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Copyright © dos trabalhos publicados pertence a seus autores
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Diretores
Régis
Bonvicino (São Paulo) e Alcir Pécora
(Campinas)
Publisher
Plínio Martins
Filho (São Paulo)
Editora
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Tatiana Longo Figueiredo
(São Paulo)
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(Edmonton)
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(São Paulo),
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(São Paulo), Charles Bernstein (Nova York), Wilson Bueno (Curitiba),
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Paulo), Douglas Messerli (Los Angeles), Eduardo Milán (Cidade do
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2005
Impresso no Brasil
Foi
feito depósito legal
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Fiel ao seu propósito de
renovar a poesia brasileira, publica-se neste número duplo de
Sibila o ensaio "A voz instrumento de criação: dos
futuristas à poesia sonora", escrito pelo performer
italiano Enzo Minarelli. O ensaio resgata e historia a
questão da poesia puramente sonora, daquela poesia que existe com vida
própria quando da leitura e performance dos poemas, ainda que
escritos originalmente para a página, e, sobretudo, dos poemas compostos
para existirem neste espaço específico da voz. O ensaio se faz
acompanhar por um CD, intitulado "A princesa é
a voz", especialmente preparado por Minarelli
para Sibila. Na primeira parte, defronta-se com leituras mais históricas
como a do italiano Filippo Tommaso Marinetti
(1912) — criador do Futurismo —, a do russo Aleksiéi
Krutchônikh (1951) — integrante do movimento
cubo-futurista russo —, a do alemão Kurt Schwitters (1922-1923) —
fundador do dadaísmo —, e a do norte-americano Ezra
Pound (1960), este lendo um de seus poemas mais violentos
contra o capitalismo, o "Canto XLV". Na segunda parte,
ainda de caráter histórico, mas já apontando para a criação autônoma
contemporânea, destaquem-se as presenças dos norte-americanos
Allen Ginsberg e Philip Glass e do
austríaco Ernst Jandl. Em seguida, ouvem-se vozes do
mundo todo, italianas, gregas, suecas, espanholas, japonesas,
portuguesas, argentinas, francesas, criando com a voz e com as
palavras.
Além da qualidade das performances,
que se comprova na audição, ressalte-se o fato inédito de se editar algo
do gênero no Brasil, onde, embora haja registro de vozes dos poetas,
elas são quase sempre feitas a partir da leitura dos poemas escritos
para figurar nas páginas de livros e revistas e sem o caráter autônomo,
de arte, de leitura em si. Sabe-se que Murilo Mendes, Carlos Drummond de
Andrade, Manuel Bandeira e João Cabral de Mello Neto gravaram seus
escritos. Décio Pignatari e Haroldo e Augusto de Campos tentaram
experiências que combinavam a oralidade com a questão do livro. Mas,
nunca nenhum poeta brasileiro assumiu, de modo franco e exclusivo, a
autonomia da criação para voz, um gênero próximo da música erudita
contemporânea.
Neste CD,
pretende-se a voz e o som como espaço privilegiado da criação,
desacompanhados de libretos, textos e outros apêndices, que se
tornaraim "explicativos". Destaque-se, que neste trabalho, embora
certas fronteiras entre erudito e popular se abram, como na brilhante
leitura que Allen Ginsberg faz do poema
"Tigre", do poeta inglês Willian
Blake, onde uma harmônica toca ao estilo country, como se
quisesse projetar a renascença inglesa no sertão norte-americano, a
inflexão é erudita e muito própria da
poesia. Sibila publica, ao final do ensaio, a
lista completa das leituras, com seus respectivos autores.
Por outro lado, não pode
passar despercebido o ensaio "A demissão da crítica",
assinado por Paulo Franchetti, que aborda a pungente
questão da crítica literária no Brasil, ampliando o texto
"Momento crítico", publicado no número anterior da
revista. Cite-se um pequeno trecho: "[...] o exercício responsável da
crítica em situações de exame é o caminho mais curto para o ostracismo.
