[ imagem manipulada por silvana g.]
 
 
 
 
 
 
 

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"Um catálogo com muitos títulos de livros de poesia brasileira (mais ou menos a partir de 1990). Um catálogo de categorias de livros recentes de poesia brasileira. Um catálogo expressivo modulado por não-expressividade (quase). Um catálogo de tecidos. Um catálogo de poemas baseados em títulos de livros de poemas. Um catálogo não original (quase). Não pessoal (quase). Nada pessoal (quase). Um procedimento, entre tantos. Eu é um outro".

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POESIA É RISO

 

 

Poemas do bom do mau e do médio humor

Pow-emas e outros jabs líricos

Rapapés&Apupos

Pop para choque

A partir de amanhã eu juro que a vida vai ser agora

Eu também

Não precisa dizer eu também

Não responda hoje

Esqueci de fixar o grafite

Pateta em Nova York

Aos pés de Batman

Para um corpo preso no guindaste

Use o assento para flutuar

Mulheres feias sobre patins

Blasfêmea

Senta direito, querida

Ela não fuma mais maconha

A culpa é do Chet Baker

Há saci na fome

Caramelos e almofadas

Tatu inverso

Sessentopeia

Liquidificador poesia para vita mina

Rilke Shake

Água para viagem

Uma cerveja no dilúvio

 

 

 

 

 

 

POESIA É SOM E SILÊNCIO

 

 

Sons: Arranjo: Garganta

Laringes de grafite

Algaravias

Polivox

Lábia

Música possível

Música no silêncio

Retornaremos das cinzas para sonhar com o silêncio

Fazer silêncio

O exílio do silêncio

O roubo do silêncio

Rumor nenhum

Não falo

Não se diz

 

 

 

 

 

 

POESIA É POESIA

 

 

Poesia

Poesia sempre

Poesia ao acaso

Poesia restaurada

Poesia LTDA

Poesia é não

Poesia sem pele

Escrito em osso

Inscritos da casa de Alice

Cantar de amor entre os escombros

Um canto

Canção antiqüe

Quase uma arte

Metade da arte

O livro das ignorãças

O livro dos fracta

O livro das fraquezas humanas

Livro de auras

Livro das árias e das horas

Livro dos amores

Livro de possuídos

O livro de poemas de Marcos Prado

Poemas de atracação

Poemas em autoplágio

Poemas para ler em pé

Poemas de 3000 anos

30 poemas e solidão

20 poemas para o seu walkman

33 poemas

70 poemas

Outros poemas

Iluminuras

Grafias

Caligrafias

Cartas para Naíma

Carta branca

Página órfã

Refrão da fuligem

Rimas do azul do infinito

Trovar claro

O soldador de palavras

Sem meias palavras

Palavra desordem

Palavra expressa

Literatura de quintal

Caderno provinciano

Ode mundana

A linguagem prometida

Prosa

 

 

 

 

 

 

POESIA É LÍRICA

 

 

Lírico renitente

Lira do lixo

Mínima lírica

Meu demônio e anjo lírico

Deslocamentos líricos

Desencantos mínimos

Desistência

A dor da linguagem

A vida espiralada

Lábio dos afogados

Sentimento do fim do mundo

Enquanto velo teu sono

Alumbramentos

Microafetos

Esmaltes — nuances do amor demais

Sob o amor

 

 

 

 

 

 

POESIA É BABEL

 

 

Yumê

Sumi-ê

Psia

Sutra

Satori

Territor

Curare

Capimiã

Visibilia

Collapsus linguae

Ex officio

Solarium

Speculum

Samplers

The very short stories

Kawabata e eu e penúltimos poemas

 

 

 

 

 

 

POESIA É TEMPO

 

 

Gravando

Primeiro as coisas morrem

De doze em doze horas

Lutos diários

Sob a noite física

A mesma noite

Tão breve quanto o agora

De passagem

Temporário

Os tempos da diligência

Os dias gagos

No deus-que-o-diga dos dias

Mais dia menos dia

Outro dia de folia

Resumo do dia

Domingo no matadouro

Crônica das horas

Trajetória de antes

Dantes, durantes e depois

Manhã quase tarde

Tempestardes

A idade da pedra

A duração do deserto

Daqui, em 1976, acenei para você

 

 

 

 

 

 

POESIA É NATUREZA

 

 

Evangelho dos peixes para a ceia de aquário

Pescados vivos

Rabo de baleia

Pirão de sereia

Feixe de lontras

Teste da iguana

Carta aos anfíbios

A cadela sem Logos

A sombra do leopardo

O leão de Nemeia

Alcateia

A mordida do cordeiro

Alma de águia, trama de cordeiro

Ossos de borboleta

Asa de lagarta

Lição de asa

Raízes e asas

Pavão bizarro

Graúna grampola

Pássaro azul

O olho do canário

Passeios na floresta

Sexo vegetal

Saxífraga

Musga

Corola

Roseiral

Contar a romã

Florestado

O que esperar de uma flor amarela?

A flor crua

 

 

 

 

 

 

POESIA É ESTRANHAMENTO

 

 

Abre-te, rosebud!

