Um abismo sem fundo. Isto era o Caos para Hesíodo. Nas sugestões da mancha das maravilhas e dos devaneios, continua sendo. É esse sem-fundo que ousamos nunca atingir, apenas para que a existência seja intensa.
O Caos é o Dragão. A vertente do belo no que é pesadelo.
Enquanto não se atordoam os espaços, saldemos as dívidas com alguns parágrafos definitivos para um contema secreto, secreto. E nele, o que se diz do ser Odraga em risco com o Dragão.
§ Aliandro Odraga tem olhos, cabelos, uma ponta de remorso no umbigo esfacelado...
§ Minha mártir-mãe não comenta com mais ninguém: o líquido vermelho a molhar meus dedos são lágrimas de Aliandro Odraga...
§ Construo cicatrizes na cara de Aliandro Odraga. Ele geme, eu engulo o eco nos abismos da voz...
§ Grito: o céu dos anjos cai, estorrica-se na treva estalando tão alto o som de garranchos. E Aliandro Odraga resseca em dor suas retinas...
§ Surgem a ferrugem do tempo, o couro do anjo e demônio, a abóbada de alumínio amassada pelas patas de um gafanhoto com cabeça de fogo...
§ Raios de estrelas, engulo-os todos, unto-os ao eco e cuspo bravejos de fogo, fogos de artifício, bombas. Mato Aliandro Odraga, com a fogueira de seus cabelos...
§ Livro Aliandro Odraga do remorso maior. Destruo o desejo dos apocalípticos. Cravo na soleira da solidão o imortal umbigo de Aliandro Odraga...
§ Minha mártir-mãe ainda sofre e chora, vendo-me sangrar pelos olhos. Louco, a escrever, arrancando a goela para não salvar a humanidade...
Pronto. O Caos é o nosso apocalipse secreto. Noite e dia.
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estante (ainda em construção): aguarde com paciência!
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dezembro, 2005
jorgepieiro@secrel.com.br