Adriane Garcia
Heresias Literárias
Vez em quando comparam
Um poeta ou outro a Drummond
Vivem caçando outro Drummond
Vivem pichando a estátua
Do Drummond.
Adriane Garcia
Artur Gomes
2 poemas
dummundana itabirina
Fedra margarida a resolvida desfilava pela última
vez portando falo. Decidira decepar o pênis e
desnudar de vez a sua outra mulher.
Brazílica amanheceu incrédula:
Manchetes, vozerios, falatórios, assembléias.
Faixas, cartazes. Por todas as vias, multivias,
Multimeios os ofendidos habitanes brazilíricos
Inconformados com a Fedra passearam em
Plebiscito voziferando Não Ao Sim.
E margarida flor impávida lá se foi beira-mar
Olhando estrelas no cruzeiro. Mas césar que
não é castro continuou a pigmentar seu mastro
no outro lado da tela. E um dia Fedra sorrindo,
com o pênis/baton da louca, foi ao boca de
luar da Fedra e voltou com o luar na boca
dora und (poema de 7 faces) in alguma poesia
quando nasci
um anjo alado
daqueles — viciado
em parati
meu deu um tapa na bunda
para que eu logo transformasse
todo horror guardado em pranto
— foi ele cortar o umbigo
do sangue beber e berrasse
drummundo pra todo canto
Artur Gomes
Beatriz H. Ramos
Amaral
amor cachorro bandido
trem
dolce,
quando vem
me
arrebata
deixo o
eixo
perco o
prumo
livro o
peixe
das
artérias
esse
trem
me
arrasta
vagão-pedra
esse
cão
faísca de
luzes
no
escuro
vulnera e
ilumina
as manhãs
—
também
sangra
e me
arrasa
quando
vem
desse
jeito
amor
cachorro
bandido
trem
em seus
trilhos
ácidos
delírios
a meia
asa da brisa
no agudo
de espadas
amordrummond
esse trem
flauta
e fagote, Oxalá
Beatriz H. Ramos Amaral
Fred
Matos
poema sem faces
Sou
Carlos, mas não
Drummond
de Andrade;
nem é por
acanhamento
que
escrevo poesias.
Quando
nasci não houve
um anjo,
ainda que torto,
que me
viesse dizer
na vida o
que vir a ser.
Nunca
gostei de estudar,
à escola
só ia na marra.
Gostava
era de farra.
Assim
despreparado,
de poeta
sou esboço,
e meus
versos, esforço.
Fred Matos
José Antônio Cavalcanti
a pedra do caminho
É duro, Drummond,
o amor no meio do caminho
virar a pedra
que tem no meio do peito
o caminho
que tem no meio da perda.
José Antônio Cavalcanti
Líria
Porto
3 poemas
drummondiana
meu
grande amor por luigi
ardeu nos braços de juan
que amava sua
judith
mas se tornou meu amante
(ninguém se perde
tudo nos
transforma)
acordei com carlos
no meio da cama tinha uma pena
e um anjo torto
a bunda — que engraçada,
(nasci porto — se cais
ancoro-te)
fulana mato
fulano imito
latifúndio
itabirano
pu_los
ao peito
abracei-os beijei-os
senti-os à emoção dos três
tomos
(obra completa de drummond)
ao rés da pele
felicidade
é o caminho entre as pedras
o olhar pluvioso os re_versos pendurados
nas paredes
das retinas
fustigados
Líria Porto
Luiz
Roberto Guedes
drummond
no outro mundo | samba no céu |
enfim
raptado pelos serafins
o poeta
carlos desembarca no céu
|alado,
calado, de terno gris
e
guarda-chuva preto|
e desliza
ou levita
sobre um
tapete de papel
beijocado
por flocos de pluviluz
cortejado
pelas hostes resplendentes
|bem-vindo
seja, carlos|
telepatiza
um anjo torto
e harpas
e liras desferem cores
esferas
deliram lumes de perfumes
agora é
planar e flanar ~
nunca é
tarde na eternidade...
cadê meus
amores
meus
caros amigos
os
meninos antigos?
e logo a
navinuvem sonorosa
abre olas
para carlos
dá cá um
abração, moço, diz o mário
salve o
anjo revel, brada o murilo
vinicius
lhe estende uma taça de hidromel
jorge de
lima ajeita a franja e solri tranqüilo
oi, manú,
cintila o carlos
oi, dru,
riluz bandeira
e
prestidigita uma cadeira ~
senta
aqui, seu incréu,
escuta só
que beleza
este
samba novo de noel
[1987]
drummond nel altro mondo | samba in paradiso |
infin'
rapito dai serafini
il poeta carlos sbarca in cielo
|alato, tacito, con l'abito
grigio
e
l'ombrellino nero|
e
sfiora o levita
s'un
tappeto di carta
sbaciucchiato
da fiocchi di pluviluce
corteggiato
da schiere risplendenti
| benvenuto sia, carlos |
telepatizza un angelo storto
e
arpe e lire sfavillano colori
sfere
delirano lumi di profumi
adesso
é svolazzo e ozio ~
mai
é tardi nell' eternitá ...
dove
sono gli amori
i
miei cari amici
i
ragazzi antichi?
e
subito la navenube sonorosa
apre l'onde per carlos
dammi un abbraccio, giovanotto, dice il
mario
salve, angelo ribelle, grida il
murilo
vinicius gli porge una coppa di
idromiele
jorge de lima acconcia la frangia e solride
tranquillo
ciao, manú, scintilla il carlos
ciao, dru, riluce bandeira
e prestidigita una sedia ~
siedi qui, signor incredulo,
ascolta un pó che bellezza
questa
samba nuova di noel
[Trad. Fabrizio
Wrolli]
Luiz Roberto Guedes
Ricardo
Domeneck
quadrilha
irritada
[vídeo de Marília Garcia | alícia producció
|
Bélgica, Bruxelas, 2 de dezembro de
2011]
Ricardo Domeneck
Na
Germina
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Poemas
outubro,
2013