©carlos barroso
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

 

DRUMMONDIANO

 

 

Drummond publica um livro atrás do outro

 

há mais de meio século

 

eu levo um ano pra fazer um verso

 

e ainda sai drummondiano.

 

 

[1980]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

pra conquistar esse amor

 

 

nem trabalho de tarô

nem Ogum nem Xangô

ou poema de Rimbaud

 

nem haicai de Bashô

nem múltiplos orgasmos

ou romantismo de Carlos

 

pra conquistar esse amor

 

nem leitura de Lucáks

nem barra de chocolate

ou frase de Engels ou Marx

 

nem ideograma de Pignatari

nem ideia de Voltaire

ou aforismo de Baudelaire

 

pra conquistar esse amor

 

nem música de Beethoven

nem humor de Grande Otelo

ou uma noite em hotel

 

nem soco de Eder Jofre

nem romance de Joyce

ou pintura de van Gogh

 

pra conquistar esse amor

 

nem rosas vermelhas

nem uma caixa de ameixas

ou buquê de amor-perfeito

 

pra conquistar esse amor

 

nem um beijo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PARA NÃO DIZER DE MINAS

 

 

Minas não há mais

        a mim não há tudo

 

Minas vai enraizar

flores em meu

                 dorso nu

lo

 

Minas limite

           de mim

Miguilim    poema

ou mágica

 

Minas é barricada

do silêncio

contra o nada

 

Minas não faltará

em seu túmulo que clama

mundo

 

Minas é apenas o mar

             onde está

a pedra que rola  

                      o futuro.

 

 

[1980]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

METALINGUAGEM

 

 

o mundo é grande

mas cabe no colchão de amar

 

 

 

 

outubro, 2012

 

 

 

 

 

Carlos Barroso. Jornalista especializado em política. Trabalhou na TV Bandeirantes/Minas e nos jornais Hoje em Dia, Diário da Tarde e Estado de Minas. Prêmio Esso de Reportagem Regional (2001), com equipe do Estado de Minas. Atualmente, é comentarista da BHNews TV (canal 9, NET) e colunista da revista MatériaPrima. Um dos fundadores das revistas de poesia "CemFlores" e "AquiÓ". Participou da antologia de poesia Salto do Tigre (1993). Publicou Poetrecos (Coleção Poesia Orbital, 1997), Carimbalas, livro-objeto/poemas (Edição CemFlores, 2008), Gelo (pôster-poema, 2008) e, em 2010, os livros-objetos/poemas Sãos e Usuras. Vive em Belo Horizonte.
 
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