Se a fêmea do boi
Fosse boa
Seria a vida?
da indelicadeza do vento
do ser
abandono dantesco

Como posso quedar-me
Quieto no leito
Se me inquieta
A lembrança de teu canto
Se me atormenta
A memória de teu riso
Que faz comédia
Da queda do meu paraíso?
poema do brejo
O que sou
Não tem nome
O que sou
Eu não sei
Sei
Que sôo
Um vento bateu de mau jeito
Sujou um sujeito que passava
Oculto na calçada
À procura de um objeto
Que lhe desse
Algum complemento
Ainda que indireto
"Falta de educação!"
— Rosnou o camarada
Mas o vento seguiu direto
reflexão n.° 1
Palmeiras
Minha
Terra tem

No Nordeste
Pelo menos
E na Paissandu
Onde moro

Vi também
No sítio
Do Antônio
Em Jacarepaguá

Palmeiras
E exílio
Todo brasileiro conhece

RICARDO Ingenito ALFAYA (Rio de Janeiro/RJ, 1953). Divorciado, sem filhos. Formado em Direito e em Comunicação Social, Jornalismo. Trabalha atualmente como revisor e consultor literário. Escreve em verso e em prosa. Publicou os livros de poesia Através da Vidraça (São Paulo: Poeco, 1982), Sujeito a Objetos, em Rios, coletânea de poemas (Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2003) e Frutos da Paixão, em Vertentes, coletânea de poemas (Rio de Janeiro: Five Star, 2009). Integra ainda 43 antologias. Obteve 41 prêmios literários. Encontra-se em mais de 70 periódicos do Brasil e do exterior. De 1995 a 2006, foi editor do Nozarte Informativo Impresso e Eletrônico. Tem página no Facebook.

 

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