"Obra completa de João Simões Lopes Neto", 2003, 24 x 32 cm, aquarela e lápis sobre papel
 
 
 
"(...) Como primeiro espectador de sua obra, Enio estabelece um processo criativo cíclico que traz força e consistência à sua pintura. O artista pinta e repinta seus quadros, até encontrar o desenlace pictórico que, pelo menos supostamente, procura. Não é necessária uma observação muito minuciosa; a inquietude se manifesta na gestualidade calculada e na explosão contida de suas composições. Parece ser tudo tão absorto, que mesmo as cores puras gritam de forma surda, atenuadas pela solidez da superfície do quadro. (...) Em muitas de suas obras, a insistência de linhas e cores provoca perspectivas e figuras disformes. Suas pinturas de interiores procuram captar as vibrações e variações das cores nesse espaço restrito. Não há brilho, apenas uma centelha que confunde e sugere certa vibração áspera. Há, sim, uma concretude em todas as coisas, que parece fazer com que as formas se mesclem, mas sem perderem a referência de seus contornos. As texturas das paredes dos interiores se confundem com a pele dos personagens, mas os contornos, aparentemente desfeitos, se impõem e não se diluem. Isso vale até mesmo quando o pintor extrapola os limites da moldura do quadro. Toda essa materialidade ajuda a conferir um sentido contemporâneo a suas imagens: elas parecem falar diretamente ao espectador sobre um estranho espetáculo cotidiano, sobre uma espécie de redenção da futilidade da vida, a ânsia da realização, a pulsante necessidade de criar, ou mesmo sobre o espetáculo sensorial no qual a vida pode se transformar. (...)".
 
Alessandra Simões, em Figuras ressonantes — a fé inabalável na figura e a inquietude gestual na obra de Enio Squeff
 
 
 
"Corredor", 1997, 93 x 73 cm, óleo sobre tela e madeira
 
 
 
"(...) Quando o Enio Squeff estraga um quadro é quando um quadro se torna um Enio Squeff. Um Enio Squeff é uma pintura em que a raiva está pintada. Essa raiva contra a 'doença contagiosa do ocidente'. A raiva que é como a salvação de saber-se doente. É impossível que alguém viva no capitalismo sem adoecer. Mas ainda resta sentir ódio da doença, sem conivências, sem ilusões. E se tem o dom de pintar, pintar a raiva. Mostrar a Cuba essa raiva há de ser bom para Cuba. Um artista (verdadeiramente) é um artista mesmo doente, mas se ele não se curva frente aos enganos do capitalismo, não é um doente desenganado. É um artista acusando o mundo de seus males. Salva-o, saber-se doente; salva-o, saber (e poder) pintar a raiva. É bela, a raiva por coisas feias. Muito bela".
 
Willy Corrêa de Oliveira, em Para Cuba
 
 
 
"Ateliê com pessoas", 2000, 24 x 32 cm, aquarela sobre papel