©polina
 
 
 
 
 
 

  

 

     sexmart

 

       ela espicha a longa

          língua lasciva e

 

          lambe a própria

          axila ruiva e logo

 

           elástica ginasta

          chupa com volúpia

           jocosa o dedão

                        do pé

 

       suga o mamilo róseo

         dedilha unhas lábios

vermelhos

                        descerra

 

na sarça o sorriso

  rubro da corola

úmida mordente

 

    cum inside 

 

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      or fuck off

 

 

 

 

          aula magna

 

o cadáver aguarda o  início  da  aula magna o legista-mor

confabula  com seus  pares e  das  galerias pendem olhos

sobre a figura rígida anoréxica esculpida pelo rigor mortis

nada de mamas tão só mamilos ornamentais

 

| primeira  incisão | revela  seu ventre  estéril  nada de tripas

nada  de útero  atrofia  típica  de  quem se manteve à míngua

com  uma  dieta de  gafanhotos  chineses  álulas  de  libélulas

ossos de lepidópteros | segunda incisão | pulmões vitrificados

 

árvores de gelo a  entrópica necrose da nobre víscera falência

do órgão da fala e do canto e cada corte aprofunda o espanto

se  desintegra  o ente antinatural | esquecido de ser | que se

deixou exaurir em fóssil vivo tácito mineral desmetaforizado

 

 

 

 

T®ANSGÊNESIS

 

imp®ime teu nome

em cada g®ão de

milho & t®igo

 

mamon

$anto

 

 

sobre tua

natu®a

 

o sol

ainda

brilha

 

grátis

 

 

 

 

                                                       bestiário

 

no ano 2136 a.c. um dragão chinês tentou devorar

  o sol. um grego ctésias registra que o unicórnio é

     branco, tem a cabeça púrpura e os olhos azuis.

                       no tibete, ninguém duvida do yeti.

          até hoje, o bigfoot, a serpente de loch ness

                    e o homem-orangotango de sumatra

                  continuam à solta. mas há quem diga

                                         que a poesia morreu.

 

 

 

 

amazing amazona

 

eu sou muito exigente ouvi em meio ao estridor da festa dizer

 a mulher atlética com quem eu levo para a minha cama feito

 proto-heroína de HQ soviética juba leonina botas de amazona

seja homem ou mulher ao rapaz fascinado pássaro ante serpente

 ávidos lábios vagina fluorescente seios intrépidos sob a seda

 sépia o brilho fosco dos pingentes de metal em seus mamilos

 

 

 

[Do livro inédito, Meteoritos]

 

 

 

 

junho, 2007

 

 
 
 
 
Luiz Roberto Guedes. Poeta, escritor e tradutor, nasceu e sobrevive em São Paulo. Publicou, entre outros, Calendário lunático — erotografia de Ana K (Ciência do Acidente, 2000), a novela O mamaluco voador (Travessa dos Editores, 2006), e organizou a obra Paixão por Sâo Paulo — antologia poética paulistana (Terceiro Nome, 2004).