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Sobre a poesia de Wilmar Silva

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WILMAR SILVA cria realidades vertiginosas-selvagens entre a permutação das elementariedades cósmicas e a imersão meteórica-matricial: (as multipolaridades dialógicas/prosopoéticas atravessam/acolhem as atmosferas paradisíacas-epifânicas de outras realidades, de outros templos naturais para resgatarem/reaverem os reflexos compositivos do espelho da memória e das vozes da ancianidade ); a colisão dos lugares sensoriais problematiza/refunde os predadores/reconstrutores metafóricos do enraizamento celeste/musical/mágico incorporado na culturalização heterogenética-idiomática-telúrica do Poeta das profusões GONGÓRICAS-demiúrgicas.

 

A interminável erotização da fauna e da inflorescência eleva o cântico prestidigitador das palavras, do eu-mundo-outro ( _____ a efusão fascinante da celebração-uterina alfabetiza institualmente os organismos irresistíveis dos ecos que regressam às origens e implodem cinematograficamente na sideralização dos dédalos da espiritualização da Natureza transformando a pulsionalidade da existência numa cavalgadura infinita de fundições barroquistas-edénicas-mitológicas sacralizadoras de novos territórios, de novas linguagens-do-ser-outro ______ ): este animal-das palavras-sulfúreas condensa na sua interioridade as zonas de tempestade primitiva-vocabular e as analogias dos cenários das potencialidades aborígenes-subversivas-magnéticas dilacerando a civilização repressora da criatividade institual-Natura.

 

O Poeta WILMAR SILVA  identifica/conscencializa a tragédia, os labirintos da transtextualidade que caem sobre o seu sistema constitucional desdobrando-se na PRISMATIZAÇÃO da transcendência, da imaginação/defrontação e da coabitação com o universo como um enxameador de epifragmas de alteridades incandescentes (os opérculos fractálicos das palavras convergem e divergem até à granitização epidérmica-iluminante do aradouro das descodificações antropológicas); a perturbação racional micro-macro-cosmos performatiza simbioticamente o criptograma Novalliano-Wilmariano entre a enunciação artística-das-(im)possibilidades que eleva a intercorporalidade na incerteza, no espectro paleoxamânico: __________________ a plenitude indefinível da natureza é religada à intimidade dos abalos das rupturas da tragédia, da musicalidade (a instabilidade celestial e o renascimento do abismo criam uma constelação/cosmovisão de multicentralidades mitológicas-primordiais-originárias porque devoram as disseminações das sombras recuperadoras das metáforas alquímicas). A língua poética se mundializa (se recolhe) como uma despintura-rebelde-de-imagens-de voltagens entre o cio da fecundação heterogénea e a visibilidade paradigmática-genesíaca-do-Outro-libertador da intemporalidade.

 

A devastação metafórica do tempo Saturniano-Wilmariano POTENCIALIZA a COMPOSIÇÃO do abismo para reconstituir a apoteose-secreta do mundo-ser:  refluxo colossal do lugar-olhar-arqueológico-petrológico-vulcânico ininterpretável porque a efervescência fisiológica-alquímica da descolagem espiralada deste Poeta

violenta as cartografias dos cruzamentos subatómicos-celestiais-dérmicos das Origens para restituir simultaneamente a unidade da metamorfose infabuladora e a fusão apocalíptica-idiomática sobre/sob a sacralização do regresso às origens.

 

A espiritualidade do poema conquista a autoconstrução-do-poeta evocador da existência originária, da corporificação dos simulacros, dos conflitos perceptivos, da espontaneidade cosmogónica e das circulações panteístas: as enciclopédias dos antepassados e dos nós das linguagens da contemporaneidade complementam-se para reencontrarem a biologia da primeira visão e o silêncio nativo do poema que alastra a reunificação-homem-mundo como as bactérias-metapoéticas-da-harmonia instintiva, da indecifrabilidade (a dramatização plurissignificativa da clareira, do pré-deserto da presença-inexistência reconhece a antecâmara-impulsionadora da ciclicidade/sensualidade/subjectividade/ conversibilidade idiomática).

