Noturno
A noite é sempre bonita.
A noite é motivo único
A noite é sempre bonita
E quando na noite você me encontrou
De mãos dadas com a Lua
A pureza das noites
Se eu chegar em silêncio
[Poemas do livro De mãos dadas com a lua, Goiânia, 1984]
Alba
Chegou na noite feito voz Sob a lua e feito a lua Povoou meu sonho e se fez querida
Rio Quente e eu
Na minha terra existe um rio. Corre alegre, borbulhante, Persistente, meu pequeno Rio Quente! Mas não é ele, ainda, Rio mesmo Rios são assim, feito a vida. Tímidos Saudade de ser córrego:
Eu te amo
...no jeito ingênuo Eu te amo de sonho Amo tua voz e teus olhos, Eu te amo distante Eu te amo contando dias, Eu te amo demais.
[Poemas do livro Sarau, Goiânia, 2003]
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A rosa
A rosa, essa rosa que alguém colocou
A rosa, essa rosa que enfeita
[Do livro Canto de amar, Goiânia, 1986]
Magia
Posso virar meu chapéu e fazer voar um pardal. Brandindo meu lenço, faço brotar bandeirinhas coloridas.
Posso te olhar profundamente e te fazer dormir. Posso te olhar mais de perto e lançar meus acenos, dizer palavras exóticas, predizer maravilhas.
Aí, eu te transformo numa rã: beijo-te a boca e te faço rainha de mim para vida inteira.
[Do livro Menina dos olhos, Goiânia, 1987]
Quando amo
É meu este defeito
Penso nela (quando amo) o dia inteiro,
Quando amo dou-me tanto que espanto a minha Amada.
[Do livro Isso de nós, Goiânia, 1990]
Carícias de amansar morangos
Ardentes meus olhos (de achado),
Ardente meu peito
Ardentes mãos de domar angústias.
[Do livro Razões da semente, Goiânia, 1996]
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Figuras frutas
A polpa que apalpo (dura), por fora,
Navego teu corpo, tal menino de antes
(Houve o elevador,
Pomares de adolescência, a corrida
Alcança. E toca. E tomba.
Férias de fim de ano, quase Natal;
As uvas figurativas de seus mamilos tenros.
[Do livro As uvas, teus mamilos tenros, Goiânia, 2005]
Seja lembrança
Deixa ficar só assim
Deixemos que fiquem assim
Seja assim tua lembrança
Só? Só. Mas tu estavas,
(imagens ©glowimages)
Luiz de Aquino (Alves Neto): nasci em Caldas Novas, Goiás. Era sábado e setembro, 1945, às oito da manhã. Criança, eu fugia do futebol de bola de meia no meio da rua, preferia ler gibis. Poeta e contista pelo prazer do texto, jornalista pelas mesmas razões e porque há que se sobreviver. Autor de alguns livros publicados e outros inéditos. Vivo em Goiânia, sempre à espera de que tudo vai melhorar. Estudei por alguns anos, trabalhei outros mais, casei-me mais de uma vez. Tenho quatro filhos e um neto. Gosto de bossa-nova, poesia nova com lírica antiga; gosto mais de cadência que de métrica, de viajar de automóvel e de conversar muito. Escrevo crônicas para o "Diário da Manhã" e as repito em algumas páginas da Internet, como no meu blogue, Pena&Poesia. Obras publicadas: O cerco e outros casos (contos, 1978); Sinais da madrugada (poesia, 1983); De mãos dadas com a lua (poesia, 1984); Canto de amar (poesia. 1986); Menina dos olhos (poesia, 1987); Isso de nós (poesia, 1990); BEG — Nossa gente, nossa história (crônicas, 1994); Razões da semente (poesia, 1996); Deu no jornal (entrevistas, 2000); Meus poemas do Século XX (reedição dos seis livros de poesia num só volume, 2001); A noite dormiu mais cedo (contos, 2002. Prêmio Cora Coralina, da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovico); Sarau (poesia, 2003, festejando os 25 anos de O cerco, que foi publicado na mesma ocasião, em segunda edição); As uvas, teus mamilos tenros (poesia erótica, 2005).
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