O cinema não morreu, embora não tenham sido poucos os que suspeitaram e até mesmo temeram que tal fato tivesse ocorrido. Na era do DVD e da home theater, o cinema continua tendo o seu público fiel que, segundo Mark Crispin Miller, diretor do programa de Estudos de Mídia da Universidade John Hopkins, de Baltimore nos Estados Unidos, possui, em sua grande maioria, entre 14 e 25 anos.

De acordo com Miller, é para essa faixa etária que os filmes de hoje se dirigem, ou seja, um público acostumado "ao ritmo e ao estilo da televisão, que cresceu assistindo a videoclipes de rock, que se chateia com facilidade e se impacienta muito rapidamente".

Por viverem num mundo extremamente violento e perigoso, o público passou a buscar no cinema uma saída para a dura realidade do dia a dia, fazendo com que os filmes produzidos atualmente sejam pura diversão.

Segundo Miller, os filmes "se esforçam para fazer o espectador se sentir bem" sendo que todos acabam com um final feliz, mesmo aqueles cuja história não aponta para isso.

Explica Miller que, se durante a Segunda Guerra Mundial, a violência e a instabilidade eram maiores do que as que se observam agora. Também é verdade que, naquela época, "a vida não era centrada em torno dos filmes ou do rádio. A vida das pessoas continha mais do que o espetáculo". O que preocupa é pensar o quanto a vida de muitas pessoas deve ser vazia de sentido para que elas necessitem preenchê-la com histórias banais.

Eu me coloco, então, ao lado dos que possuem mais de 40 anos e se acostumaram a um cinema de astros e estrelas, filmes clássicos e grandes diretores, para perguntar: Quando veremos novamente a natureza se voltando contra o homem como em Os Pássaros, ou o homem mostrando-se como o maior "predador" do próprio homem como em Vinhas da Ira? Impossível não se emocionar com as mil palavras não ditas por um vagabundo chamado Carlitos, criação do inesquecível Charles Chaplin.

Hoje, assistimos a Máquinas Mortíferas, lutamos todas as batalhas da Guerra do Vietnã, e tudo isso nos distrai por um ou dois minutos.

Então eu insisto na pergunta: Onde estão os verdadeiros heróis, onde estão sendo travadas as verdadeiras batalhas da vida? E a resposta soa irremediável: E o vento levou.

 

 

 
 
dezembro, 2009
 
 
 
 

 

Nádia Montanhini (Rio Claro/SP). Doutora em química pela UNICAMP, e graduada em Letras pelas Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro/SP. Faz, atualmente, especialização em Língua Inglesa e Tradução na UNIMEP.