Trata-se de amor, please

(Ou: quando liguei para ele aquela vez)

 

 

A Caio Fernando Abreu

 

 

Como se pudesse, com a AIDS, o escárnio, o domingo chuvoso, com a distância, o desconhecer profundo, total e impiedoso, o desconhecer que reveste de agulhas a maior parte do mundo, com o cansaço de um tempo curto, o bendito tempo curto que lhe restava, excluídor de novos contatos — por que o que são novos contatos, meu bem, que são eles se o placar permanece 1 x 0 para AIDS, sempre ela, no já quase dobrar do século? —, pudesse matar qualquer coisa dentro de mim.

         Porque as pessoas agora o perturbam, e oh, meu Deus, como são chatas as pessoas!, atrás de curas e receitas milagrosas, tanto que já não sabe distingui-las quando toca o telefone toda-hora-toda-hora incomodando as tardes chuvosas de domingo. Tão estafantes!, as pessoas, a doença, que lhe é mais cômodo enfiar todos os gatos no mesmo balaio, afogar na primeira poça de chuva, lama ou lixo.

         Sem paciência, é mais cômodo perguntar, como num ataque a gilete, um soco de palavras ásperas na cara, o que você quer, menina, de mim? Por favor, seja objetiva. Como se depois do mofo houvesse algum motivo pra ser.

         E bater o telefone.

         Antes da resposta, bater o telefone.

         O que você quer de mim, menina, é enfeite, não uma pergunta a que se deve buscar uma possível resposta.

         Que conheça, descubra e sofra menos. De preferência, não sofra nunca, pois além das cortinas, há palcos azuis. E mesmo que você se perca atrás das cortinas, todas elas têm palcos atrás... porque chegar a esta linha, tocar a linha e ainda não ter humildade alguma, é triste de doer...

         Não explicar nada. Talvez essa seja a saída pro amor guardado que emudeceu a língua, amarrou o corpo, não vingou.

         Nada que não fosse simples: uma cesta de flores e ameixas maduras pra se comer a dois.

         Sem preocupações ou procuras, ouvir de ti a provável razão entre tantas que em todos esses anos formulei, a razão ilógica porque linda, que motivou alguém a soltar os cachorros loucos naquele dia, quando ainda estava  fazendo chá de ervas do campo na cozinha, ou ainda se estava lá fora, as pernas com pêlos por crescer, sentado no terceiro degrau, ouvindo os súbitos silêncios das estrelas cadentes.

         Mas a condição humana, nada inocente, é feita de secura, de pouco tempo a se perder. A condição humana é apenas física; num terreno em que somente a AIDS dá com perfeição as cartas, faça o favor de desligar o telefone, se não tem nada de objetivo a me dizer.

         Mirei-me dentro do outro terreno: um esqueleto de ponta-cabeça no ar. Tipo aquela edição da Brasiliense: o amontoado indivisível dos prédios de cor roxa entre os morangos tão vermelhos e fresquinhos, alguns ainda com folhas, emergindo das latas de lixo.

         É só o ódio que faz isso com a gente?

         Não podia dançar em cima dos telhados com o rosto coberto: aquele dia eu liguei pra ele e ele não me quis saber. Qualquer um sabe que em meu rosto nada escondo, e os prédios das minhas cidades, sabemos, não usam telhas, mas lajes, maravilhosas invenções de cimento, certinhas e estéreis, algumas com piscinas, antenas parabólicas e o vão comprido do elevador.

         Escuro lado da paixão des-vivida. Des-conhecida. Talvez até infantil.

         Mas e daí?

         Já disse: não explicar nada. Permanecer no escuro, deixar a tarde cair.

         O escuro que por certo não estava em Clarice quando, de dentro da pilha de livros, saíste vitorioso — o Dom Quixote gaúcho — pra sentar a convite, a noite toda, ao lado dela. O escuro da pele com câncer, boiando, boiando. Tudo que disse e o que não disse, a música, a sala, o telefone, a cara de domingo tão má, pobrezinha, mas tão má.