 

A existência utópica transgride os métodos fenomenológicos das demarcações destruindo-as para aviventar as coexistências enriquecedoras dos núcelos-multímodas catalisadores/transmutadores das diferenciações/exaltações da excepcionalidade, das paranomásias/sinestesias/hipálages: lugares performativos dos processos de composição-invocação poética-musical Wilmarianos (o silêncio complementariza o fluxo sígnico da anterioridade/(in)traductibilidade/ circularidade das interferências supremas da língua): ________________ corporificação das multiplicidades tímbricas-metafóricas: ________________________ expressividade crepuscular-sonora-variável da linguagem geradora de combates simbólicos e de chamamentos das elipses-instrumentistas das cumplicidades entre o mistério da anti-historicidade e as configurações puras da palavra.

 

WILMAR SILVA arquitecta o poema cósmico sob a combinação harmónica/relampagueante das visões vibráteis que dispersam a identidade encantatória da montagem ontológica, a zoomorfização e a gestação pulsional (a sensibilidade/energia interdisciplinariza as redes do desassombro da arte mundificadora do homem-devir-animal).

 

A poesia-rhytmos WILMAREANA desencaminha as girândolas da vertigem e da variabilidade dos icebergues metamórficos para se conhecer como um grito-cromossomático do abismo a invadir a interacção molecular do habitat idiomático, da afectividade fulgurante: ________________ o Poeta-mundo projecta,  acolhe autofagicamente o seu olhar-ártico como uma alucinção-da-palavra-absoluta na entrada coreográfica-selvática/ontológica/esotérica/libertária da visualização interior e exterior: ___________________ fundição/perspectivação das trajectórias enérgicas e instantâneas: ___________ dialécto ciclónico/cosmogónico nos organismos da relação gravitacional entre o ritual encantatório da génese, a substância energética do mundo e a transmutação das micro-macro-identidades do Poeta MINEIRO.

 

Reconstruir o analogismo na infinidade da língua em conflito como uma sinédoque de focalidades diabólicas-prismáticas a descentrar/centrar a catástrofe/regeneração: ___________ salvífica-eternização multiarticular da metamorfose e do poema-cromático-maternal-da-vida.

 

WILMAR SILVA: poeta-astrónomo-das-viagens-insondáveis/intermináveis/ obscuras/transgressivas e dos caminhos alternativos actualizando, convertendo o lugar biológico do real na transcendência e na turbulência dissipativa: (o trajecto da purificação hiberna nas bifurcações fantasmagóricas, nas combinatórias da conflitualidade propulsora das visageidades espacio-temporais): ____________________ penetrar no reino anelar-rotador-oscilador-orgânico das palavras/imagens configuradoras dos neologismos auto-reorganizados nos interstícios das contiguidades e das coalescências membranares (a voltagem antagonista/luminosa/acrisolada da agramaticalidade fecundante-arboriforme-rizomática elibertária de WILMAR SILVA assombra ininterruptamente a navegação do mundopoético relembrando a consistência-do-ser-do POETA RICARDO ALEIXO e da sua multivocalidade-multisensorialidade-devoradora-do-fogo-xamânico-guerreiro, daparoxística transição-performativa-heurística, da corporologia idiomática: poetas bisontes-gladiadores da língua a interagirem com as cumplicidades libertárias-mutantes, estilhaçando a evidência, desterritorializando os sentidos da poesia como uma língua alienígena a regressar ao seu interior vulcânico, à sua espessura/exploração subversiva (as forças heteropoéticas exercitam profundamente a renovação e a permanente desestabilização): estas proximidades/pulverizações/anulações das fronteiras gesticulam as sonoridades contíguas do sublime, da morfologia catártica entre as ideias/ contaminações das ferocidades/sublimações e as transmutações do tempo, do espaço epistemológico-MINEIRO-e-do-MUNDO.

 

 

 
 
junho, 2009
 
 
 
 

 

Luís Serguilha (Vila Nova de Famalicão, Portugal). Publicou O périplo do cacho (poesia, edição de autor), O outro (poesia, edição de autor), Entre nós (narrativa, Editora Quasi), Boca de sândalo (poesia, Editora Campo das Letras), O externo tatuado da visão (poesia, Editora Ausência), O murmúrio livre do pássaro (poesia, Editora Ausência), Embarcações (poesia, Editora Ausência) e A singradura do capinador (poesia, Editora Indícios de Oiro).

 

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