Woody Allen é um dos diretores de cinema mais interessantes e um dos meus favoritos. Com diálogos e personagens bem-humorados, seus filmes retratam situações dramáticas com as quais nós rapidamente nos identificamos. Recentemente ele lançou a história de sua vida em livro, A autobiografia, que poderia muito bem ser o enredo de um dos filmes que dirigiu. Woody Allen é um grande escritor, e ler sua autobiografia é um ato tão prazeroso quanto assistir a seus melhores filmes. Mas ele foi "cancelado" por vários atores e atrizes, por uma filha e, principalmente, por sua ex-mulher, a atriz Mia Farrow.
O barato de ler A autobiografia é poder enxergar, através da visão do Woody Allen, os bastidores dos filmes, saber a opinião dele sobre os atores que dirigiu, seus gostos musicais, literários e gastronômicos, os locais que ele curte em Nova Iorque, na Europa, seu lado musical, o gosto pelo jazz, pelo clarinete, as mulheres que amou e os filhos. Allen está há mais de 30 anos sem ver nem falar com uma filha, Dylan. E só há pouco tempo, o filho, Moses, tomou a iniciativa de contatá-lo. Isso deve ser muito triste. Segundo Woody, a atriz Mia Farrow faz a cabeça dos filhos para construir a imagem de um pai pedófilo e inescrupuloso. Ele acha que Mia faz isso porque não se conforma em ter perdido o marido para uma filha adotiva, com quem o cineasta é casado há quase 30 anos.
Eu penso que o Woody Allen escreveu sua autobiografia simplesmente para poder se comunicar com a filha, Dylan. Mas ele não consegue perder o bom humor, mesmo nas situações mais dramáticas. Ler A autobiografia dá vontade de ver os filmes de um dos meus diretores favoritos. Afinal, é possível afirmar que sua vida é um Festival do Amor, que cabe em Um Dia de Chuva em Nova Iorque, do alto de uma Roda Gigante, narrada por um Homem Irracional, que acha que Tudo Pode Dar Certo, já que, apesar dos Trapaceiros e das Celebridades, Todos Dizem Eu Te Amo por trás de Neblinas e Sombras.
Allen diz que, mais do que dirigir, curte escrever. Olha só: antes de ser diretor, ele se sente escritor. Então, sugiro que A autobiografia seja lido como quem vê um filme. Pegue a pipoca, sente-se na poltrona e curta a leitura.
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O livro: Woody Allen. A autobiografia.
Rio de Janeiro: Globo Livros, 2020, 328 págs., RS$ 50,92
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setembro, 2022