etc. & tal

 

·          tirando o chulé na rua dos lavapés

·          visitando a lambisgoia na vila nova savóia

·          pescando atum no riacho grande

·          azeitando o maçarico na vila talarico

·          meninando na vila matilde

·          onde guardei o emplastro sabiá?

·          regulando a parafuseta na oficina do carmelo hermenegildo

·          procurando o andrade na lopes chaves

·          perdi o bonde na rua do fado

·          esticando o couro do tamborete

·          fezinha na lotérica elefante

·          encontrei nádia natureza na praia, hipponga dos tempos de antanho, usava um biquíni de crochê branco

·          essas batráquias solares maltrapilham meu coração

·          essas moças na praia, de vergonhas mui saradinhas, falta pano nos fundilhos, sobra fogo na ventoinha

·          netuno me jogou na areia, o mar não está bolinho

·          perdi o apito na clarice índio do brasil

·          vou ao ranário visitar uma multidão de pererecas

·         rubirosa do rio / o bicho que causa arrepio / netuno tatuado no braço / calção de bolinhas de aço, ypacaraí seja aqui...

·          queijadinhas na ponte do mar pequeno

·          subir os 415 degraus do monte serrat

·          contornando os containers do porto

·          caçando muriçocas em mongaguá

·          dessalgando a carcaça no chuveirinho

·          já fui um ás da dança de salão, hoje dou seis volteios e as juntas rangem mais que cama de bordel

·          hoje vestirei um traje mais informal: camisa branca, panamá, monóculo e cajado madrepérola

·          noite monótona, vou contar carneirinhas

·          passem giz no taco porque a noite é uma criança e a coruja vai piar miudinho

·          noite aprazível, os uirapurus piam aparvalhados

·          uns malandrosos tentaram corujar minha melindrosa, estufei o peito e mostrei meus argumentos

·         jogando sinuca no seleto de são vicente, a bola sete vai cair sem tremeliques nem chorumelas

·          panamá, azzaro, sapato bicolor, cajado madrepérola, garboso para a noite de gala na gafieira guadalajara

·          ontem fui à toca da coruja, dancei até torcer o esqueleto

·          dia de churrasquinho grego na rua do ouvidor

·          vou dançar até mamulengar o esqueleto

·          encontrei tibúrcio papangu debruçado no balcão do boteco

·          hoje vou ao jóquei com o amigo matheus galante, aposto meus cobres no tufão crina de ouro

·          bigorrilho pongou no camões e saltou no tabuleiro da baiana

·          bigorrilho pongou no caradura e saltou na ladeira da ternura

·          joana ternura fugiu com o pinto calçudo

·          o lente hermógenes corujino era a sapiência de boina e cajado

·          o fragata foi ao mar

·          jogando bocha com o genaro pombalino

·         as mocinhotas estudavam balé e sabiam bordar um monograma na samba-canção; hoje em dia queimam até pizza brotinho

·          o tempo passa e o alabastro não arriba como nos tempos de antanho

·          não sou baixo, ela que é girafálica

·          vou pra maracaibo com as maracas furiosas

·          as estrelas copulam nas calhas do constelário

·          oh parnaso emborrachado, onde tarantelei meus trinados

·          ágata aguou as anáguas na guanabara

·          dez minutos de quém-quém nos delicados auscultadores e a moça fica toda derretida

·          galanteando as marafonas no dancing novo méxico

·          os canários canaviavam altaneiros

·          à procura da fenda fedegosa da fenícia

·          vou à quermesse tomar quentão e paquerar umas caipirinhas

·          minha vizinha é um colosso toda serelepe no saiote curto

·          a mocinhota é arisca não provou meus argumentos, melhor uma saída à francesa

·          no largo do arouche, comprando cravos frescos para minha lapela

·          trocando o solado do pisante na sapataria boneca de piche  

·          fui fazer um gracejo e a moça me chamou de tartaruga encurvada

·          o tempo passa e o alabastro não arriba como nos tempos de antanho

·          no dancing danúbio azul

·          tomando caracu com ovo

·          os cupins estão esfarelando meus móveis

·          minha alma lusitana sibila miudinha

·          netuno continua na cidade ocean?

·          meu possante está batendo pino

·          meu calção de bolinhas amarelas tomou sereno no varal

·          as moças cloróticas precisam de sol

·          vou comprar uma pamonha com os caraminguás que sobraram no meu bolso

·          macarronada na rua do gasômetro

·          vou comer mariolas na ladeira porto geral

·          meu panamá está lotado de ácaros

·          joana toldovelho imitava luz del fuego

·          a barbearia do fidélio pernafina está lotada

·          jogando bocha no clube desportivo e recreativo são josé

·          dia de macarrão à milanesa

·          vou traçar um filé à chateuabriand

·          vou traçar um filé à cubana

·          cafezinho e broa caxambu

·          camilo pessana, bardo com barbas de netuno, hoje a clepsidra dança comigo

·          vou tomar chocolate com o costallat

·          troca de óleo, a carcaça está enferrujada

·          chá preto com biscoitos de araruta

·          passando talco no suvaco

·          jogando dominó no clube desportivo e recreativo são josé

·          baile da saudade no arpoador dancing clube

·          a cunhã do bigorrilho está tirando água da cuia no canal oito

·          lavar o possante amarelo e zarpar pra pérola do atlântico

·          caminhando nos campos elísios

·          cavucando o caule da açucena

·          o cuco da rua augusta anda caduco

·          tocando a porta sanfonada

·          matraqueando com o travesseiro

·          tarde modorrenta, vou escovar o casco da tartaruga

·          sob o império das circunstâncias abandonei os gramados varzeanos

·          o sol sorri entre nuvens choronas

·          o bugio moqueado dorme no pé da goiabeira

·          perdi o panamá em paquetá

·          tosqueando a ovelha

·          pintando os brancos no salão do fidélio pernafina

·          nádia natureza tirou água da cuia no canal quatro

·          hora do coco e do pastel de vento

·          um, dois, feijão com arroz; três, quatro, feijão no prato; cinco, seis, feijão inglês; sete, oito, feijão biscoito...

