Christiaan Tonnis | Virginia Woolf | oil on canvas1998
 
 
 
 

 

 

Ao amigo professor, pesquisador e historiador de arte Marco Antônico Guerra

 

 

"E  num  dos  maiores  passeios  que  dávamos  em  Combray,  havia  um  local  em  que  a estradinha  estreita  desembocava  de  súbito  num  imenso  platô  limitado  no  horizonte  por  uns bosques de recorte irregular, atrás dos quais só aparecia afina agulha do campanário de Saint-Hilaire, mas tão delgada, tão rósea, que dava a impressão de estar apenas riscada a unha no céu, por alguém que quisesse dar àquela paisagem, àquele quadro que só era natureza, um pequeno toque de arte, esta única indicação humana". Marcel Proust, No caminho de Swann.

 

 

"Acompanhar uma aventura fora do comum, até o culminamento de sua crise", é assim que Jacques Aubert, organizador dos manuscritos de Virginia Woolf, publicados recentemente pela edição francesa "Bibliothèque de la Pléiade", descreve o processo escritural dessa heroína das Letras do século XX. A edição — que forma perfeitamente um itinerário (o que, muito provavelmente, trará um 'pontilhado' novo às futuras leituras da obra woolfiana) — foi organizada em dois volumes que agrupam seis romances e uma constelação de outras narrativas curtas. Tratam-se de textos considerados "mais intimistas" que nunca vieram a público, desde a trágica morte da autora em 1941.

"O legado woolfiano é colossal para literatura", alega Jacques Aubert. Depois de Woolf, os escritos sobre "si mesmo" suscitaram interesses dentro e fora da arte literária. Não se deve esquecer que, no século XX, o Sujeito, com sua identidade psicológica, eclode nos retratos-escritos intimistas, autobiografias/autoficções, de escritores contemporâneos como Nathalie Sarraute, Clarice Lispector, Jean Genet, Georges Perec, entre outros.

Dentro da arte literária, esse é o momento em que falar de si mesmo significa falar com estranheza e estrangeiridade, autorizar-se uma meditação privilegiada sobre si mesmo. Esse 'si mesmo' que, sempre insuficiente, incompleto e ilógico, tornar-se-à o objeto de mil faces (e nenhuma) para a literatura do século XX.

Eis o momento em que a literatura (induzida pelos famosos "instantes privilegiados de existência") transforma-se quase num modelo de integilibidade da vida. Os antagonismos multiplicam-se, o pântano do Ser alarga-se. A escritura resvalará o impróprio; a única realidade possível é a realidade de satisfação; as unanimidades não existem; e a fala é o devir da linguagem do sujeito dividido.

Eis o momento em que o romance, explorando o caráter trágico-poético com base numa vida de papel, encontra o incalculável e  o imprevisível da existência. Eis o instante em que o próprio instante fica preso num lugar, levado pelo tempo, entregue ao movimento; um instante em que o inconsciente-criador abdica do presente atual, para atualizar-se numa polidimensão, em devires imaginários.

Woolf não foi somente escritora, foi grande leitora e editora; opôs-se à tantas coisas, sem nunca deixar de dialogar com o seu tempo e, principalmente, de colocá-lo em questão. Autora de Os Três Guinéus, Virginia Woolf iniciou a escrita de ensaios falando sobre os "gêneros" para mostrar ao público o quanto sua prosa era dissidente.

Dissidente e contemporânea Virginia... que pensou a modernidade num incessante embate, ou que protestou contra formas, ideias e discursos dominantes, com o intuito de conquistar um espaço e delinear o rosto de uma nova literatura: uma arte literária que fosse um "quarto íntimo", tanto para o escritor quanto para o leitor.

Inúmeros mitos foram criados em torno da personalidade da autora de Os Anos. Sua obra ainda suscita muita curiosidade e emoção. Muitos a leem a fim de encontrar a chave de acesso para um 'projeto visionário'... Por exemplo: Como escrever um romance?

Ao estudar de modo mais profundo a plasticidade das narrativas woolfianas — principalmente, o entrelaçamento das artes (literatura e pintura, fotografia e cinema) —, acompanhamos o 'desenho' de uma brecha aberta para o além-do-texto. Nesse sentido, o texto de Woolf — muito mais que representante do instante — institui uma constante renovação, uma regeneração das metáforas, uma tensão em direção ao alhures, um devir outro.

Quando descreve a paisagem, ela impulsiona seu leitor à perenidade ou à atualidade eterna. De repente, implantados ao lado de Mrs. Dalloway, encontramos — como a personagem — a necessidade de sair de casa para comprar flores, numa bela manhã de sol.

 

Gisèle Freund | Última fotografia de Virginia Woolf

 

 

"O importante é atrever-se a ser si mesmo".

 

Woolf era uma loba pálida. Nas fotos, sua feição — de forma oblonga, grandes dentes —, alvacenta, sempre pareceu-me muito enigmática.

