Notas

 

 

1 O poeta e crítico literário Fernando Py, por sua vez, especula que um dos motivos do engano veio de Lúcia Miguel Pereira, para quem a Queda... já mostrava, em esboço, a "Teoria do Medalhão", um dos contos mais característicos da última fase de Machado, daí tratar-se mesmo de um escrito original, e não, de uma tradução.

 

2 Massa teria tido acesso, segundo ele, à 4ª edição da obra de Henaux, pertencente à Biblioteca Nacional de Paris.

 

3 Jean-Michel Massa, Machado de Assis traducteur. Coimbra: s/ editora, 1966. O exemplar arquivado no Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro —  uma "Separata do vol. IV das Atas do V Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros" — registra "composto e impresso na Gráfica Coimbra".

 

4 Josué Montello, Machado de Assis. Lisboa: Editora Verbo, 1972.

 

5 Eunice Ribeiro Gondim, Vida e obra de Paula Brito. Rio de Janeiro: Editora Brasiliana, 1965.

 

6 Uma conjunção de fatores explica o aparecimento e desenvolvimento do romance no Brasil, que antes do Romantismo não fazia parte da cultura nacional: importação ou simples tradução de romances europeus; a urbanização do Rio de Janeiro, transformado, então, em Corte, criando uma sociedade consumidora representada pela aristocracia rural, profissionais liberais, jovens estudantes, todos em busca de entretenimento; o espírito nacionalista em conseqüência da independência política a exigir 'cor e tonalidade locais' para os enredos; o jornalismo vivendo o seu primeiro grande impulso e a divulgação em massa de folhetins. Para atender essa necessidade, os romances passaram a descrever os costumes tanto da vida urbana, quanto rural, e puderam responder às exigências daquele público, apresentando personagens idealizados pela imaginação e ideologia românticas com os quais o leitor se identificava, vivendo uma realidade que lhe convinha. A fórmula para tanto sucesso talvez esteja na própria estrutura dos romances, a maioria das histórias girando em torno do amor, o amor considerado "o maior sentido para a existência humana". Os personagens viviam em um mundo maniqueísta, ou seja, o bem só existe se estiver em confronto com o mal. Os protagonistas dos romances de então geralmente amam e sofrem muito para poder superar todas as dificuldades que lhe são impostas para concretizar esse amor, daí  o herói sempre dotado de qualidades fantásticas. Nessa época havia uma super valorização da família que é percebida na clara defesa do casamento, e até mesmo os heróis mais rebeldes tinham o objetivo de se casar e constituir família. E o romance termina sempre quando os personagens centrais se casam... Os primeiros romances foram publicados em folhetins, em seções de jornais jornais, que traziam capítulos de histórias de ficção — deixando, ao final de cada capítulo, o leitor ansioso para saber a continuação da história. Em meados do século XIX, implementado o Romantismo no País, as mulheres da burguesia costumavam socializar as obras literárias por meio da leitura coletiva de jornais. Enquanto bordavam, em grandes salões, emocionavam-se com o simples e mágico ato de ler em voz alta e por meio dessas leituras, autores românticos penetraram na sociedade por meio desse público ouvinte para quem, gradativamente, se habituavam a escrever; esses momentos exalavam prazer, soluços, risos e gozo, sentimentos provocados pelos romances românticos e seus personagens marcantes. [Mauro Rosso, "Notícias de um gigante do Brasil", in: Cinco minutos e A Viuvinha, de José de Alencar: edição comentada. Rio de Janeiro, 2003]

 

7 Ubiratan Machado, Machado de Assis, uma revisão. Rio de Janeiro: Editora In-Folio, 1998.

 

8  Machado de Assis, Teatro. (org. Mário de Alencar). Rio de Janeiro: B. L. Garnier Editor, 1909.

 

9 Roberto Schwarz, "Mesa Redonda", in: Bosi, Alfredo et alli, Machado de Assis. São Paulo: Editora Ática, 1982.

 

10 Sigmund Freud. Escritores criativos e devaneios. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1980.

 

11 Afrânio Coutinho. "Machado de Assis na Literatura Brasileira", in: Cadernos da Academia. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 1997.

 

12 John Gledson, Machado de Assis: impostura e realismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

 

13 Lúcia Miguel Pereira, Machado de Assis: estudo critico e biográfico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1936.

 

14 Jean-Michel Massa, op. cit.

 

15 Eliane Cunha Ferreira. Para traduzir o século XIX: Machado de Assis. São Paulo: Editora Annablume, 2004.

 

16 Machado de Assis: Teatro. Rio de Janeiro: W. M. Jackson Inc. Editores, 1938.

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