Tú que vienes de
Cuba
Dímelo que es un árbol
Desde su copa hasta las ramas
Donde
alzarse hasta la punta
Y coger una toronja
Como es eso de
besar
Con labios húmedos de jugo
Y calientes las lenguas y la
sombra
Bajo el sol del mediodía en la loma
Un árbol desde
adentro
Desde la copa
Desde la sombra vista del alto
Há uma
pureza que se perde
Na transcrição das
frases
Uma pureza
que está na memória
Livre dos gestos
livres;
Mas não ali
quando os repetimos.
Algo entendido para
sempre.
Que procuro
manter em silêncio
E retirar só em caso de
urgência.
Em Viagem a Cuba,
1999
Lírios,
Não os
vejo,
Seis pétalas
E talos verdes.
Úmidos,
Ao
meio-dia,
Livres como lampejos.
Aqueles;
Quase
vermelhos,
São lírios
Por seus desejos.
À margem,
Onde não caem
estrelas,
Conjuga-se o vergar das vigas mestras.
À margem,
Conspiram
negras miragens,
Atentas como espelhos.
À margem estão
Os
insones do século,
Febris pela ausência que se nota;
Tatuada no
silêncio,
Presa às costas.
Amanhã saberei a doce
umidade da fruta,
À sombra das árvores que cercam,
Na mais bela
curva,
A doçura maior da vida inteira.
Com guizos de primavera
saberei
A luz doce e indefesa,
Ao invés de mortiça.
O peso das
lágrimas, das estrelas,
E o coração vazado por um rio.
Do sargaço sairá o
pássaro
Que zingra todo claustro.
Porém não poderei me
esquecer
Jamais
....................................................
Das
pérolas de sal,
Das âncoras soltas por dentro,
De quando o sol não
era mais que um sino prisioneiro,
De quando não havia caminho
algum
Sob as nuvens da noite.
Em Azul escuro,
2003
ZEEBURGERDIJK
Minha rua se
estende
Sob o arco do sol.
De manhã vou ao centro,
Leve
o sol em minhas costas;
À noite vou atrás dele,
Contra o
sol além do
rio.
O homem de bigode
vermelho
A loira de bicicleta que se virou e sorriu
O
livreiro que disse para sentir
A velha com o pandeiro:
Aleluia!
Os inúmeros turistas do Japão
As crianças nos
museus
As prostitutas negras nas vitrines
Os biscoitos de
canela
Os pássaros: cisnes, cegonhas, corvos, gralhas,
grous
Os cafés escuros, a cerveja impregnada
As bicicletas
antigas
As longas barbas brancas e os olhos azuis
A luz de
longe a lua partida no meio exato
O azul da
meia-noite
Quantas pontes
As janelas
fechadas
Quo vadis, era o nome do
barco
Em XXX,
2003
CAPITAL DA
DOR
Agradeço
Obrigado
Por esta pequena
solidão
Esta noite
Musa-chuva
Quarto de
solteiro
Sonho-oração
Em Linha vermelha,
2005 (inédito)
Alexandre Barbosa de Souza (São Paulo, dezembro de 1972) estudou
medicina, filosofia, cinema e letras, sem se formar
em nenhuma dessas escolas. Publicou Livro de poemas
(Giordano, 1993), Viagem a Cuba (Hedra, 2000),
Azul escuro (A Preguiça Editorial, 2004),
XXX (Dolle Hund, Amsterdam, 2004) — todos de poesia — e
Autobiografia de um super-herói (Hedra, 2003), novela
para jovens leitores. Recentemente, foi às bancas uma adaptação para
crianças que fez do Dom Quixote. Desde 1995, trabalha como editor
(editoras 34 e, atualmente, Cosac & Naify), tradutor (francês,
inglês e espahol) e redator (sobre livros, na revista Bravo). Ajudou a
criar algumas revistas alternativas como Meia de Seda (HQ), Azougue
(poesia) e Ácaro (onde foi editor de poesia com Fabrício Corsaletti).
Trabalha desde 2001 numa biografia da cantora Araci de Almeida, com
Leonardo Prado.