Virginia foi um símbolo. Ademais, todos — ou melhor, todas! — a chamavam de "Virginia". Aliás, por que será que não chamamos pelo primeiro nome, Joaquim Maria, o nosso Machado de Assis?! Os franceses também não trocam Flaubert por Gustave! Curioso... os ingleses, então, não utilizam James, ou Jim, para "Joyce"... Eis uma maneira peculiar e célebre de apropriar-se de seu escritor preferido.

Mas célebres foram as pedras que, num dia triste, encheram os bolsos da escritora. Como encher os bolsos de pedras pode significar um gesto tão pesado, carregado, de sentidos!

A loba pálida não sabia mais como continuar a empreitada. Achava que não tivesse mais a necessidade de pedras. Pensava nas pedrinhas do Pequeno Polegar, que o traziam de volta para casa, são e salvo! As pedras que ela tinha nos bolsos... a afastavam do batimento da vida! As pedras lembravam-lhe cascas, lascas, pedaços, fragmentos de vidas. Encher os bolsos de pedras foi, para ela, um desespero duplo.

Por que suicidou-se? O afogamento saturava a sua memória. Mas, antes de tornar-se escritora de uma obra essencial da Literatura, Virginia Woolf ocupou o lugar de uma personagem. E assim ainda perdura em seus livros.

Foi no final da década de 90 que comecei a ler seu Diário e parte de suas correspondências. Nesses textos, ela revela um pouco da vida ("comum") de uma mulher que escreve. Ela fala das expectativas que a movem... dos obstáculos que enfrenta... dos desesperos que a invadem... do rigor necessário... da disciplina indispensável... das lutas contra si e contra toda a misoginia mascarada e declarada... do êxtase pela literatura... da paixão pela criação... dos tombos e as recaídas... do peso do mundo... da necessidade de inventar uma outra frase que se adapte melhor ao 'fôlego' da narrativa e da memória... das emoções que o pensamento procura... e, principalmente, da fragilidade que engloba tudo isso!

À maneira de um Montaigne dos famosos Ensaios, Virginia Woolf observa si própria. Como é que se pode pensar várias coisas ao mesmo tempo? Como perceber esse movimento do cérebro dentro do poder da escritura? Como descrever as inúmeras facetas de um eu que aparece entre as palavras, mas permanece desconhecido ao mesmo tempo?

Ela dizia que a coisa mais importante (e difícil) é atrever-se a ser si mesmo. Afirmava que não se podia dizer a verdade sobre os outros, sem antes tê-las dito sobre si mesmo. Para ela, a busca pela verdade — esse "desenho escondido no nevoeiro" — é o objeto/projeto da literatura e de toda a criação. Pois, a beleza e a verdade são uma coisa só.

Ela enxerga o senso do ridículo nos outros e em si mesma. Pergunta-se, às vezes: "Sou esnobe?". A resposta era sempre assim: "Sim, sou" — e depois vinham todas as suas contradições.

"Arranquem-me minhas afeições, continuarei igual à alga retirada da água, ao casco do caranguejo. Minhas entranhas, a medula dos meus ossos, tudo escorrerá para fora de mim, um único assopro já é o suficiente para me empurrar à primeira poça e, ali, me afogar. Arranquem-me o amor que tenho pelos meus amigos, a urgência devoradora que me projeta em direção à toda vida humana, o elemento atraente e misterioso do amor, assim não passaria de uma fibra sem cor que poderá ser descartada".

O segredo de Virginia Woolf encontra-se nessas palavras escritas numa carta à amiga Ethel Smyth, compositora e suffragette britânica, que se apaixonou por Virginia aos 71 anos de idade! Escrever a poupava da loucura e do desespero, por isso ela escrevia cartas — e livros — numa tremenda necessidade de intimidade.

Obcecada pelas amizades, teórica inveterada, poetisa radical, incansável crítica, a escritora que eu descobrira aos meus 17 anos não tem nada a ver com a loba etérea, da poetisa "extremista" e exausta, que encontrei anos mais tarde, aqui, na França. Com ela, comprendi mais sobre Proust e Claude Simon, sobre Joyce, sobre "a nossa" Clarice...

 

 

O Diário: Virginia escreve

 

 

No episódio de abertura do Diário, lemos uma cena na qual aparecem duas garotas sentadas. Nessa cena, que acontece no meio da sala abafada e sombria da residência 22 Hyde Park Gate, como essas casas construídas durante a "Era Vitoriana" inglesa, a menina mais velha desenha, a caçula lê. Percorremos uma descrição interessante da infância: muitas cores vivas, muitas repreensões, duros momentos e... a esperança de "poder pensar nisso tudo, um dia".

"Três horas por dia, habitávamos o mundo que continuamos a ocupar", diz a caçula. Vanessa desenha e pinta, Virginia lê e escreve (no fundo, elas fazem a mesma coisa). Treinar o olhar e a mão, desconstruir, manusear as ferramentas para interpretar o universo. É isso. É preciso experimentar os 'esboços' (Um Esboço do passado, que é o título de um dos últimos textos de Virginia Woolf).

