01 – é um genuíno romance psicológico;

 

02 – o tema não é novo. O que é o novo? Um protagonista feminino descobre que é um personagem de um autor;

 

03 – surpreendeu-me a qualidade do texto desse novo autor: Estevão Azevedo;

 

04 – em algumas passagens o excesso de poesia cansa;

 

05 – há um paralelo com Van Gohg: a protagonista pinta e decepou uma parte do corpo;

 

06 – em alguns momentos parece querer beirar a pieguice: mas sai ileso;

 

07 – sagaz a mistura de opostos: "Ele deixava o cargo, chegada a hora de dedicar-se à família, a sensação de dever cumprido, o desejo de sucesso ao próximo ocupante da pasta, o apreço por ter servido à população, o meu quarto pegando fogo, um dedo purulento jogado na pia, um menino com os ossos salientes, parecendo querer libertar-se da pele, e eu a cochilar encostada na parede";

 

08 – o fecho da história é magistral, por mais que pareça um exercício;

 

09 – é tendência agora o colofão no final do livro;

 

10 – alguns achados do livro:

 

"O que todo mundo busca é o alívio de enfim virar narrativa";

 

"a pele palimpsesto de carícias";

 

"palitando os dentes com a alma";

 

"Uma cena de sexo só presta em primeira pessoa, primeira pessoa totalmente muda";

 

"Ninguém foge do tempo urbano impunemente";

 

"Eu quase nua, vulnerável, ele na armadura da desrazão";

 

"a matéria-prima do artista é a mentira, e com ela somos profundamente verdadeiros";

 

"Só a vaidade impede os escritores, mesmo os ruins, de suicidarem-se".

 

 

 

 

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O livro: Estevão Azevedo. Nunca o nome do menino. São Paulo: Terceiro Nome, 2008, 182 págs.

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outubro, 2009