         Faltou palavras burras e cotidianas. Você estava ouvindo Bach, eu, Chico. Alguém nascia em Porto Alegre, alguém morria em Salvador. Porém, nada a fazer com detalhes e referências quando o fio mágico é transformado em material barato, o plástico fenômeno da comunicação.

         Porque o que se podia dar está nos livros, e uma vida se define por literatura, meu bem. Uma vida não possui espaços para partilhas, toques, qualquer coisa a mais, capaz de enlarguecer.

         Estreitamente, e com pouco tempo, é, por resumo, literatura, o que havia em si pra oferecer.

         Agradecimentos. Despedidas. Desentonação. Sua voz pra sempre grave, a minha, rouca e adormecida. O tempo. A dicção do tempo perdido.

Porém, me perdoe agora e sempre, porque não tenho nada com isso e vou continuar sem ter. O mistério — vagas notícias de Plutão em nossas vidas - entenderá, acolherá, fará o que for possível por nós. Faço apenas o que me cabe no domingo que por aqui é sol, rachando os intermináveis telhados vazios de pombos brancos ou cinzentos, telhados que no interior aos montes deixei.

         Não tenho nada a ver com sombras, essa conversa imprestável de demônios e paraísos. Ou, se gostas de mim, me deixe em paz, como se assim pudesse, logo você, meu querido, de repente, me matar de uma vez.

Mas não, sorry, sorry, não pode. Pai nosso que está no céu, santificado seja seu doce e sagrado nome. Não venha nunca ao meu reino para não cairmos na tentação de brincarmos de deuses again, dentro daquela tarde que se estendeu em minha mente como uma verdadeira oração.

         A tarde, espero, penso, creio, eliminará o mofo, que agora é veneno pairando sobre as dulces veigas que andam por aí, os ovos apunhalados, as frangas, os triângulos, as pedras de calcutás, os limites brancos, as ovelhas negras, os morangos, os dragões.

         Traço esse triângulo o mais largo possível para que, depois da AIDS, as borboletas mais azuis e mais vermelhas encontrem liberdade no centro da cabeça, entre os fios de cabelos que, agora escassos, merecerão renovação. Que elas voltem pras minhas tardes de procuras sem encontros, não saberia ficar sem elas, não quero nem devo desistir de ficar dias e dias imóvel, a imaginar quando saem, quando voltam, de que cor será a que primeiro virá pousar na palma da minha mão. Quem sabe amarela, com aquela alegria maldita que os passantes jamais poderiam entender. Sim, amarelas, porque brilha, porque foi a última das cores a perpassar Jorge Luís Borges.

         Não tenho curas nem receitas e, objetivamente, não quero nada de ti.

         Porque é como se pudesse te fazer nascer sempre, sem mácula nem rispidez, sem a estúpida falta de tempo, esses poços turvos, essa dor... Mas te fazer emergir como  nuvens, nuvens que não golpeiam de forma alguma a visão.

         Aquela tarde foi um erro, foi um acerto. Aquela tarde foi rompimento e foi o selo da união. Assim, pois, estou dentro dela e te cumprimento: fique tranqüilo, aprendi com Cecília a voltar sempre inteira, você se lembra? Escorpianamente inteira. Porque infeliz ou felizmente sou humilde, posso dizer que não tem, jamais terá qualquer importância, querido: eu espero a AIDS  passar.

 

 

 

 

 

Trata-se de amor mais uma vez

(Ou: quando ele morreu)

 

Idem

 

         Nem mesmo sei se queres ser lembrado. Estou emperrando o português desde ontem, estou empurrando saliva chorada contra o estômago, vazio desde as malditas horas em que te soube morto.

