A poesia é, para nós, a mais sublime e completa de todas as artes. Cheio de meandros, um poema consegue incorporar o ritmo e a harmonia da dança bem como a sonoridade da música através das rimas, assonâncias e aliterações. Um poema é capaz de transmitir imagens e sensações diversas, de torná-las concretas e passíveis de serem tocadas tanto quanto um quadro ou escultura renascentista. E tudo isso por meio da palavra, escolhida a dedo e bem colocada pelo seu autor.

 

O que apresentaremos a seguir é a nossa tradução do poema "The Poets light but Lamps", de Emily Dickinson, escrito por volta de 1864. Na compilação efetuada por Thomas H. Johnson, encontrada na obra The Complete Poems of Emily Dickinson, tal poema recebeu o número 883.

 

Pelo menos uma outra tradução foi feita anterior a nossa, por Aíla de Oliveira Gomes, podendo a mesma ser encontrada em sua obra Emily Dickinson — Uma Centena de Poemas.

 

Gostaria ainda de ressaltar a dificuldade por que passa o tradutor no trabalho de tradução dos poemas desta poeta norte-americana, uma vez que ela acrescentou às rimas exatas e aparentes quatro outros tipos de rimas que os demais poetas ingleses nunca dominaram por completo a ponto de os impor à aceitação do público leitor. Tais rimas são: rimas idênticas, como em move – remove; rimas vocálicas, como em see - buy; rimas imperfeitas, nas quais observamos vogais idênticas seguidas de consoantes diferentes, como em time – thine; e rimas suspensas, nas quais observamos vogais diferentes seguidas de consoantes idênticas, como em thing – along.

 

Vamos, então, aos poemas, texto original e tradução.

 

            The Poets light but Lamps —

            Themselves — go out —

            The Wicks they stimulate —

            If vital Light

 

            Inhere as do the Suns —

            Each Age a Lens

            Disseminating their

            Circunference —

 

 

            Os Poetas acendem Lâmpadas —

            A si mesmos — apagam —

            Os Pavios que incitam

            Se luz irradiam

 

            Como aos Sóis lhes pertence —

            Cada Era uma Lente

            Disseminando sua

            Circunferência —

 

 

 

 
 
outubro, 2009
 
 
 
 

 

Nádia Montanhini (Rio Claro/SP). Doutora em química pela UNICAMP, e graduada em Letras pelas Faculdades Integradas Claretianas de Rio Claro, SP. Faz, atualmente, especialização em Língua Inglesa e Tradução na UNIMEP.

 

 

Emily Dickinson na Germina

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