Um Esboço do passado é um texto recapitulativo dos primeiros rascunhos que escrevia na idade de 15 anos. Nessa época, Virginia buscava o estilo fino, frenético, colérico e denso; e a partir daí, aprendia a esmiuçar os 'clichês literários' e a perceber sobre o modo em que as palavras aglutinam-se entre si para formar imagens prontas e autênticas.

O que é um esboço senão um desenho feito à mão livre, cujo movimento e rítmo são de grande significado. Em Um Esboço do passado, um traço significa que a vida é capturada; que a pose e a imagem congelada são tomadas pelo natural... pelo frescor da modernidade.

Nessa obra, Virginia Woolf retorna à infância, durante os Moments of Being ou "instantes de existência" que são a base de sua teoria literária.

 

 

Vanessa Bell | Retrato de Virginia Woolf | oil on canvas | 1911–1912

 

 

Tudo surge na infância, antes da fala

 

 

Ela desenterra os primeiros vestígios das lembranças, imagens anteriores à linguagem: flores vermelhas no fundo escuro de um vestido, o desenho em forma de gato num anel, o barulho das ondas na praia, o balanço das persianas, o raio de luz e o êxtase do tempo parado. Puras sensações...

Estamos no epicentro dos romances Mrs Dalloway, O Quarto de Jacó, Passeio ao Farol e As Ondas.

A escritora chama esses violentos momentos da existência de 'choques'. "É a minha capacidade de receber chocs que me fez escritora", escreve. Um choque não é somente um pontapé de um inimigo oculto no nevoeiro da vida diária, é a prova de uma coisa real que se esconde atrás das aparências. "Torno a coisa real, traduzindo-a em palavras, assim concedo-lhe a oportunidade de existir verdadeiramente. Escrever torna a vida real".

O choque é esse instante imprescindível que encontramos no Diário, bem como em Instantes de vida, em As Ondas e em Entre os atos: tal instante refere-se à poça no caminho. Uma poça d'água verde e intransponível.

"Esta é a poça que não consigo transpor", diz a personagem Rhoda. "Todos os objetos palpáveis abandonaram-me. Como atravessar esse abismo e reencontrar o meu corpo?".

Rhoda coloca algumas pétalas de rosas num tigela. As pétalas boiando na água assemelham-se aos veleiros soprados pelo vento. Como uma história que se conta. Uma aventura. Rhoda é uma criança-gongo. Todos nós somos gongos que fazem-se ressoar.

Todos os romances de Virginia Woolf interessam-se à pureza do som e à vibração grave, profunda e infinita do ar. Um desenho esconde-se no nevoeiro: um desenho de aspecto de vibração elétrica.

 

 

Nada de espetacular

 

 

Não frequentou a universidade, não pertenceu oficialmente a nenhum partido e à nenhuma instituição. Não participou de conferências, não teve filhos, não se meteu em nenhum escândalo, não viajou para além da Europa, mudou-se algumas vezes, mas sempre dentro de um mesmo minúsculo perímetro.

"Não carrego uma vida imensa, nem lembranças ricas. Leonard [Woolf]1, Maynard Keynes2, Clive Bell3... eles, sim, têm uma existência ativa e movimentada, pois frequentam o grand-monde; eles tomam o rumo que querem para suas vidas e interferem no curso da história, já, eu, minhas próprias memórias, estamos sempre no particular, não passando de raras propostas de casamento, de pequenos jogos de sedução, de encontros entre amigas...".

No romance Orlando, Woolf indaga-se sobre a possibilidade de escrever a biografia de alguém (neste caso, uma mulher) que escreve refletindo sobre a vida: sua heroína começa a escrever e dispõe a escritura à atividade reflexiva. Quando escreve, a mão produz espaços vazios e silenciosos dos quais a música das palavras necessitam para existir. A mão, escrevendo, revela-se em excesso, entrega de si mesmo para envolver-se com o outro; a mão ouve o que o corpo pede de si para descartar um pouco do pensamento que o peso da vivência lhe traz; perde-se de si mesma para ganhar dos outros. A mão escreve perguntando ao corpo que reflete: "O que dizer da vida de alguém que senta-se, estaciona-se, para pensar?".

Não se deve acreditar nas palavras da escritora, ou ignorar completamente a linha de humor (e de horror) com a qual, exibindo-se e vangloriando-se, "alfineta" o universo masculino. Quando Virginia fala por si, faz como num understatement, com eufemismos e atenuações. Com ironia, ela zomba, mas, no fundo, teme ser subestimada.