·          frio lascado, vou tosar a ovelha jurema

·          moderninha é a minha pipa que arriba sem carretilha

·          sou mais romântico que pedalinho em paquetá

·          tirando a baba do quiabo

·          deve ter ceroula no saara

·          calçando a centopeia

·          vi a anágua da vizinha

·          adoçando o cozumel

·          valdevino boticão é um vivaldino que cobra os dentes da cara

·          o inverno não quer arregaçar as mangas

·          acocorado na rua do acarajé

·          esquentando a pele do tamborim

·          comprando peixe no peixoto

·          os peixes ladram e a caravela passa

·          noite alvíssara, os uirapurus uirapiam altaneiros

·          na pensão do gato souto

·          tomando a fresca na rua dos espanhoes

·          perdi o panamá em paquetá

·          sete voltas ao redor da piscina regan

·          contornando o aquífero aquidauana

·          lá fora faz um sol argentino

·          eustáquio fugiu com a carmelita descalça

 

 

saudades

 

·          saudade da normalista do colégio sion

·          saudade do elevador pantográfico do mappin

·          saudade do parque eletrônico futurama

·          saudade da sapataria branca de neve e os sete anões

·          saudade do cotonifício cantagalo

·          saudade do balcão de fórmica do bar do vizeu

·          saudade da rua do peixe

·          saudade da vulva da vó uva

·          saudade do pinguim de casaca

·          saudade do ford bigode

·          saudade das termas xanadu

·          saudade do pedalinho de paquetá

·          saudade do pente flamengo

·          saudade da compota de figo fidalga

·          saudade do almanaque capivarol

·          saudade da biquinha de são vicente

·          saudade da arlequina vesguinha do cine guarany

·          saudade das valsas do patápio silva

·          saudade da pitangueira da rua frei rolim

·          saudade da bebel bola gato

·          saudade da luneta df vasconcelos

·          saudade da casa de massas geni

·          saudade da sopa de cebola do ceasa

·          saudade da ceroula furada

·          saudade da anita, filha do doutor leocádio papasena

·          saudade do cine santa cecília

·          saudade de solemar

·          saudade do bicho geográfico

·          saudade do abacateiro da vila curuçá

·          saudade da sheila sherazade

·          saudade do cine centenário

·          saudade das certinhas do lalau

 

 

conjugação verbal

 

·         eu malandro / tu malandras / ele malandra / nós malandramos / vós malandrais / eles malandram

·         eu capivaro / tu capivaras / ele capivara / nós capivaramos / vós capivarais / eles capivaram

·          eu anto / tu antas / ele anta / nós antamos / vós antais / eles antam

 

 

classificados do rabuja

 

abandono de emprego

 

robério ronca ferro abandonou o emprego na fundição progresso no dia 31 de fevereiro. Na sua baia encontraram uma ferramenta de bico torto, um crachá carcomido, 50 réis em notas miúdas e um bilhete da sandra, a recepcionista.

 

 

horóscopo

 

ao nativo de virgem: você encontrará uma morena toda prosa embaixo da escada-rolante do metrô ana rosa

 

 

gastronomia

 

o chá repousante

 

colha a cidreira no quintal, cuidado para não ceifar a raiz.

lave com cuidado para eliminar a terra.

ferva até borbulhar

sirva numa cuia ou caneca de asa quebrada

 

 

o bigode andarilho

 

No tempo do vintém furado, Bigorrilho saboreava uma coxinha-creme na confeitaria colombo, um dia comum, quinta–feira de tarde, um ventinho ventava, o velho Pelópidas ajeitava o monóculo. De fisionomia opaca, pele leitosa, Bigorrilho fazia jus ao apelido de camarão, um imenso bigode estilo vassoura de piaçava compunha o tipo. Depois da segunda dentada na coxinha, eis que seu bigode ganhou vida, impulsionado por sete perninhas minúsculas, desceu do seu rosto e foi passear na confeitaria. Triscando rapidinho, foi parar na cozinha perto do panelão do chef, contornou o caldo verde e foi repousar perto da despensa. Depois de uma rápida soneca, continuou a sua caminhada e foi acabar no banheiro das damas, lá viu outros bigodinhos colados nas pererecas de senhoras e senhoritas, uma delas ao ver o bigode andarilho, teve um piripaque e desmaiou, ele voltou ao salão principal. Bigorrilho estava tão entretido com a saborosa coxinha que nem notou a falta do bigode, num movimento lento Bigorrilho pegou o guardanapo e levou-o à boca, nesse momento com um salto hábil o bigode voltou ao rosto do proprietário. Bigorrilho levantou-se, pegou o cajado e saiu calmamente pelas ruas do centro. O bigode serelepe assoviava baixinho uma velha canção lusitana.

 

 

 

 

 

 

 

[imagem ©victor pavez]

 

 

 

 

Rabuja Rubirosa (São Paulo/SP). Malandro nostálgico e boêmio, mestre em sinuca mequetrefe, especialista em gastronomia inusitada. Desde 17 de junho de 2009, reúne cacos do acaso em frases que publica no Facebook e em outros lugares, como no Jornal de Copacabana [www.jornalcopacabana.com.br].