma: atónito agujero. Ramificaciones. Seguir el hilo de los segmentos atravesar las
circunvoluciones de mi
cabeza alcanzar el centro concéntrico de
la blanca
estabilidad a la luz, por ejemplo, de la luna. Podré sentarme sobre el tocón del claro del bosque, a mi
silencio: de su hilo de pus a
coronarme la cabeza aparecerá la tiara
de latón ciñendo
mis sienes. A un movimiento (exabrupto) de la cabeza, herrumbres. A un movimiento en dirección contraria (letras) un rastro de (cortas) hormigas. Encima, a gran altura el mismo espacio (reproducido): yo, una
estatua de sal (yo)
invertido en la diadema que forja este
claro del bosque:
y de mis vestiduras hasta la boca sólo puedo decir alba albaca albacara albacea albazo. DOM
Um homem é uma ilha, caminha a passo firme por suas próprias
ilhotas,
guano. Remete-se ao vento e descende a sua Anunciação. No Verbo tergiversa à primeira pessoa. Já se vê, é ele, o exemplifico eu, já se assusta: temor, tremor. Um homem não é uma ilha qualquer, Cuba: é uma ilha rodeada de água por todos os lados, menos por um: já eram velhas as pilhérias do Velho antes de ser velho, se foi ao sabor do vento. Falou uma vez em voz alta, a água lhe chegava até os ombros, surpreso me mostrou o horizonte, e disse Eumênides, destino do Atrida, voz contundente: aí estaremos. Ontem à noite sonhei com um povoado de ruas sem asfaltar em algum lugar lamacento da Polônia, guiava um calhambeque até a embocadura, me vi de perfil (sou meu pai) (e agora sou pai de mim mesmo) não me esperava Egisto, o rei da ilha de Pilos não atendeu a minhas perguntas, fora o polaco, é outro mar, outro mal-estar, houve assim mesmo alegrias numerosas, terraços, vime, rangidos, sonolência vivificante, um grande silêncio repentino atrás das persianas: Onan, Onan, sou rapaz. Age a ilha em mim, é perpétua. Cetro é a ilha, ao terceiro golpe se abre a porta (Eliot o mocho Apollinaire, entraram): eu tenho vinte anos, já sonho o nunca havido, o Cartuxo em sua cela. Guia-me, Pai, por entre fileiras de icaqueiros, logo, logo darão as oito, se fecha o número. Há uma fenda no Egito, pelo flanco da pirâmide corre um rio, quatro afluentes, para a Ilha: uma habitação. Guia-me, Cronos, adentro (pêndulo e ponto) a tua abstração. Tocam, quem vive, a cada mudança interporei os livros, e a cada desastre (pois é a condição) me sentarei de novo a reler os livros sobre meu regaço: eu sou a mãe atenta e parideira da alfabética distância: com a letra, a Ilha; com a figura da letra, a figura da Ilha: um homem a compõe e recompõe, e morre. E a morte o depõe; morre o cocuruto, e morre dos olhos à palavra a seus genitais. Tribulação. Tribulação do morto. Percorrido pela formiga na órbita esvaziada; a vespa na configuração da boca; e que animal o esgota lambendo e reconfigurando (lá) suas partes baixas: em verdade sou de carne, coxa do velho, postiço de seu quadril. Esfacelou-se meu pai, com dois ocos bastões de latão, caminhoteia minha mãe. Ventríloquo de ambos, eu: em boca fechada etc.; minhas palavras caiam num saco roto. E pelo descosido do velho brim da jaqueta fumarei em seu nome (o nome da Ilha) para uma última ocasião um bom charuto. Tradução: Luiz Roberto Guedes e Claudio Daniel DON Un hombre es una isla, camina a paso tendido por sus propios
islotes, guano. Refiérelo al aire y desciende a su Anunciación. En el Verbo tergiversa la primera persona. Ya se le ve, es él, lo ejemplifica yo, ya se asusta: canguelo, calambrica. No es un hombre una isla cualquiera, Cuba: es una isla rodeada de agua por todas partes menos por una: viejos eran ya los chistes del Viejo antes de ser viejo, se fue a bolina. Habló una vez en voz alta, le daba el agua hasta los hombros, alzado el ceño me mostró el horizonte, y dijo Euménides, destino del Atrida, voz contundente: ahí estaremos. Anoche soñé con un pueblo de calles sin asfaltar en algún sitio embarrado de Polonia, giraba un carricoche hasta una bocacalle, de perfil me vi (soy mi padre) (y ahora soy padre de mí mismo) no me esperaba Egisto, el rey de la isla de Pilos no atendió a mis preguntas, saca al polaco, es otro mar, otro malestar, hubo asimismo alegrías numerosas, terrazas, enea, crujidos, somnolencia vivificadora, un gran silencio repentino tras las persianas: Onán, Onán, soy muchacho. Obra la isla en mí, es perpetua. Cetro es la isla, al tercer golpe se abre la puerta (Eliot o búho Apollinaire, entraron): yo tengo veinte años, ya sueño lo nunca habido, lo Cartujo en su celda. Guíame, Padre, por entre hileras de hicaco, ya pronto darán las ocho, se cierra el número. Un boquete hay en Egipto, por la cara de la pirámide corre un río, cuatro afluentes, a la isla: una habitación. Guíame, Cronos, adentro (péndulo y punto) a tu abstracción. Tocan, quién vive, a cada mudanza interpondré los libros, y a cada desastre (pues es la condición) me sentaré de nuevo a releer los libros sobre mi regazo: yo soy la madre atenta y paridora de la alfabética distancia: con la letra, la Isla; con la figura de la letra, la figura de la Isla: un hombre la compone y recompone, y muere. Y la muerte lo baja; muere la coronilla, y muere de los ojos a la palabra a sus genitales. Tribulación. Tribulación del muerto. Recorrido de la hormiga en la cuenca vaciada; la avispa en la configuración de la boca; y qué animal lo agota lamiendo y reconfigurando (allá) sus partes bajas: en verdad soy de carne, muslo del viejo, postizo de su cadera. Se desportilló mi padre, a dos bastones huecos de latón, caminotea mi madre. Ventrílocuo de ambos, yo: en boca cerrada, etc.; mis palabras caigam en saco roto. Y por el descosido del dril viejo del saco me fumaré en su nombre (el nombre de la Isla) para una última ocasión un veguero. |