ninguém
perdoa meus sonhos
ninguém perdoa meus sonhos
mas perdoam
sangue
lágrimas
mentira
.
quadrado mundo
que moribundo
gira
spandaemonium
o mundo todo me vigia
ninguém me vê
na
idade mídia
web cams
globos negros na rua xv
nem no
elevador posso mexer no nariz
já tenho um código de barras
sou produto não
cadastrado
mas alvo
por satélite
seguramente
localizado
(virtual até nos nervos
já penso em me
desconectar)
ah
ontem recebi um e-mail
era você
me
avisando dos novos tempos
agora obsoletos
: deletaram-me os dedos
mas talvez minha avó
ainda saiba de um
chá
que seja bom
para defeitos
labirinto
labirinto
o próximo passo
no máximo
passo atrás
ademais, o que vier,
será implícito na causa
incluso no mais ínfimo
desejo de cova rasa
"não se meta com estranhos
e volte
direto pra casa"
— refrão do sermão da mãe
dando afago aos
meus pés
e piso na brasa
ao invés
de dar asas
às asas
e o
padre
e o padre
confessou tudo
latim por
latim
otário
caiu no conto
do vigário
poemas
goela abaixo
poemas goela abaixo
tequilam-me
acho
enfim
enfim
minha face
verdadeira
:
vivo a vida toda
esperando uma
vida
inteira
sol nas
costas
Sol nas costas,
avermelha casca pálida
e pá
na terra.
Paz?
(Pés juntos,
e eu nem gostava desses
sapatos!
Quem me pôs essa gravata
com cheiro de
barata
vai pagar caro!)
*
muralho meus sonhos
com fino
concreto
quem dera eu fosse
anarquiteto
welladay
na passagem
para a
passagem
noiteadentro
ab
sinto
e se alguém souber de cronos
que mande-o pra
cá
provar de minha espada
manchada do sangueterno
das
horas passadas
sem volta
noiteadentro
ab
sorvo
cada megamicroinstante
se deliro
bem que faço
renasço
corvo
e só me dou conta
de quanto dela
passei
quando o Simão
dono do bar
diz não ter troco
pra nota de cem
*
num galho
do pomar
a pipa enroscada
só falta
cantar
trêmulo
trêmulo
à voz da
lua
perambulo
procurando
a tua
e eis que o frio
frio me faz
entender
: certas noites
findam muito
muito
antes
de amanhecer
pantomínima
argumento,
motivo
do conflito:
antes não reflito
me divido
sou
perda
sou passado
sou bogart
no mesmo noir
irrevogável
reverso
nem há como caminhar
pois sou
pedra
jurada de vida
pelo universo