§ a ferro e fogo moldam-se o tempo a esperança a vida forjados na luz inventam um pouco de mim pela tangente escapam larvas de sol cingindo o horizonte um surto um lampejo rasgando o ventre. § o poema voa  encontra a garça — fazem um ninho. § poesia aberta a concha o sol explodirá. [Do livro Outras palavras, 2005] § a olho nu não se vê átomo/palavra no ar cinco letras  poço de letras. § rolou uma química ela me conhecia perguntei sua graça ela disse poesia. § se a vida for do outro lado o que faço aqui? § solidão só lidando. [Do livro Reação, 2014] § sou apenas espera sem realce sem alçar voo sou só terra soterrada mas não me permito âncora nem ponto final. § ser ser a palavra livre livre arbítrio eu e deus no abismo. § apontei a flecha para o teu coração ela desviou o caminho acertou ou errou o alvo? § bashô em mim um sol vermelho chama viva.  [Do livro O sol da palavra, 2018] § o meu abraço  te mando embrulhado em folha de papel almaço fechada pra balanço. [Do livro O intenso instante, 2020]

 

                  

 

 

 

 

 

 

 

 

Silvana Lourença de Meneses, natural de Caxias/MA, professora universitária, graduada em Química Industrial, doutora em Zootecnia. Publicou os livros de poesia Embarcação (1988), A Olho Nu (1992), Impressões em Haikais (1995), Outras Palavras (2005), Estação Poesia (2008), Reação (2015) e O intenso instante (2020).