E mesmo nas situações que não envolvam exames públicos, o exercício da
crítica independente, que viole a demarcação das áreas de influência ou
contrarie um julgamento de chefe de grupo, recebe resposta imediata na
forma de censura, isolamento institucional ou veto explícito à presença
do crítico indesejado em empreendimentos intelectuais sob a influência
da autoridade contrariada". Nesta mesma perspectiva, agora num âmbito
internacional, chama-se a atenção para a entrevista do
excelente poeta e ensaísta uruguaio Eduardo Milan, da
qual se transcreve o seguinte trecho para este editorial: "A
pré-validação favorável dos objetos criticados é uma celebração, não um
ato crítico. A crítica de poesia na América Latina é difícil. Nossa
própria mentalidade colonizada diante dos objetos culturais torna o ato
crítico negativo uma espécie de agressão para quem os recebe. A
tendência é levar para o lado pessoal. Isso implica que os ideais da
Ilustração, quanto à proposta da crítica como fundamento, não calaram
fundo nestas latitudes. A mentalidade continua sendo paroquial. Mas isso
é generalizável para todo fato cultural, não somente para o objeto
poético. A crítica é vista como elemento não construtivo. E como a
América Latina tem um déficit de construção diante dos modelos que se
propõe a seguir, a atitude crítica é rejeitada como retardatária ou
improcedente. Passamos da escassez à superprodução de bens culturais
cujo valor desconhecemos. Esta é uma das principais repercussões do
acriticismo poético. Não sabemos como valorar. Mas, a função crítica,
creio, continua sendo a mesma que há dois séculos: o enriquecimento dos
produtos culturais mediante o debate que os mantém vivos e ativos. Creio
que a ausência de crítica é o que assinala a fragilidade de uma
literatura, seu momento crepuscular".
Régis
Bonvicino, Alcir Pécora e Tatiana Longo
Figueiredo
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Editorial: A voz como instrumento de criação
Foto • Claude Royet-Journoud
A fragilidade
da literatura • Entrevista de Eduardo Milán a Hugo Gola,
Antonio Ochoa, Gabriel Bernal Granados,
José Luis Molina, Ernesto Lumbreras e Régis Bonvicino
A demissão
da crítica • Paulo Franchetti
A cisma
da poesia brasileira • Marcos Siscar
Desenhos • Samantha Moreira
El diablo
de mêdia-noche • Wilson Bueno
Sem
título • Cristina Mutarelli
Anotações de alguém enquanto em São Paulo • Matias
Mariani
Poemas • Paulo Ferreira Borges
Carta
de Federico Fellini a Andrea Zanzotto
Filó • Andrea Zanzotto
Nota • Andrea Zanzotto
Vítezslav Nezval • Odile Cisneros
De ABECEDA
/ ABECEDÊ • Vítezslav Nezval
Suzanne Doppelt • Micaela Kramer
Trecho
de Quelque chose cloche • Suzanne Doppelt
HOMENAGEM A GARRINCHA
Mané e o sonho • Carlos Drummond de Andrade
RESENHAS E NOTAS
Blog: quem não tem teto de vidro; usa óculos escuros
• Furio Lonza
Abstração, vanguarda e parnasianismo em Jacques Roubaud
• Régis Bonvicino
O Dr. Lucio e o Dr. Guimarães: um testemunho •
Maria Elisa Costa
Louis Zukofsky • Eric Mitchell Sabinson
De "A" 12 • Louis Zukofsky
Uma definição de poesia • Louis Zukofsky
Louis Zukofsky. Tudo: Poemas Curtos Reunidos, 1923 – 1958
• Robert Creeley
Tu, minha anta, HH (Posfácio recusado para Estar Sendo
/ Ter Sido, de Hilda Hilst) • Alcir Pécora / João Adolfo
Hansen
Jakob van Hoddis e Wilhelm Klemm: leituras e traduções
de Mário de Andrade • Rosângela Asche de Paula e Telê Ancona Lopez
O fim do mundo • Jakob van Hoddis
Meu tempo • Wilhelm Klemm
RECUPERAÇÕES
A voz instrumento de criação: dos futuristas à poesia sonora
• Enzo Minarelli
A voz é princesa
dezembro,
2005
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