"A vida é uma beira de calçadas, diz Woolf, com um vão imenso separando os dois lados".  Essa vida dura de trabalho e de escritura, de lutas contra o abismo, não se preza aos grandes prêmios e às consagrações literárias. Muito diferente da vida de William Faulkner que foi regada a muito álcool, de Kerouac mergulhado nas drogas e na prostituição, de Hemingway com inúmeras e inesquecíveis aventuras, de Victor Hugo, Jaurès e Aragon com engajamentos políticos, a vida de Virginia Woolf, segundo ela, "não tem nada de espetacular para ser contado".

 

 

Vanessa Bell | Conversation Piece

 

 

Entre os atos

 

 

"Para quase tudo o que eu escrevo, romances, críticas, biografias, sempre tenho que procurar um episódio. Se escrevo sobre pessoas, devo encontrar uma cena representativa da vida delas". Essa disposição que consiste a criar a partir de cenas levou Virginia Woolf a escrever.

"Talvez eu não tenha feito outra coisa do que aproximar-me da autobiografia", diz num de seus últimos textos. Os romances são cascas que precisam descascar-se. Essa é outra maneira que concebe-se a escritura como se fosse um núcleo secreto e inefável que precisasse ser perfurado.

Ao longo de sua vida, Virginia lutou contra o mal-entendido e o equívoco persistentes entre os sexos, principalmente com relação às artes, à beleza e às emoções estéticas e morais. Mas não foram somente esses os obstáculos.

Para ela, era fundamental inventar um outro estilo, uma outra forma de escrever — pós-impressionista, mas não tanto assim — que levasse em conta nossas vidas e nossas mortes, emoções e solidões, momentos de não-existir e existir. Era necessário repensar a literatura para falar do colapso do mundo anterior à Primeira Guerra; era preciso opor-se aos escritores (como Arnold Bennett) realistas materialistas que, defendendo a estética vitoriana, estavam obcecados pela sociologia e pela narrativa linear. Era importante uma narrativa que, inclusive, falasse dos misteriosos e tortuosos caminhos da memória e do amor.

De acordo com a história de Um quarto para si — cujo titulo anterior era Estão batendo na porta —, uma mulher que deseja escrever à sua maneira enfrenta uma 'questão técnica' aparentemente simples, mas que acaba por transformar-se numa realidade inquietante. Por sua própria forma, a frase vaga, carregada e pomposa, que a narradora herda de outros escritores, não lhe serve de jeito nenhum. Para a escritora, em um romance que tenta elucidar o sentido da existência, deve-se inventar e empregar a frase, conduzindo o leitor de uma extremidade à outra do livro. É imprescindível subverter imperceptivelmente a sentença, fazer pesar cada oração, estabelecer o que T. S. Eliot chama de "uma correlação objetiva", ou seja, um modo capaz de traduzir uma emoção particular, inédita, adquirida e rendida nas tramas da vivência.

Segundo a narradora, a "nova música" do estilo não deve desviar o leitor de seu caminho. É uma maneira de Woolf afirmar que a crítica — boa e útil —, de modo geral, deve considerar o trabalho e o percurso da preparação da obra-de-arte no propósito de mostrar que a 'criticidade' também encarrega-se da "sútil elaboração do texto-objeto", ou seja, de um retorno à literatura pela leitura.

 

 

Os anos de Mrs. Dalloway

 

 

Logo na frase de abertura desse livro, a escritora coloca em xeque-mate o romance clássico que, segundo ela própria, já tinha atingido o seu "mais alto grau de cozimento". No ataque que ela formula, a escritora critica a suposta coerência dos personagens e a total obrigação do escritor em ter que inserir uma intriga nesses romances.

Muito antes de 1925, ano de publicação do seu quarto romance, Mrs. Dalloway, a autora já refletia sobre sua prática artística. Se suas primeiras obras (A Viagem e Noite e Dia) ainda apresentavam muitos traços da corrente literária inaugurada por Jane Austen, seu Diário, seus textos críticos e as conferências que ela concedia desde 1919 deixam transparecer o desejo de mudanças.

Woolf lamenta que, no romance eduardiano tradicionalmente celebrado pelos artistas materialistas, o escritor seja forçado a inserir, em sua criação, uma intriga, ou simplesmente a descrever minuciosamente um cenário com personagens "vestidos até o último botão do paletó de acordo com a moda da época".

"O romance já atingiu o seu "mais alto grau de cozimento", ironiza em Modern fiction. Ao comentar: "Será que a vida é realmente assim? Os romances devem ser realmente assim?", uma explosão de revolta lhe envolve. A resposta que a escritora dá a essa pergunta é um manifesto que sua obra trará no futuro: "Examinemos num momento um espírito comum no passar de um dia comum. O espírito recebe uma miríade de impressões, banais, fantásticas, evanescentes ou gravadas com a acuidade do aço [...]. Não cabe ao romancista tornar-nos sensível esse flúido elemento transformado, desconhecido e sem limites precisos, tão aberrante e complexo tal como ele se possa mostrar?".