A lua investirá com seus chifres

Pequeno tratado de brinquedos

Xadrez via correspondência

Caveira 41

456

Esperando as bárbaras

A cortesã do infinito transparente

A mulher que matou Ana Paula Usher

Tumultúmulos

Os mortos na sala de jantar

Bundo e outros poemas

Hong Kong&outros poemas

Metáforas para um duelo no sertão

Anzol de pescar infernos

Camafeu escarlate

Churrasco grego

Gume de gueixa

Brasa enganosa

Boneca russa em casa de silêncios

LSD Nô

Bissexto sentido

O legado de Beltrano

Eletroencefalodrama

Ximerix

Zil

 

 

 

 

 

 

POESIA É SIMPLES

 

 

Fábrica

Tear

Fio

Tinta

Terno novo

Camisa qual

Roupagem leve

Matéria fina

Vitamina

Coisas imediatas

As coisas

Coisa-feita

Artefato

Relógio de pulso

Martelo

Embrulho

Embrulho líquido

Estante

O retrato

O leque branco

O menino e o travesseiro

As banhistas

Dois pontos

Rodamoinhos

Figurantes

Natália

Senhorita K

O homem artificial

Exames de rotina

Pequenos afazeres domésticos

Visita

Guardar

Cair de costas

De pé

Eu andava assim tão distraído

 

 

 

 

 

 

POESIA É INÚTIL

 

 

Constatação do óbvio

Lucidez do oco

Pequenos delitos

Tortografia

Restolho&Necrológio

Do buraco à poça

Lama

Ruminações

Ramerrão

Aleijão

Cretino

Barato

Pássaro ruim

Livre-me

 

 

 

 

 

 

POESIA É TUDO, NADA OU FRAGMENTO?

 

 

Tudos

Meu brechó de textos

Esse recorte

Páginas

Restos&Estrelas&Fraturas

Lascas

Coágulos

Fotogramas

Monocromos

Estilhaço

Fragmentário

Gavetário

Dissoluções do como

Caravana

O cortejo

Saldos&Retalhos

Ror

Obscenos gestos avulsos

Flores do ócio

Nada feito nada

N.D.A.

 

 

 

 

 

 

POESIA É CORPO

 

 

Corpografia

Corpocárcere

Corpo partido

Corpo sutil

Trabalhos do corpo e Outros poemas físicos

Corpos em cena

Boatos do corpo

Estudos de pele

O reino da pele

Nacos de carne

Duas chagas

Sanguínea

A fome insaciável dos olhos

Para seus olhos de vidro

Fechei os olhos para me ver

A morte dos olhos

Olhos cegos

Cores para cegos

Colírio

Um útero é do tamanho de um punho

 

 

 

 

 

 

POESIA É SOLIDÃO

 

 

Entranhamento

Intimidade inconfessável

Confissões aplicadas

Ilhéu

Solo

O respirante

Nu entre nuvens

O observador e o nada

Solo

Monodrama

O um

Automatógrafo

Segredaria

Solidão de Caronte

 

 

 

 

 

 

POESIA É LUGAR

 

 

Matéria e paisagem

Paisagens possíveis

Paisagem transitória

Passagens

Em trânsito

Trans

Trens

Via férrea

Nômada

Léu

Ao léu

Lugar algum

Zona branca

Des. caminhos

Coisas no meio do caminho

Decerto o deserto

Geografia íntima do deserto

Desrio

As faces do rio

Rio raso

No entanto d'água

Água rara

Raromar

Sinais do mar

Marambaia

A diferença do fogo

Sábias areias

Beira-sol

Se lá no sol

Algo de sol

Sol sem pálpebras

Uma abelha ao sol

Cinzas do sol

O secreto nome do sol

A noite também um sol

Outono de pedra

Sara sob céu escuro

Zona de sombra

Sombras em relevo

Neblina

Uma cidade nas nuvens

Do centro dos edifícios

Distância

A montante

Fora-de-quadro

Redor

Rente

Contíguo

Nesta calçada

Meio-fio

Rua Musas

A rua do Padre Inglês

Belveder

Parapeito

Figuras na sala

No assoalho duro

A casa toda nave cega voa

Treva alvorada

Lapidação da aurora

A idade das chuvas

Fundos para dias de chuva

Folhas de outono

Folhas ao vento

Vazadouro

Roça barroca

Ambiente

Mapoteca

Meio mundo

Macromundo

Evite permanecer nesta área

Planos de fuga e outros poemas

 

 

 

 

 

 

POESIA É VIDA

 

 

Vida na margem

A poesia agora é o que me resta

Por tudo aquilo que o tempo não cura

Vísceras à vista

Nós em miúdos

Selva de sentidos

Estranhas experiências

Dublo dublê

A diva no divã

Da poeta ao inevitável

Dos bastidores à ribalta

O ex-estranho

Loucos de pedra

Amores brutos

Lança além do real só

Espetáculo das sensações alheias

Missão na Terra

Remorso do cosmos

 

 

 

 

 

 

POESIA É PROCEDIMENTO

 

 

A uma incógnita

Empresto do visitante

O sonho da razão

À maneira negra

Prática do azul

Crostácea

Sarabanda

Cosmologia

Angelolatria

Incensário

Novolume

Peripatético

Retrovar

Bufólicas

Desorientais

Miniaturas cinéticas

Figuras metálicas

Módulos

Modelos vivos

Pedra habitada

Brisais

Ar

Fôlego

Estado crítico

A lapso

Minimalâmina

Máquina zero

Inverso

Negativo

Mergulho às avessas

Carbono

Cinemaginário

Aborigem

Terminal

Espelhar

Crescente

Contracorrente

Do objeto útil

Dois em um

Mais ou menos do que dois

Sim senhor às suas ordens isto é um motim 

 

 
 
março, 2014
 
 

 

Ricardo Pedrosa (Governador Valadares/MG, 1970) é doutorando em Literatura (UFPR), graduado em Ciências Sociais (Unicamp). Publicou Desencantos Mínimos (Iluminuras, 1996) e barato (Medusa, 2011). Tem poemas nas revistas Inimigo Rumor, Oroboro, Monturo, Vagau, etc. Edita o blogue NaturalismoPsicodélico.
 
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