Chacrinha | Acrílica sobre Caixa | 21x17 cm | 2002 | Coleção Particular

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A nova figuração brasileira de Rubens Gerchman, Carlos Vergara, Antonio Dias, Cláudio Tossi, Wesley Duke Lee, Wanda Pimentel, Raymundo Collares e Nelson Leirner têm algo em comum com Hogenério!? Mantém os intercâmbios necessários, usa elementos gráficos como as histórias em quadrinhos e páginas de jornal, e a apropriação do Pop, semelhante a Andy Warhol, Robert Rauschenberg, Jaspers Johns, Claes Oldenburg, Peter Blake e Roy Fox Lichtenstein, para criar a ilusão representativa, alertar o espectador e mostrar que por trás de cada traço há uma crítica aos desvios do tempo.

 

Se por um lado a vertente brasileira estava imersa numa atmosfera histórica e política nebulosa da década de 1960, AW & Cia. ao romperem com a sacralizada divisão entre arte culta e arte menor — crítica sobre a cultura do século 20 —, legitimaram o movimento ao abrir caminhos para uma certa democratização e reflexão sobre a massificação, o consumo, a arte como objeto de consumo das imagens e produtos.

 

Hogenério dialoga e brinca incessantemente com esta vertente que vem de AW & Cia. Marilyn Monroe, Elvis Presley, Branca de Neve, Mona Lisa, Carmem Miranda, Frida Khalo, Coca-Cola, Chacrinha e o beijo de cinema são asas na imaginação do artista. Suas pinceladas simbólicas, cores vivas e contornos põem a nu os mecanismos de ilusão da indústria do espetáculo. Os personagens da sociedade de consumo são brinquedos imagéticos numa serialidade que chama a atenção pelo impacto ampliado e questionamento de uma geração que levou a sério — muitos ainda levam — seus ícones, sejam da infância, juventude e até mesmo da maturidade.

 

A recriação de imagens e lembranças, a partir de uma garrafa de Coca-cola e superstars, produzem mudanças de sentidos e a produção de significados que, conscientemente, exercem o seu fascínio, subversão e provoca em qualquer cidadão da Aldeia Global, o delírio e a possibilidade latente de recolocar ou rejeitar qualquer tentativa que aponta a magnitude estética, que converge para a espetacularização. 

 

O espetáculo, já falava Guy Debord, consiste na multiplicação de ícones e imagens, principalmente através dos meios de comunicação de massa para transmitir a sensação de permanente aventura, felicidade, grandiosidade e ousadia. E Hogenério enfatiza, por meio da arte, uma manifestação oposta. De maneira crítica, apresenta os contrastes e aparências para que todos fiquem alertas sobre os enganos. Todavia, a Pop Art nas contemporaneidades ainda é um terreno fértil para a crítica. Indo um pouco além, atire a primeira pedra aquele que nunca viu a imagem ou não se encanta com a musicalidade de um Elvis, a beleza de uma Marilyn e a criatividade do Chacrinha.    

 

A exposição Universo Pop, com seus 20 trabalhos em técnicas mistas e suportes variados, também é uma homenagem que Hogenério faz aos amigos falecidos recentemente: jornalistas Alécio Cunha e Marcelo Rios, a artista plástica Maria Amélia e sua mãe Ana Rodrigues da Silva.

 

 

 

 

José Aloise Bahia. Jornalista, escritor, ensaísta, pesquisador, curador, colecionador e crítico de artes plásticas e literatura.

 

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Hogenério (Belo Horizonte/MG). Artista plástico autodidata. Em mais de 20 anos de carreira, realizou várias exposições individuais e coletivas. Destaque para as coletivas: Mostra 5 Anos, Grupo VHIVER, Associação Mineira de Imprensa, BH/MG, 1997; Vibez Brasil, Centro de Cultura Belo Horizonte, BH, MG, 1998; 3ª. Mostra do CRAV, BH/MG, 1999; Mostra do Gabinete de Arte e Lançamento do Catálogo, Museu Abílio Barreto, BH/MG, 2000; Coletiva Natal, Quadrum Galeria de Arte, BH/MG, 2001; Vitória Pró-Underground, Fábrica 747, Vitória/ES, 2002; Uma Viagem de 450 Anos, SESC Pompeia, São Paulo/SP, 2004; 7ª Mostra João Turim de Arte Tridimensional, Curitiba/PR, 2005; Casa Cor, BH/MG, 2007 e Bienal de Arte do Triângulo, Uberlândia/MG, 2007. Principais individuais: Personalidade com uma Visão Pop Arte, Espaço Agora, BH/MG, 1994; Wearable Art by Hogenério, Galeria do Mercado da Lagoinha, BH/MG, 1998; O Beijo, Galeria de Arte Sesiminas, BH/MG, 2002; Batman 65 anos, Livraria Saramago da Faculdade Estácio de Sá, BH/MG, 2004; Super Heroes, Uberlândia/MG, 2008; Sagrado Coração ou Tráfico de Órgãos, Galeria de Arte da Copasa, BH/MG, 2008; Universo Pop, Galeria Guimarães Rosa, Câmara dos Vereadores de BH/MG, 2010. Prêmio FCU (Fundação Cultural de Uberaba), Uberaba/MG, 2004 e Prêmio pela exposição Super Heroes, Uberlândia/MG, 2008. [Contato: hogenerio@hotmail.com]