E já que a realidade e a vida não cabem mais dentro da ideia estabelecida pela norma realista, o romance mostra que existe uma realidade em ato e uma realidade em potência, a atual e a potencial. A ficção poderá haurir seu material tanto de uma como de outra, como descreve a frase que abre Mrs. Dalloway: "Mrs. Dalloway diz que ela mesma iria comprar as flores".

Esse uso in medias res no romance, embora não seja considerado como algo inédito na arte narrativa, já coloca o leitor num movimento surpreendente: não há intróito ao assunto do livro; não é uma história com intrigas.

Personagens? Sim, há personagens. Mas não são como os heróis dos romances tradicionais. Mesmo que o título possa sugeri-lo da maneira mais clássica, nenhum retrato de uma heroína fora do comum aparece no romance. "A vida, Londres, este momento de junho" — é a frase mais acurada, de forma simples, que resume Mrs. Dalloway, cujo primeiro título foi As horas.

Diferente do romance Ulisses, de James Joyce (de quem a romancista dizia: "Se queremos a própria vida, nós a temos aqui"), que acontece em Dublin num único dia, Mrs. Dalloway decorre em Londres, num dia qualquer de junho de 1923. Na primeira página, é de manhã e Mrs. Dalloway sai para comprar flores para as visitas que deve receber logo mais à noite; na segunda, lemos o final dessa recepção. Mais a seguir, os transeuntes se cruzam nas ruas de Londres: um desconhecido que ouvia os pássaros falar se jogou da janela; Mrs. Dalloway reencontra um antigo namorado...

O amigo Lytton Strachey aconselha-lhe a "escolher um assunto mais vasto, menos banal possível". Virginia explica que se escrevesse de outro modo, perderia completamente o contato com as emoções.

 

 

O caminho é Marcel Proust

 

 

Eis o nome de um dos grandes escritores que Virginia Woolf sempre teve em mente antes de preparar-se para a sua "revolução literária".

Ela sabia que a preocupação da literatura não era mais unicamente contar histórias, mas oferecer aos seres experiências que os movessem, que os comovessem: impressões físicas, sonoras e, principalmente, visuais — "como se o olho fosse uma taça transbordante" —, tão fortes, se tornariam aventuras; pensamentos, lembranças, fantasmas, enfim, todo tipo de profusão íntima, apareceriam no universo exterior, fundindo-se nele.

Assim como Marcel Proust, ela costumava reler detalhadamente seus cadernos de rascunhos e manuscritos. Os tempos passado e presente interpenetravam-se para sustentar um detalhe aqui outro ali... Assim, o rangido de uma porta — ou a simples lembrança da palavra "dobradiça", ou ainda, a sensação do frescor da manhã — trazem Mrs. Dalloway de volta ao passado: à época em que não tinha ainda 50 anos, mas 18; aos dias em que ela não vivia ainda em Londres, mas em Bourton, litoral da Inglaterra. Ela se lembra, então, de uma frase absurda de Peter Walsh, de quem não se sabe muita coisa a não ser que vive na Índia e que possui um canivete!

É assim que Virginia Woolf, para não transformar seus personagens em "tipos" realistas, os constrói restituindo sua existência de maneira fragmentária e preservando o mistério: "Por detrás da identidade dos meus personagens, cavo magnificentes grutas", anota em seu Diário. O leitor explora essas grutas de infinitas parcelas. Algumas vezes, o leitor é conduzido pelo humor e humanidade de uma narradora onisciente; outras vezes, ele penetra repentinamente, pela graça do discurso indireto livre, na intimidade da personagem (assim como Clarissa que abre as portas e diz: "O sopro de prazer! o mergulho!"). Mergulhado na sensibilidade ou no pensamento do personagem, o leitor partilha dos famosos "instantes de vida" que a escritora tenciona explorar com intensidade e plenitude.

As emoções, como se envolvessem o fluxo da cidade, circulam de um ser para o outro através das ínfimas mudanças de perspectivas, aos 'escorregões', aos deslizes, ou por meio das associações de ideias, criando uma polifonia ondulante. A alegria pode, de repente, converter-se em tristeza, a ironia em algo mais grave, o prazer atual em lembranças da guerra, as profundezas do "eu" num teatro de aparências...

Por meio da visão, o universo quotidiano sofre uma transfiguração a cada segundo e converte-se no que Montaigne chamou de "regime discontínuo" (vale lembrar que Montaigne era um dos autores prediletos de Virginia Woolf): "Não descrevo o ser, descrevo o episódio". Mrs. Dalloway decide, então, nunca mais dizer de alguém que ele é isso, ou aquilo. O objetivo é existir e, depois, desaparecer na penumbra — em cada minuto, uma vida inteira pode ser vivida.

O desejo lancinante de unidade aparece, simbolizando e transfigurando, imagens esféricas. "Círculos", "centros", "rodas" que unem as pontas discordantes. Basta olhar para o leitmotiv, símbolo da presença e da unidade no romance, para compreender o valor da imagem esférica: "Os círculos de chumbo se dissolvem no ar", ao ouvir os sons do Big Ben.