         E te pego da estante e te leio novamente, hora passada, Triângulo, depois Pedras de Calcutá, um trecho de Dulce Veiga, agora Limite Branco, mais tarde Ovelhas. Como ovelhas de algodão roxo e sinto gosma entre elas e eu.

         Neva desde a meia-noite em que cheguei em casa. Quero dizer: o calor noturno com que amanheci é bloco de neve me pendurando por cima do teu mundo inacessível. Conheço todo o teu mundo, mas nunca o tive nas mãos. Ele baila entre os vácuos dos dedos, eles doem e não sei porque temos tanto espaço assim entre os dedos, não sei.

         Queria outra garganta agora, e a alegria de uma manhã de olhos abertos para nós. No Brasil inteiro as coisas prosseguem. Você não acreditaria como num segundo erros e maldades se avolumam formando um tijolo de estrutura vesga. Maldade é falta de toque, eu sei, já o disseste, mas o silêncio deste país me consome.

         As pedras lilases e brancas, não-transparentes, mas brilhosas, que trouxe de Ouro Preto. Às vezes, eu as toco e faço deslizar o tecido do lençol. Solitário este lençol, há muito tempo, entende? Porque embora saudável, não quero, não consigo.

         Então rio. Porque minha falta de sorte liquidou as palavras entre nós. Por puro respeito, não voltei a buscá-las outra vez junto a ti.

         Respeito ou delicadeza? Por delicadeza, deve-se perder uma vida?

         Não me conheces, não sabes da dor com que lido hoje, impossibilitada de correr pelos telhados, observar quieta e obedecer. O quê? Meu movimento dentro e não sobre a Terra, a tal compreensão, o tal silêncio.

         Não os tenho. Confundo: já está anoitecendo no Japão?

         Desço para procurar jornais. Poucas linhas sobre ti.

         Qualquer coisa nisto tudo me fere e eu escondo o rosto achando que não. Não posso confundir vida e morte assim. Perdas também não. Porque só tenho 24 anos, meu Deus!, porque nem éramos amigos, porque me sinto tão apegada e pode não ser a melhor maneira de te sentir. Morto. Você morreu lá no Sul.

         Isso parece uma pomba branca perdida, essa frase maldita, triste: você morreu lá no Sul.

         É inacreditável o que sinto. Não deve servir pra nada, percebo.

 

 

         Lá longe, ele deve usar branco, penso com meus botões que são pedras de quartzo já polido, penduradas no pescoço por cordões negros.

         É dia, faz sol.

         As cortinas têm um certo vento-pouco a avivar suas dobras. No canto da sala, hoje sem música alguma, só silêncio e barulho de dentro — sua voz se sobrepondo à TV de algum vizinho, aos carros na rua, às vozes de crianças, ao estômago oco. Sua voz vem bem no meio do coração que prossegue lento como sempre prosseguiu. Finco meu pensamento entre o sopro dos teus signos e a lembrança grave de tua voz ao telefone; bobo, bobo é o pensamento, mas ainda me faz sorrir de leve: lá longe, o corpo dele perfura a terra, vestido de branco.

         Perscrutando o mais fundo que podia, debaixo das estrelas, do som dos carros no Vale do Canela — pessoas passando, voltando pra casa — quis te reter o minimozinho só, agora: me deixa curtir minha tarde de domingo chuvoso. É, mas por desgraça, aqui faz muito sol.

 

 

         Telhados. Pombos. Não mais.

         Você me ensinou que sempre é tempo de morangos gelados e ameixas sangrando. Tudo muito caro, porque aqui não é Sul.

         Sentindo agulhadas, lê-se mais. Escreve o nome na palma da mão. É romântico, mas não alivia.

         Sei qualquer coisa sobre a passagem. Lá, ali. Um choro, a dor, o grito.

O susto que acompanhará todos os passos futuros.

         Telefonaram-me com consolos. Tarefa de poucos amigos. Os mais delicados.

         É tarde. Tudo quieto em nós.

