matmos
escrever a
violência do
inalador num livro para
imortalizar a memória da
asma observar o
escape das bolas
de fogo do meio das nuvens
como se fossem um jorro
de colegiais às cinco
horas
calma
Seiten no
heki-reki 2: 3:
|
menina com infravermelhos
sob o
pretexto de transfundir
significado de volta
ao abalo sísmico que é cada
plano, ajeita a
faca, amola com a lima
escuta cada coisa que se
pareça com promessa entalha um
código secreto no tronco
de que se faz a casa na
árvore onde dormem os mapas
os dias os segredos os estojos
de explosivos não sobram
os olhos grandes para fora
das lentes binoculares outra
coisa que se pareça com sorte, uma
moeda de cobre ou um calendário
de um ano passado (e
esquecer) para só
querer lembrar
conversa cinemática
abriram a caixa para achar dentro os restos siderúrgicos de um uivo
e esse despido de noite escura como o kevlar de um colete à prova de balas
não traz novo nenhum: é só ação morta como o cedro da bengala de um velho,
a última vez que o marinheiro vê o filho pequeno na amídala da mulher holográfica que acena
origami
esguia sua presença como rocha quieta e assemelhada num lago
de água imóvel. Só a casca fina e translúcida em reflexo
recendendo a um limpo círculo de vidro o porto para que
deslizem. A lisura que engole os corpos ou se parte pouco
consorte à indelicadeza com que chega a espessa cortina de tempestade
desentranhado
do galho mais estranho da árvore genealógica de minha
família
|
norte
negro com mil sóis
diáfise
ou um ou outro tom
este poema salvará sua vida
como um motor de furgão
velho |
(imagens ©digital vision | john knill | mark weiss)
|
Renato Mazzini (Santa Fé do Sul-SP, 1981). É advogado. Trabalha como professor, escreve crítica musical, publica seus poemas no blogue Renato Mazzini e traduz alguns de seus poetas favoritos de língua inglesa no Chopsticks — Poesia com Pauzinhos junto de amigos. Não publicado em livro. Alguns inéditos seus podem ser lidos na edição 20 da revista Inimigo Rumor, no blogue Escolhas Afectivas e em banheiros públicos.
|