Poema quadrante A V E
Vida Musical
Para Adriana Bernardes Cajaty, in memorian
Que nem todo instrumento está afinado, Que o certo muitas vezes fica errado, Que o parto com freqüência não dá dor...
Que o sopro do maestro é só o espelho, Que Santo Agostinho é um filho vermelho Da branca placidez de Santa Mônica.
Caso haja como entrar sem ter mecenas (Quanto houver na esperança que o Sol traz)...
Que vale quanto pesa em ouro, apenas, Quando o valor é o que não pesa — em paz...
Silogismo Número 1Todos os rostos são tão parecidos... Toda expressão de amor se reproduz... Todo abraço aberto forma uma cruz que pesa ou que alivia os indivíduos...
Todas as peles calam-se entre rugas... Todos os foguetes são tartarugas... Tudo o que é sagrado é um pouco profano...
Todo sábio tem seu esconderijo... Todo tema impossível planta aresta...
têm a impossibilidade que exijo ou só a possibilidade funesta... |
Retórica Para uma Platéia de Fantasmas
Eu ouço mil vezes mais do que falo. Mas ouço a mesma frase há cem mil anos... Nem é preciso avisar aos meus tímpanos que o beijo deságua em vão pelo ralo...
fundindo-se em ouro branco de Adônis... Hoje, não suportamos telefones, pois não nos vermos é um problema a menos...
Não posso adormecer na vida falsa que os dias deixados têm esquecido...
morreu quando nem começara a valsa que nunca será — por nunca ter sido...
Meu Filho Talvez você se torne homem do espaço...
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Haikai 2após o tango um esfaqueado é exercício
um quadrado é vício.
A culpa da armaA culpa da arma não é do inventor.
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(imagens ©imagezoo / imagescom) |
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Marcelo Moraes Caetano é carioca, professor de português, literatura, redação, inglês, francês e alemão. Além desses idiomas, fala italiano, latim, grego, espanhol, galego e mandarim. É pianista clássico, tendo sido aluno de Maria da Penha, Linda Bustani e Myrian Dauelsberg. No piano, foi vencedor de concursos no Brasil e no exterior, destacando-se o primeiro lugar no concurso Sul-Americano Guiomar Novaes (São Paulo); primeiro lugar no Concurso Nacional Clóvis Salgado, Fundação Mineira de Artes Aleijadinho (UFMG); segundo lugar no Concurso Internacional ArtLivre (São Paulo), além de ter sido um dos vencedores do Concurso Internacional Ciudad de Cordoba, então aos 15 anos de idade. Gravou um CD em que toca obras de Liszt e Schumann. Escritor, publicou Wittgenstein und Gebrauch (Rio de Janeiro: UERJ-CIFEFIL, 2000); A clara de ovo (Rio de Janeiro: 7Letras, 2003); A humanidade na arca de Noé: tempos paralelos que se encontram na paz (São Paulo: Ed. Vivali, 2005); Romances de entressafra: um estudo de anatomia do amor platônico (São Paulo: Ed. Vivali, 2005); Tópicos de gramática normativa da língua portuguesa (Lágrimas de Portugal, 2007); Português para concursos — matéria completa (Lágrimas de Portugal, 2007); Cemitério de centauros (Poesia. Lágrimas de Portugal, 2007, com prefácio e apresentação de Marcos Almir Madeira, Arnaldo Niskier e Antonio Carlos Secchin, membros da Academia Brasileira de Letras). Esta obra (Cemitério de Centauros) acaba de ser uma das duas premiadas como melhores livros de poesia pela Fundação Gutenberg-Firjan, sendo a premiação feita em setembro, na Bienal Internacional de Literatura do Rio de Janeiro, no Riocentro (2007). Além dessas obras publicadas, é também co-autor de dois livros realizados por concurso nacional pelo jornal de educação Folha Dirigida, pela Academia Brasileira de Letras e pela UNESCO-ONU: Solidariedade (Folha Dirigida-ONU-ABL, 2005) e Educação (Folha Dirigida-ONU-ABL, 2006). Os concursos tiveram, ao todo, mais de 70 mil participantes. Os dois livros tiveram publicação especial trilíngüe (inglês, francês e alemão), além de lançamentos no Rio, na ABL, e em Paris, na sede mundial da UNESCO, na Organização das Nações Unidas, com solenidades de premiação aos autores nas duas cidades, e foram distribuídos em bibliotecas de escolas e universidades em 190 países. Mais no ArgusCultura, Autores Virtuais, Jornal de Poesia, Sane Society, Recanto das Letras, Sonetos.
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