Notas
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1"Um cordão
de sapato em cujo laço
Vejo um
civil desembaraço:
Movem-me
mais do que se a Arte
É por demais
precisa em toda parte."
(Tradução
de Augusto de Campos, in:
Pound, Ezra. ABC da Literatura, Cultrix, São Paulo, 1990, p. 202)
2 "Como
os ecos além confundem seus rumôres
Na mais
profunda e mais tenebrosa unidade,
Tão vasta
como a noite e como a claridade,
Harmonizam-se
os sons, os perfumes e as côres."
(Tradução
de Jamil Almansur Haddad, in: Baudelaire, Charles. As Flores do Mal,
DIFEL, São Paulo, 1964, p. 92)
3 Eclipse,
"Eclipse", p. 107.
"Sabias
que essa noite chegaria, a do sistro de cal
a jazer
na caverna, os lobos em silêncio
e os homens
de mãos artífices, tão destros
na arte
de morrer.
E tu, aí
afora, te surpreendeste ferido pelos astros?
Já não
palpitam, não são almas onde escapara fugaz uma paixão, desta vez
nasceram
opalinos ovos do eclipse, esperando por abrir-se
em derrubada.
Cairão sobre a terra que pisaste, planetas ocos
da primeira
quadratura, pedras rotas sobre o cristal que havias historiado
com tuas
velhas cenas de caça em Nínive.
A hora
chegou, já viste por demais o pergaminho do teu céu.
Já sabes
que teu peito em negativo não acusa coração nem família nem nada
de sagrado,
Fressia irremediável, só essa ostra celeste feita de tempo,
madrepérola
minguante (não repitas a má sorte no eclipse)
onde voltava
a nascer sempre teu pai, a indagar inutilmente
por um
filho, sua mensagem no tempo, marcas digitais contra o vidro
embaçado
de futuro e a ti, garrafa ao mar, te tragava o turbilhão
dorsal,
dos Apeninos até a pampa. "
(Tradução
de Rodrigo Petronio)
4 Eclipse, p. 77.
O poema faz parte do trecho antológico do livro.
"Os pensamentos
vagabundos
se pensam
como nuvens,
assim
navios
esquecidos
ou sem
rumo as nuvens
não deixam
senhas no vento
e erram
sem memória
como dunas
à vontade
de mar
que ninguém
pensa."
(Tradução
de Dirceu Villa)
5 Eclipse, "Cartografía Espiral para un Eclipse", p. 9.