Rodrigo Leão – Ricardo Silvestrin, como é fazer parte dos PoETs?


Ricardo Silvestrin -
Nos poETs, exercito o meu lado de compositor e vocalista. Nossos shows estão trazendo cada vez mais público. Tem comunidade de fãs no Orkut. As músicas tocam nas rádios. A experiência de gravar o cd Música Legal Com Letra Bacana também foi muito boa. É um trabalho de canção: letra e música. E uma ótima parceria, artística e de amizade, com o Ronald Augusto e o Alexandre Brito.

 

 

RL - Fale-nos da experiência de escrever quinzenalmente para jornal.


RS -
Tenho que falar sobre algo da arte, da cultura. Faço, na coluna, um texto entre o pequeno ensaio e a crônica. Meu objetivo é mostrar um ângulo interessante sobre alguma produção artística, tanto recente quanto de qualquer época. Tem funcionado. Já escrevo há quatro anos no jornal Zero Hora.

 

 

RL - Quais as linhas de força de sua poética?


RS -
O básico é a pesquisa criativa do discurso poético.

 

 

RL - Com quantas metáforas se faz um poema?


RS -
Não sei. Não costumo pensar em metáforas. Penso mais no poema como um todo: nas surpresas de significado, de som, de desenho. O fundamental é achar caminhos criativos e trilhá-los para ver onde eles vão dar.

 

 

RL - Como vê a veiculação de arte pela internet?


RS -
Acho que se complementa com as outras formas de veiculação. Gosto do livro, do cd, do show, do rádio, da tv, do cinema, do outdoor, do jornal e da internet.

 

 

RL - Qual a importância da internet pra um poeta hoje?


RS -
Ampliar a turma.

 

 

RL - A pós-modernidade é um conceito que pode definir o mundo artístico que vivemos?


RS -
Talvez já estejamos numa segunda pós-modernidade. Penso isso mais em termos de política, de ideologia. Acho que o desencanto com as utopias já foi assimilado. Agora estamos na fase, creio, das perguntas. Se não é isso, é o quê? Já no campo artístico, acho que o artista deve sempre propor algo seu e nesse recorte pessoal acaba se revelando alguma novidade. Nesse sentido, tanto faz se estamos na pós-modernidade ou em qualquer tempo.

 

 

RL - Quem é o poeta brasileiro? Ele vive ou sobrevive?


RS -
O poeta é sempre esse produtor de linguagem em estado de quase falência. O poema, magro, nem ocupa uma página inteira. É sempre um desafio ao leitor, ao pensamento. Sendo assim, ele sobrevive. Mas já há quantos séculos? No meu caso, não posso me queixar muito, pois, somando os dez livros que já editei, todos de poesia, já vendi cerca de 45 mil livros. É claro que entre esses 10, tem quatro de poesia para crianças, o que levanta a média de venda.

 

 

RL - Tem algum mote?


RS -
escrevendo, escreouvindo, escrelendo

 

(poema do meu livro O Menos Vendido)

 

 

 

RL - Qual o papel do escritor na sociedade?

 

RS - Se for um papel de livro, 80 ou 90 gramas, para mim, já é um bom começo. 

 

 

 
 
março, 2007
 
 
 
 
 
 

Ricardo Silvestrin (Porto Alegre, 1963). Poeta. Formado em Letras, UFRGS/1985. Vários livros publicados, entre eles, ex, Peri, mental. Poesia. Porto Alegre: editora ameop, 2004; O menos vendido. Poesia. São Paulo: Nankin Editorial, 2006. Editor da ameop — ame o poema editora. Colunista do Segundo Caderno do Jornal Zero Hora. Integra o grupo musical os poETs. Seu site: www.ricardosilvestrin.com.br

 

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Rodrigo de Souza Leão (Rio de Janeiro, 1965), jornalista. É autor do livro de poemas Há Flores na Pele, entre outros. Participou da antologia Na Virada do Século — Poesia de Invenção no Brasil (Landy, 2002). Co-editor da Zunái — Revista de Poesia & Debates. Edita os blogues Lowcura e Pesa-Nervos. Mais na Germina.