         Minha tristeza é não conseguir sorrir ao pensar que neste instante, enquanto você morre de novo, amanhece lindo no Japão.

 

 

 

 

 

 

Espelhos

 

A Arla Coqueiro e Gil Maciel,

meus primeiros editores

 

 

Não sei que tipo de sol havia quando vim ao mundo; não sei se na hora do parto usaram espelhos; sei que não há medo ou dor que não me leve a horas a fio na frente de retrovisores, pequenos espelhos de bolso, enorme vidraças, lugares em que me concentro, dispo a máscara, o feitiço, toda a encenação e, perdidamente, me olho, me odeio, me admiro, sem narcisismo, ou eu sou narciso?

 

Que espécie de medo enveredou em minhas sílabas tônicas? Quero fugir pro mundo sem destino das pessoas nada aflitas, nada sorridentes, nunca melancólicas, e contudo diferentes e alucinadas, a alucinação perdida do amor cruel que desumaniza toda a criação e cada tentativa de ser feliz.

 

Ser gente em abraços.

Ser gente e braços.

Ser gente e aço.

Eu te quero gente, letra, perfume, mormaço.

Odeio o seu cachorro maldito, esse ser mesquinho que você amarra do teu lado direito e atrapalha toda a nossa história. Você é um ser canino. Vive com fantasmas caninos. Sua idéia fixa de cão não me anestesia, mas me faz, estática, te esperar.

 

Não sei que horas são. Não se pode confiar aos relógios a missão de saber dignificar e desprezar instantes febris, instantes de morte e adulteração.

 

Você me adultera. Essa tua idéia demente de me perseguir avança limites. Você vai me estuprar na próxima esquina, eu sei e por isso grito, mas não tenho razão pra temer. Temer o teu contato? Não, não me amedronto com contatos. O que me amedronta então?

 

Meu primeiro beijo gay...

Um beijo homossexual...

Um gato homossexual...

- Vamos, flor, ao paraíso?

 

Você não vai me deter. Sua violência é fraca. Pulsos fracos, socos vagos, pontapés de mentira, não sinto dor, é um ato flácido. Uma bolha, uma bola, um balão.

 

Eu vim ao mundo em novembro. Agora creio que chovia. Há dores quando chove. Há um céu desaguando: você não vem, perdi tua coleira. Um vira-lata sumindo no mundo.

 

E eu na praça.

Eu no cio.

Corro pro espelho e... "Não era nada". Não era eu.

O que é que você faz aí cheio de imagens?

Te vejo passar entre elas, pareces facho de luz.

Eram duas imagens e uma pessoa.

Ou não.

Era eu sozinha e a mentira.

Era eu?

 

Te espero no cio, na praça.

 

Já não tenho certeza, só febre.

 

Me lembro da gente no útero, sofrendo pra não nascer. Um de nós sumindo no aborto, eu era teu sangue, tua linfa, teu cordão umbilical.

 

Pra que você foi amadurecer? Eu te comia verde antes do vento te adivinhar no pé. Era uma árvore gigante, folhas amarelas que enfeitavam o céu.

 

Quero voltar do mundo diferente. Não era essa a saída, não quero alienar o sentimento, o amor é a comédia, não quero tragédia, não quero, não quero...

 

Por favor, vire qualquer objeto que eu possa carregar na mão. Um chaveiro lhe cai bem. Ou então um inseto, um grilo no meu cabelo, um mosquito no espaço dos seios, ou pêlos, somente pêlos, que eu não possa arrancar.

 

Absurdo! Leviano coração. Prostitui-se, perde-se, por pares de olhos, faíscas de olhos, vulcões de olhos: fascinação vadia.

 

É o fim.

Partiu-se.

Muitos, muitos retrovisores.

Tantos, diversos caquinhos de nós.

 

A noite foi-se.

De noite eu era um anjo.

