Liberdade: tirania dos países ricos que é levada aos países pobres, com o grande favor de se ver acompanhada de sua boa amiga, a guerra; Sartre escreveu que ninguém pode ser livre até que todos estejam igualmente livres; dama de rara beleza, que empunha a bandeira da França e traz os seios nus, liderando um bando armado de civis já meio fora de si; libertas quae sera tamen, "liberdade, ainda que tarde"; quando alguém demonstra ter alguma liberdade, as demais pessoas chamam a isso libertinagem, que passa por ser algo negativo.

 

Lúcifer: filho predileto de deus, tio predileto de Jesus Nazareno (era o único que vinha conversar com ele, e não o abandonou nem mesmo em sua hora extrema). Seus gostos rebuscados, seus apetites sexuais e sua ironia aguda renderam-lhe péssima fama, tendo sido expulso do Paraíso para morar com Satanás, grande pândego. Tem encontrado pouca diversão no nosso mundo conservador, onde as pessoas apenas trabalham como ratos num laboratório, e se matam como ratos num laboratório.

 

Ladrões: a velha história de Alexandre e o pirata: "Quer dizer que és um ladrão?", pergunta o grande imperador, "Então se pilho alguns navios no mar me chamo ladrão, e quem saqueia territórios inteiros se chama imperador?", responde o vil pirata.

 

Livros: hábito inexplicável da humanidade, mas que, ainda assim, chegou a durar alguns séculos.

 

Lira: instrumento musical que se toca ao ler poemas líricos.

 

Lírica: se diz dos poemas pequenos, musicais ou não, que falam boçalidades de coração aberto.

 

 

 

 

junho, 2005