Desse modo, no mundo, a presença que tem mais fulgor, a mais vibrante, pode tornar-se uma ausência. Se isso cria uma flutuante comunhão entre os homens, acresce-se um sentimento de solidão visceral, de angústia e de opacidade. Um vazio no centro da existência como se algo terrível estivesse prestes a acontecer, como se "alguma coisa pudesse brotar a qualquer momento, na forma de uma lágrima".

A poesia pungente de Virginia Woolf possui essa fragilidade, essa sensibilidade tênue que está pronta a romper-se. Ela funda uma sensibilidade que entrelaça-se às longas frases inquietas, frases tão ricas à literatura e tão cheias de oralidade: "Os seres humanos: o que querem da vida?". Sua obra é a experimentação dos movimentos hesitantes desta "floresta abarrotada de folhas" a qual chamamos de "alma".

 

 

Vanessa Bell | Frederic e Jessie Etchells

 

 

Entre o 'lisível' e o visível: escrever com cores

 

 

Se, em seus romances misturam-se textos e imagens, numa simbiose cromática riquíssima, é porque Virginia sempre sonhou em ser pintora ou ter-se iniciado à teoria artística.

Quando, o crítico de arte Roger Fry organizou, em 1910, uma exposição sobre Édouard Manet e os pós-impressionistas Cézanne, Van Gogh, Derain ou Matisse, houve um grande escândalo. O diretor da National Gallery exigiu que desvinculassem o seu nome da exposição; Frederick Brown, amigo de longa data de Fry, insistiu que seus alunos não fossem ver a tal exposição afirmando que aquele tipo de arte "poderia sujar e, até mesmo, contaminar suas práticas artísticas".

Para Virginia Woolf, apenas um "terremoto" que sacudiria o terreno artístico podia enfrentar a desaprovação do público (o trocadilho, "the artquake of 1910", que agrega a palavra art e earthquake — do inglês, 'terremoto' — converteu-se num seísmo artístico). Finalmente, Woolf fez da artquake uma bandeira artístico-literária, chegando a afirmar, em dezembro de 1910, que era o próprio caráter humano que se reelaborava.

A exposição de 1910 que sustentou uma explosão de formas e de cores novas, marcou profundamente o estilo da escritora: sua escrita tornou-se híbrida, absorvendo uma configuração pictórico-literária. A literatura beirava à sutura do lisível e do visível. A tradição filosófica e artística procurava hierarquizar e analizar os sistemas artísticos, com base na noção clássica de "Ut pictura poesis", formulada por Horácio (em sua Arte Poética, Horácio defendia a irmandade entre a poesia e a pintura, chamando à pintura "poesia muda" e à poesia "pintura falada"). Com esta observação, a obra de Virginia Woolf abre uma discussão que persiste até os dias atuais, não somente sobre a relação da poesia com a imagem, mas sobre os elementos pitorescos, descritivos e expositivos da literatura e os elementos poéticos, retóricos ou narrativos da pintura.

Quando escrevia, Virginia tomava conselhos com sua irmã Vanessa Bell, vice-versa. A pesquisa de uma se construía na modalidade artística da outra; ambas comparavam e questionavam suas respectivas artes. Mais tarde, recebem o apoio do grupo de Bloomsbury, que as encorajam às discussões e ao compartilhamento intelectual.

 

 

Dentro do olho de um caramujo

 

 

O grupo de Bloomsbury rejeitava o peso da tradição vitoriana e o falso "refinamento espiritual" imposto pelo modelo de sociedade da época: ao invés de comportar-se como mulheres submissas e alienadas, vestindo o célebre corset de seda imposto pela moda de espartilhos à la Emily Brontë, Virginia e Vanessa recebiam muitos amigos em casa. Eram, em sua grande maioria, homens: os escritores Lytton Strachey e E. M. Forster, os críticos de arte  Clive Bell e Roger Fry (já citados) e os pintores Duncan Grant e Dora Carrington.

Alguns estudiosos alegam que, em Bloomsbury, a liberdade sexual era encorajada pelos membros do grupo. Porém, as discussões mais ardentes e audaciosas se faziam nos diálogos entre escritura e pintura.

O ensaio que Virginia Woolf dedica à Walter Sickert é um belo exemplo que ilustra o interesse teórico da romancista pela pintura. Mas, é pela pesquisa estética aprofundada pela irmã que Virginia demonstrará grande fascínio. Em suas telas, Vanessa dilui os traços fisionômicos das personagens para captar melhor a singularidade do modelo através da modelagem das cores. É uma maneira de representar(-se) o que está exterior ao ser, diante do impalpável, do impadronizável, sem nome, sem rosto, sem voz, sem cheiro, sem imagem. A pintura representa o objeto sem ordem aparente, sem realismos fisionômicos; ela não representa. Eis a desconfortável forma oca do alhures e da memória, cuja fisionomias — configurações — caminham sem a face vívida.

