[caricatura de william medeiros em imagem de guy bordin]
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

Adriane Garcia

Heresias Literárias

 

 

Vez em quando comparam
Um poeta ou outro a Drummond
Vivem caçando outro Drummond

 

Vivem pichando a estátua
Do Drummond.

 

 

Adriane Garcia

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Poemas

 

 

 

 

 

 

Artur Gomes

2 poemas

 

 

dummundana itabirina

 

 

Fedra margarida a resolvida desfilava pela última
vez portando falo. Decidira decepar o pênis e
desnudar de vez a sua outra mulher.
Brazílica amanheceu incrédula:
Manchetes, vozerios, falatórios, assembléias.
Faixas, cartazes. Por todas as vias, multivias,
Multimeios os ofendidos habitanes brazilíricos
Inconformados com a Fedra passearam em
Plebiscito voziferando Não Ao Sim.
E margarida flor impávida lá se foi beira-mar
Olhando estrelas no cruzeiro. Mas césar que
não é castro continuou a pigmentar seu mastro
no outro lado da tela. E um dia Fedra sorrindo,
com o pênis/baton da louca, foi ao boca de
luar da Fedra e voltou com o luar na boca

 

 

 

 

dora und (poema de 7 faces) in alguma poesia

 

 

quando nasci
um anjo alado
daqueles — viciado
em parati

meu deu um tapa na bunda
para que eu logo transformasse
todo horror guardado em pranto

— foi ele cortar o umbigo
do sangue beber e berrasse
drummundo pra todo canto

 

 

Artur Gomes

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Poemas

 

 

 

 

 

 

Beatriz H. Ramos Amaral

amor  cachorro  bandido  trem

 

 

dolce, quando vem

me arrebata

deixo o eixo

perco o prumo

livro o peixe

das artérias

esse trem

me arrasta

vagão-pedra

esse cão

faísca de luzes

no escuro

vulnera e ilumina

as manhãs —

também sangra

e me arrasa

quando vem

desse jeito

amor cachorro

bandido trem

em seus trilhos

ácidos delírios

a meia asa da brisa

no agudo de espadas

amordrummond esse trem

flauta e fagote, Oxalá

 

 

Beatriz H. Ramos Amaral

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Poemas

 

 

 

 

 

 

Fred Matos

poema sem faces

 

 

Sou Carlos, mas não

Drummond de Andrade;

nem é por acanhamento

que escrevo poesias.

 

Quando nasci não houve

um anjo, ainda que torto,

que me viesse dizer

na vida o que vir a ser.

 

Nunca gostei de estudar,

à escola só ia na marra.

Gostava era de farra.

 

Assim despreparado,

de poeta sou esboço,

e meus versos, esforço.

 

 

 

Fred Matos

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Contos

 

 

 

 

 

 

José Antônio Cavalcanti

a pedra do caminho

 

 

É duro, Drummond,
o amor no meio do caminho
virar a pedra
que tem no meio do peito
o caminho
que tem no meio da perda.

 

 

José Antônio Cavalcanti

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Poesia

 

 

 

 

 

 

 

Líria Porto

3 poemas 

 

drummondiana


meu grande amor por luigi
ardeu nos braços de juan
que amava sua judith
mas se tornou meu amante

(ninguém se perde
tudo nos transforma)

 

 

acordei com carlos

 

no meio da cama tinha uma pena
e um anjo torto

a bunda — que engraçada,

(nasci porto — se cais
ancoro-te)

fulana mato
fulano imito

 

 

latifúndio itabirano


pu_los ao peito
abracei-os beijei-os
senti-os à emoção dos três tomos
(obra completa de drummond)
ao rés da pele

felicidade é o caminho entre as pedras
o olhar pluvioso os re_versos pendurados nas paredes
das retinas

fustigados

 

 

Líria Porto

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Poemas

 

 

 

 

 

Luiz Roberto Guedes

drummond no outro mundo | samba no céu |

 

 

enfim raptado pelos serafins

o poeta carlos desembarca no céu

|alado, calado, de terno gris

e guarda-chuva preto|

e desliza ou levita

sobre um tapete de papel

 

beijocado por flocos de pluviluz

cortejado pelas hostes resplendentes

 

|bem-vindo seja, carlos|

telepatiza um anjo torto

 

e harpas e liras desferem cores

esferas deliram lumes de perfumes

 

agora é planar e flanar ~

nunca é tarde na eternidade...

cadê meus amores

meus caros amigos

os meninos antigos?

 

e logo a navinuvem sonorosa

abre olas para carlos

 

dá cá um abração, moço, diz o mário

salve o anjo revel, brada o murilo

vinicius lhe estende uma taça de hidromel

jorge de lima ajeita a franja e solri tranqüilo

 

oi, manú, cintila o carlos

oi, dru, riluz bandeira

e prestidigita uma cadeira ~

senta aqui, seu incréu,

escuta só que beleza

este samba novo de noel

 

                                    [1987]

 

 

 

 

 

drummond nel altro mondo | samba in paradiso |

 

 

infin' rapito dai serafini

il poeta carlos sbarca in cielo

|alato, tacito, con l'abito grigio

e l'ombrellino nero|

e sfiora o levita

s'un tappeto di carta

 

sbaciucchiato da fiocchi di pluviluce

corteggiato da schiere risplendenti

 

| benvenuto sia, carlos |

telepatizza un angelo storto

 

e arpe e lire sfavillano colori

sfere delirano lumi di profumi

 

adesso é svolazzo e ozio ~

mai é tardi nell' eternitá ...

dove sono gli amori

i miei cari amici

i ragazzi antichi?

 

e subito la navenube sonorosa

apre l'onde per carlos

 

dammi un abbraccio, giovanotto, dice il mario

salve, angelo ribelle, grida il murilo

vinicius gli porge una coppa di idromiele

jorge de lima acconcia la frangia e solride tranquillo

 

ciao, manú, scintilla il carlos

ciao, dru, riluce bandeira

e prestidigita una sedia ~

siedi qui, signor incredulo,

ascolta un pó che bellezza

questa samba nuova di noel

 

 

                                        [Trad. Fabrizio Wrolli] 

 

 

Luiz Roberto Guedes

 

 

 

Ricardo Domeneck

quadrilha irritada

 

 

[vídeo de Marília Garcia | alícia producció |

Bélgica, Bruxelas, 2 de dezembro de 2011]

 

 

Ricardo Domeneck

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outubro, 2013