Acordo, corro pra frente do espelho.

- Eu não sou narcisista.

 

Vi flores na praça, nunca cachorros.

Você pôs meu nome em linhas traçadas, sempre o mesmo erro dos "ss" que me reduz.

Você foi embora. Um anjo no inferno.

 

Adolescentemente: amanhã tudo passa.

Estupidamente: a gente amadurece.

 

Vou querer ficar sendo folha, a última, sempre a ultima. Não vou cair, não vou mudar de cor. Amadureça você, o mundo inteiro.

O azul do céu é inexperiente.

A fecundação do sol só é sábia porque chega cedo.

Só você quer cabelos brancos.

Eu quero ser verde, morrer bem cedo, não conhecer cadeira de balanço, cinderelas, netos, meditações.

 

Quero queimar os pés.

Meu amor é gay.

O planeta é gay.

Todos estão se colocando de quatro diante dos meus olhos.

 

Somos desgraçadamente amigos.

Terrivelmente ligados.

Você me olha e a imagem morre. E mesmo refletindo todo o tempo, lá no pedaço de vidro esquisito não há encontros.

 

Vou invadir sua morada, sua cova, suas cinzas, sua assombração.

Fechou os olhos pra quê?

Vou abri-los devagar... Não chore.

Não chore não...

Nublado o céu, tudo de uma só cor.

Mas não chore: eu faço estrelas de papel crepom.

Te empresto uma borracha eficaz, de duas cores. Não precisa ficar triste: é só apagar.

 

A metamorfose! Enfim um pássaro!

Não me lembro que eras cachorro.

Um pássaro é sublime.

Um pássaro, veja só! Então existe perfeição?

 

Não.

 

Quando foi que vim ao mundo?

Foi numa tempestade assombrosa, pessoas cegas, gente ferida, anjos fustigados.

Vou pra frente do espelho: a rosa do meu cabelo é a mais bela, só eu posso tê-la.

 

Sexualmente eu era masculina.

Esporadicamente tu eras feminino.

Os nervos da gente errando, os sentidos errando...

Agora você virou novelo. Entra no meu bolso.

Amanhã vou aprender a transformar você num cobertor, porque o inverno dessa vez não vai perdoar.

 

Não vai haver perdão. Você pra sempre na minha pele, cobrindo-a.

Diante do mundo, nasci e vivo. Diante do mundo, com você por perto.

Foi num dia de vendaval.

Foi num dia de inquietação.

Foi num dia em que os astros se amavam.

 

A violência perdida no seu olhar.

Nunca mais vamos subir nas árvores.

Você deixa cair seu corpo fraco...

Na frente do espelho, do outro lado, quem é que me sorri?

 

 

 

 

 

 

Állex Leilla (Bom Jesus da Lapa-BA, 1971). Publicou seu primeiro livro, Urbanos (contos), resultado do Prêmio para autores inéditos da COPENE e Fundação Casa de Jorge Amado, em 1997. Em 2000, publicou Obscuros (contos), pela editora Oiti, e em 2001, lançou Henrique (romance), pela editora Domínio Públicco. Recebeu menção honrosa, em 2002, no Prêmio Redescoberta da Literatura Nacional da Revista Cult, com O livro dos elefantes (contos), ainda inédito. Em 2004, participou da antologia de contos 25 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira, pela editora Record, e da antologia Tanta poesia, editada pelo Banco Capital. Participou também da antologia Outras moradas (contos), organizada pelo Banco Capital e Editora EPP (2007, BA). É graduada em Letras pela Universidade Federal da Bahia, onde possui também mestrado em Letras e Lingüística. Atualmente, está em fase de conclusão/defesa de tese em Literatura Comparada, pela UFMG. Dá aulas de Produção de texto e de Teoria da Literatura em instituições de ensino em Salvador. Em 2007, foi contemplada com a Seleção do Petrobrás Cultural, para escrever um novo romance.