Glass pieces and life Slices. Seqüência Fotográfica, 1975 (Detalhe). Coleção da Artista. Foto Iole de Freitas.
 
 
 
 
 
 
 
 

 

"Iole de Freitas é uma artista mineira que vive no Rio de Janeiro e tem uma atuação de destaque no campo da arte contemporânea. Iniciou seu trabalho artístico nos anos 1970, dentro de uma vertente conceitual, realizando performances que eram registradas por ela própria através de fotografias e filmes super-8. Nessa época, vive na Europa, Milão, e participa de um grupo de artistas de vanguarda que trabalha as questões da body art, ou seja, questões ligadas ao corpo e ao deslocamento do corpo no espaço. A partir dos anos  1980, já de volta ao Brasil, Iole vai pouco a pouco abandonando o corpo como mediador do trabalho, substituindo-o pelo 'corpo da escultura', que se evidencia nas obras tridimensionais das séries Aramões, Corpo sem órgãos, Teto do chão, Escrito na água, onde a artista trabalha com diversos materiais como o arame, a tela, o aço, o cobre, a pedra e a água. Nos anos 1990, as obras de Iole passam a ser instaladas em locais específicos, discutindo o campo expandido da escultura em diálogo com a arquitetura, através de projetos curatoriais bem direcionados, como: A Capela do Morumbi em São Paulo (1991), o Galpão da EMBRA em Belo Horizonte (1991), o Projeto Arte e Cidade em São Paulo (1994) e o Museu da Pampulha em Belo Horizonte (1999)". [Marília Andrés Ribeiro, Série Circuito Atelier, Nr. 30, Iole de Freitas, Editora C/Arte, Belo Horizonte, MG, 2005]

 

Sem Título. Cobre, Latão e Aço Inox, 350x320x90 cm, 1993. Coleção Museu Winnipeg, Canadá. Arquivo Iole de Freitas.
 
 
 

 

"Foram muitas as influências, entre elas Picasso, Cézanne, Degas, porém os artistas russos tiveram importância especial. O Relevo de canto, de Tatlin, traz a marca das descobertas de Picasso. De fato, o meu trabalho vem muito por aí. Para fazer arte precisa-se de ter uma vontade de investigação profunda, porque ao mesmo tempo em que você dirige o olhar para estes trabalhos de referência, você comanda uma linha tênue, que seja de reflexão coerente com as suas próprias investigações, com aquilo que o seu pensamento estético pede e tem aptidão para resolver. Meu trabalho passa pelo neoconcretismo, mas alimentado por toda a experiência de vida que me foi sendo trazida, desde a minha infância, e que me foi ampliada pela experiência em Milão. Quer dizer, o contato, o conhecimento, as leituras foram importantes". [Iole de Freitas, Série Circuito Atelier, Nr. 30, Iole de Freitas, Editora C/Arte, Belo Horizonte, MG, 2005]

 

 

 

Estudo Para Superfície e Linha. Instalação no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, RJ).
Policarbonato e Aço Inox, 4,2x30x10,6 m, 2005. Foto Sérgio Araújo.
 
 
 
 
Iole de Freitas nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, em 1945. Muda-se para o Rio de Janeiro, RJ, ainda na infância. Estuda na ESDI (Escola Superior de Desenho Industrial), de 1964 a 1965. Na década de 1970, trabalha em Milão como designer no Corporate Imagem Studio da Olivetti, sob a orientação do arquiteto Hans von Klier. Em Milão, começa a desenvolver e a expor o próprio trabalho a partir de 1973. No ano seguinte, realiza exposição individual das seqüências fotográficas, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, RJ, cujo catálogo traz o texto "Ontogênese e Filogênse" de Paulo Sérgio Duarte, e também faz exposição individual na Galerleria Ortelli, em Milão, Itália. Em 1975, participa da IX Bienal de Paris com instalações e seqüência fotográfica da série "Glass pieces, life slices", a convite do crítico Tomasso Trini. Participa da exposição 03 23 03 — Primières Recontres Internationals d'Arte Contemporain, em Montreal, Canadá. Integra, em 1980, a exposição Quase Cinema, no Centro Internazionale di Brera, em Milão, Itália; a mesma mostra foi apresentada em 1981, na Fundação Nacional de Arte (Funarte), no Rio de Janeiro, RJ. Em 1981, participa da IX Bienal de São Paulo, SP. Realiza em 1984, a exposição individual de esculturas intitulada Aramões, na Galeria Arco, São Paulo, SP. Em 1986, recebe a bolsa Fulbright-Capes, para realizar pesquisa no Museu of Modern Art (Moma), Nova York, EUA. Expõe, em 1990, as primeiras esculturas de grandes dimensões na mostra individual no Gabinete de Arte Raquel Arnaud, São Paulo, SP, onde apresenta catálogo com o texto "Delicadeza Traumáticas", de Paulo Venâncio Filho. A partir de 1991, projeta várias esculturas para locais específicos em São Paulo e Belo Horizonte. É convidada, em 1993, como artista residente pela Winnipeg Art Gallery, no Canadá. Participa, em 1995, da mostra Cartographies, no Espaço La Caixa, Madri, Espanha. Em 1998, participa de importantes coletivas: Arte Brasileira no Acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo — doações recentes 1996-1998, CCBB, Rio de Janeiro, RJ; XXIV Bienal Internacional de São Paulo, SP, etc. No ano 2000, realiza individual no Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, RJ, e dos projetos Brasil — 500 anos, na Fundação Bienal de São Paulo e Investigações: o trabalho do artista, no Instituto Itaú Cultural de São Paulo, SP. Realiza exposição individual no Museu de Arte Contemporânea (MAC) de Niterói, RJ, e na Marcus Vieira Galeria de Arte, Belo Horizonte, MG. Em 2005, expõe na V Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, e também no III Fórum Arte das Américas, Belo Horizonte, MG, onde faz o lançamento do livro Circuito Atelier, em sua homenagem, projeto coordenado por Fernando Pedro da Silva e Marília Andrés Ribeiro. Suas obras pertencem aos acervos do MAM/Rio de Janeiro, MAM/São Paulo, MAC/Niterói, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, MG, Museu de Arte Contemporânea, Porto Alegre, RS, várias fundações e museus do exterior. Presente nas principais coleções particulares do país e exterior.