Eu já li muito na minha vida.

 

Mas confesso: nunca conheci alguém que escrevesse com mais intensidade e ao mesmo tempo com tanta delicadeza do que minha mãe: Regina Benitez.

 

Isso porque na vida ela também foi assim. Foram setenta e um anos de emoções de cores fortes mescladas com uma sensibilidade capaz de enxergar até a beleza do tenebroso.

 

Regina me trouxe ao mundo por várias vezes. A primeira quando nasci. Depois quando me levou pela mão mostrando as grandes avenidas por onde andamos durante esta vida. Também quando me apresentou às artes e me mostrou como era possível usar a alquimia da escrita para tranformar a própria vida em arte.

 

Aprendi também com ela como é muito mais interessante ser original. Quando eu me assustava com suas idéias jamais antes vistas ou lidas da forma em que ela me mostrou. Quando desde bebê, mesmo cansada do trabalho, inventava as histórias para eu dormir. Mas era muito difícil dormir depois entrar naquele mundo profundamente interessante das histórias noturnas.

 

Ela não está mais aqui. Pelo menos da maneira como concebemos este "estar aqui". Mas a literatura e as belas lições ficaram. Inclusive quando lembro do conforto trazido pelo cheiro de café e a ternura do barulho de uma máquina de escrever.

 

 

 

 

 

junho, 2006
 
 
 
 
 
Greta Benitez (Curitiba-PR). Publicitária e pós-graduada em Marketing. Lançou, em 1999, o livro de poesia Rosas Embutidas e edita o site Poesia Insana. Já obteve diversas premiações em vários estados do Brasil e foi publicada em várias antologias.
 
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