Com a mesma energia dos pintores e dos críticos de arte de Bloomsbury, Virginia também desejava insuflar em seus escritos uma dinâmica diferente.

Com a Hogarth Press, editora criada por ela e seu marido Leonard Woolf, Virginia pode prosseguir com seus experimentos envolvendo imagens e textos. Publicado em 1919, o conto "Kew Gardens" narra a "extraordinária" vida sensorial de um caramujo com seus lapsos de consciência. Porém, são as ilustrações de Vanessa Bell que dão um efeito mágico ao livro; os desenhos estilizam a grama e as flores do jardim e forçam o espectador a adotar uma visão de subsolo, respeitando a escala minúscula de um caramujo.

Mais tarde, Virginia Woolf utilizará outros tipos de ilustrações de modo experimental, articulando a arte fotográfica para criar aspectos inusitados, como é o caso de "Os Três Guinéus", panfleto de 1938 em oposição à guerra, ou o romance Orlando, de 1928, autobiografia lúdica em que trajetória do personagem central, de um século e de um sexo ao outro, é indicado com fotografias de Vita Sackville-West, que encarnavam o personagem que dá nome ao livro. Em Mrs. Dalloway, a imagem ganha vida, o texto se apropria do método de montagem cinematográfica, cruzando os destinos de dois protagonistas que nunca chegam a se encontrar, uma anfintriã mondaine e um soldado traumatizado pela guerra.

 

 

As sementes translúcidas de uva

 

 

Virginia Woolf gosta de experimentar as palavras e as ilustrações na estrutura dos seus romances. Desde o início, sua obra é sinestésica; as impressões modulam-se em cores. Tomando emprestada uma imagem poética de John Keats, ela compara a infância, o primeiro "instante de ser", a um grão de uva translúcido filtrado pelo olhar — poético, aliás, que buscava pintar a "semi-transparência" do movimento do objeto num amarelo-prateado ou verde.

Nesse 'cardápio deleuziano' de intensidades, a sensação é molecular, "miríade de átomos", de impressões desordenadas que é captada pela fluidez do texto; a palavra colore e descolore, como no conto de dois parágrafos Blue and Green, harmoniza de azul e verde como na pintura de Whistler.

Esse dispositivo da pintura desenvolve-se um pouco mais em As Ondas, por exemplo, onde os interlúdios são quadros que captam a luz do dia que se mostra encantador, mas depois desaparece, seguindo uma série de leitmotiv musicais; em outros momentos, as impressões que "encenam" a passagem do tempo, beiram a cor pura da abstração.

Numa carta, ao comentar a cor bruta, pura, das telas pintadas por sua irmã, Virginia Woolf confessa que gostaria de ter sido pintora. Do mesmo modo, não é espantoso notar que, em O Passeio ao farol (ou Rumo ao farol, 1927), uma mulher pintora, Lily Briscoe, procurando a liberdade, se torne o avesso de Mrs. Ramsay, outra personagem feminina que encarna a mulher dona-de-casa ligada aos valores tradicionais da família inglesa da era-victoriana.

O objetivo aqui não é mais fazer com que os personagens encontrem seu lugar na sociedade, acordando o lado poético dos sentimentos à prosa das relações sociais, mas converter a experiência particular numa visão coerente em termos de estética. Na realidade, Woolf busca criar, através da personagem Lily Briscoe, pontos de contato entre a experiência humana e um conjunto coerente, sem deixar de respeitar uma "estética".

Enquanto Mrs. Ramsay esforça-se em organizar o mundo, representando um modelo de sociedade, Lily, por outro lado, apenas pensa nas relações que podem existir entre formas, luzes e sombras. Linhas, cores e sombras são as únicas coisas que interessam à artista.

Na primeira parte do romance, Lily compõe e recompõe a tela, na tentativa de pintar Mrs. Ramsay sentada à janela. Em seguida, ela explica a Mr. Bankes porque havia colocado Mrs. Ramsay sentada naquele lugar, lendo para o filho ("um triângulo roxo"): "se esse canto da tela fosse claro, neste aqui, ela sentiria a necessidade de uma massa sombria".

