Notas
1Na visão desses críticos,
Chinatown/Chinatown, 1975, de Polanski; O
Perigoso Adeus/The Long Goddbye, 1973, de Robert Altman;
Um lance no escuro/Night Moves, 1975, de Arthur Penn, e
muitos outros, novos ou versões coloridas de alguns clássicos das
décadas de 40 e 50, também seriam noir puro. A. C. Gomes de
Mattos, em obra de referência — O Outro Lado da Noite: Filme
Noir —, contesta tal afirmativa, dizendo que, por refletir uma
nova realidade, esses filmes devem receber um outro rótulo — novo
noir (neo noir), pós-noir (post
noir), noir moderno (modern noir).
2 "A
nosso ver, o filme noir não é um movimento como o
expressionismo alemão, o neo-realismo italiano ou a Nouvelle
Vague, porque menos autoconsciente e
articulado.
Nem um ciclo
como, por exemplo, o das comédias da Ealing ou dos filmes de horror da
Hammer, porque não trata de um único tema nem é tão limitado no
tempo.
Não é
tampouco um gênero, pois embora tenha personagens e cenários típicos,
incorpora-se em um gênero pré-existente — por exemplo, Pacto de
Sangue, antes de ser um filme noir, pertence ao gênero
drama criminal. Nem pode ser
visto apenas como um estilo, tom e atmosfera ou tipo de estrutura
narrativa porque, para a sua constituição, é preciso um intrínseco
relacionamento de todos estes elementos". A. C. Gomes de Mattos,
O Outro Lado da Noite: Filme Noir, Coleção Artemídia,
Rocco, 2001.
3 Obra citada, pag.
23.
4 Uma
exceção é Michael L. Stephens, ao assegurar que "desde 1927, no filme
Paixão e Sangue/Underworld, de Josef von Sterberg, a
combinação de elementos do extilo expressionista com os da literatura
pulp já começava a acontecer no cinema popular americano, e que
houve filmes mais prematuros ao longo dos anos
30".
5 A.
C. Gomes de Mattos, obra citada.
6 Segundo R. Barton Palmer, em
Hollywood's Dark Cinema: The American Film Noir, 1994,
citado por A. C. Gomes de Mattos, "o fato de que os filmes agora
considerados noirs foram vendidos para os espectadores
americanos exatamente como todos os outros produtos de Hollywood, fez
com que este público tivesse dificuldade de perceber alguma diferença
substancial entre eles".
7 Relíquia Macabra/The
Maltese Falcon/1941, de John Huston;
Laura/Laura/1944, de Otto Preminger; Até a
Vista, Querida/Murder, My Sweet/1944, de Edward Dmytrik;
Pacto de Sangue/Double Indemnity/1944, de Billy Wilder
e Um Retrato de Mulher/Woman in the Window/1945, de
Fritz Lang, dentre outros.
8 A.
C. Gomes de Mattos: "Manifestando-se a respeito de Pacto de
Sangue, Laura, Relíquia
Macabra e Até a Vista, Querida, Frank observou
que estes filmes pertenciam o outrora demominado gênero policial que
deveria, a partir de então, ser chamado de aventuras criminais, ou,
melhor ainda, de psicologia criminal: "Estes filmes 'noirs' não
têm mais nada em comum com as fitas policiais do tipo habitual... Nestas
narrativas claramente psicológicas, a ação — violenta ou movimentada — importa menos do que os rostos, os comportamentos, as palavras, isto é,
a verdade dos personagens, esta 'terceira dimensão' à qual já me
referi".
9 Segundo A. C. Gomes de Mattos, no
primeiro parágrafo do livro, muito citado, Higham e Greenberg usam a
expressão "Black Cinema" para classificar filmes que contêm "um
mundo de trevas e violência... e sobretudo sombra sobre sombra sobre
sombra".
10 Dashell Hammett escreveu
apenas durante 11 anos. Após O Falcão Maltês,
escreveu apenas mais dois romances: The Glass Key, em
1931, e The Thin Man, em 1934. Dando por encerrado esse ciclo de sua
vida, largou a literatura e foi fazer coisas que gostava, tais como
pescar, beber, caçar e ir à guerra. Aos 48 anos de idade, alistou-se nas
forças que iriam combater na Segunda Guerra Mundial. Não se sabe
como, foi aceito, na sua segunda guerra como sargento, nem uma divisa a
mais. Acabou sendo enviado para o Alaska, junto com tropas que
patrulhavam o Ártico. Ao ser desmobilizado, a sua doença pulmonar
havia se agravado com um enfisema, o que lhe trouxe muito sofrimento nos
anos que lhe restaram. Em 1951, foi preso pela Comissão de Atividades
Antiamericanas, por se recusar a revelar os nomes dos contribuintes a um
fundo de fianças para as vítimas do macartismo. Passou um ano numa
prisão federal na Virginia, lavando privadas. Morreu de câncer no
pulmão, em 1961. (Tirado do prefácio de Ruy Castro "O pai do detetive
moderno", para a 6ª edição de O Falcão Maltês, da
Editora Brasiliense,
11 A. C. Gomes de Mattos, obra
citada, pag. 26.
12 A. C. Gomes de Mattos, obra
citada, pag. 16.
13 Borde e Chaumeton, em livro
escrito em 1955, apontam apenas 22 filmes noirs; Alain Silver e
Elizabeth Ward relacionam mais de trezentos.
14 Obra citada, pag.
35.