mascarado
 
1
 
alterando alter-egos
eu me faço
e me desfaço
me destruo
e construo
                a poesia
 
e me disfarço
em meu não-ser
na tentativa de ser
o que não sou
para satisfazer
aquele que me procura
onde não estou
 
 
2
 
eu
     soul
o que (não)
     sou
o que não
quero
         ser
prazer
em me (des)
                 conhecer
 
 
 

leminskiniano #1
 
mesmo a esmo
eu me mexo
 
               movo o eixo
               miro o meio
 
mas o tiro
               erro em cheio
 
 
 

*
 
the heart is an ocean
of arteries
 
b  
      o
   l         d
         o

                   and emotions
 
 
 

motto perpetuo
 
                       Do what thou wilt
                       shall be the whole of the law
                                        Aleister Crowley
 
Fazei o que desejas
e o que vir e convir.
 
Na dúvida não morrem os curiosos,
pois a cura está na busca,
e não no que já é achado.
 
Antes estar convicto do errado,
a conviver com o marasmo do acerto,
que de tédio jazem parados os postes
nas estradas que levam tudo ao nada.
 
Tentar outra
          e outra
          e outra vez ainda.
 
Tomorrow      and tomorrow      and tomorrow.
 
 
 

*
 
vou
vi
vendo
de
vento
em
polpa
sem
pompas
vou
vi
vendo
ven
cendo
ávido
a vida
a ver
navios
voando
ao vento
 
 
 

leminskiniano #2
 
toda a minha mocidade
pouco a pouco vai morrendo
na flor da (viril)idade
 
 
 

leminskiniano #3
 
                Para Estrela Ruiz Leminski
 
o dia amanhece
e uma alegre tristeza
já me anoitece
 
 
 

horas de morfeu
 
insônia
 
a manhã vem de leve
e leva-me os sonhos
 
pudesse à noite
eu viveria
sonambulante
e adormeceria
em plena luz do dia
 
insânia
 
 
 


 
 
chave-léxica: vela/revela/favela/com fome/fome/consome/favela
 
 
 

síntese clássica
 
a vida
o verde
a verve
o verbo
na voz
de virgílio
 
 
 

*
 
no orgasmo da catarse
explorar as palavras no papel
e esporrar na página 
                           POESIA         
até que a noite seja dia
até que o amargo de meu ser
seja doce como mel
 
 
 
 
 
 
 
Fábio Cezar, carioca, graduado em Letras, é professor e músico. Escreve como colaborador de revistas, jornais e sites culturais. Edita o e-zine literário "Falárica", pelo qual divulga sua poesia e de outros poetas e prosadores. Integra a antologia Panorama literário brasileiro 2004/2005 — poesia — as 100 melhores de 2004 (CBJE, Rio de Janeiro: 2004), destaque da CBJE na XII Bienal Internacional do Livro, no Rio de Janeiro, em 2005, entre outras publicações. Mantém o blog tEð¡á®¡ö þOeTét¡¢ö, laboratório poético onde expõe suas "hipatéticas experiências eletro-estéticas".