 

"James Ramsay, sentado no chão, enquanto a mãe falava, recortava gravuras do catálogo das Lojas do Exército e da Marinha. Mesmo aos seis anos de idade, pertencia ao número daqueles que não conseguem separar um sentimento do outro mas, ao contrário, deixam que as expectativas futuras — com suas alegrias e tristezas — toldem o que no momento está ao alcance da mão. Para tais pessoas, ainda na mais tenra idade, qualquer oscilação de sensações tem o poder de cristalizar e fixar o momento em que repousam, misturadas, alegria e tristeza: assim é que James Ramsay emprestava à fotografia de uma geladeira uma felicidade beatífica. Cercava-a de alegria. O carrinho de mão, o cortador de grama, o som dos álamos, folhas branqueando antes da chuva, gralhas grasnando, o raspar de vassouras, vestidos roçando — tudo isso era tão colorido e distinto em sua mente que ele já tinha seu código particular, sua linguagem secreta, embora fosse a imagem da mais pura e inflexível severidade: testa alta, arrogantes olhos azuis, impecavelmente cândido, recriminativo ao deparar com alguma fraqueza humana. Observando-o assim a guiar a tesoura com precisão em torno da geladeira, sua mãe imaginou-o num tribunal com uma rútila toga de arminho, ou talvez dirigindo uma empresa durante uma crise financeira".

 

O ato de pintar é descrito como um "manuseio" de uma quantidade infinita de experiências diversas, fragmentárias, caóticas, armazenadas na consciência humana ao longo do tempo. Desse modo, a pintura é um remédio contra o caos: "Um pincel, a única coisa com a qual se possa contar num mundo de lutas, de desolação, de caos." É também uma medida contra o tempo: "(...) "você", "eu", "ela", nós passamos e perecemos; nada é permanente; tudo se transforma; porém, as palavras não, nem a pintura."

A narrativa de O Passeio ao farol, polifônica, gira em torno da vida dos membros da família Ramsay e suas visitas à ilha de Skye, na Escócia, entre 1910-1920. A história segue a linha literária de Marcel Proust e James Joyce, na qual a introspecção filosófica sobrepõe-se à intriga. O estilo é sinuoso e difícil. As histórias contêm poucos diálogos e quase nenhuma ação. Mas, o aspecto crucial desse romance — que lembra os romances elegíacos — é que se cria uma nova forma, desprovida de pontos de vistas.

No romance, a morte é anunciada entre parênteses; a casa, que é varrida pelo vento, dirige-se à beira do nada; a crípta da mãe morta; metonímias de uma Inglaterra abalada e desvirtuada pela Primeira Guerra. A busca pela aquisição, elaboração e criação de algo novo vêm combater a desordem deletéria do mundo e opor-se à visão do informe, ou seja, do "Tempo que passa". De um lado, destacam-se os quadros viventes, compostos por Mrs. Ramsay que, durante um suculento jantar, observa um cesto de frutas transfigurar-se na pintura de Cézanne ou de Caravaggio: seus olhos nutrem-se da beleza, a hipotipose capta o instante de existência. Do outro, aparece a pintura de Lily Briscoe que, apesar do traço e do estilo modernos e insurgentes, é completamente ignorada num sótão.

Obcecada por sua arte, Lily busca uma estética apoiada numa estrutura de aço, mas preserva a aparência frágil e carregada de efêmero, como "um bater de asas de borboleta". Na terceira parte do romance, Lily regressa à ilha e volta a pintar sua tela. De repente, o véu branco da cortina agita-se, como se, pela "graça" do pincel, o olho ressuscitasse a presença de Mrs. Ramsay. A tela captura a presença, permite o luto em torno da figura da mãe morta, enquanto a romancista conduz o leitor a sentir o rítmo da artista pintando, o ímpeto da criação, o contato sensual com a matéria, a cor. Ao final, a pintora conclui o quadro com um traço vertical, um eco estilizado do farol, uma barra de sutura/ruptura, cauterizando e, ao mesmo tempo, reavivando uma ferida.

Enquanto Mr. Ramsay acompanha os filhos para ver o farol (atualizando uma promessa do passado), Lily pode — finalmente — descansar seu pincel e afirmar, num suspiro, que ela teve seu instante de visão, uma clarividência, faísca metatextual do olhar e da criação, duplo trabalho do escritor, sutura entre o lisível e o visível.

 

 

 

Notas

 

1Leonard Sidney Woolf (1880-1969) foi editor, jornalista, ativista político e escritor britânico, fundador da Hogarth Press e diretor de várias revistas. Casou-se com Virginia Woolf e foi um dos fundadores do movimento intelectual do Grupo de "Bloomsbury".

2John Maynard Keynes (1883-1946) foi economista e ensaísta britânico. Ficou famoso mundialmente. Foi fundador

da "macroeconomia keynesiana". Considerado um dos teóricos mais influentes da economia do século XX, foi formal e informalmente assessor de muitos políticos, um dos principais responsáveis dos acordos de Bretton Woods, após a Segunda Guerra Mundial.

3Arthur Clive Heward Bell (1881-1964) foi crítico de arte, fundador do Grupo de Bloomsbury e cunhado de Virginia Woolf. Leonard e Virginia Woolf, Lytton Strachey e outros, fundaram o Grupo de Bloomsbury. 

 
dezembro, 2014
 

 

 

Jediel Gonçalves. Poeta e crítico literário erradicado na França, doutorando-especialista em literatura francesa pela Université Aix-Marseille, realiza atualmente uma tese sobre o escritor francês Marcel Proust.