Nada,
O: os seres humanos são uma espécie curiosa.
Tendo definido que era possível conceber um vácuo, o
vazio, o nada, resolveram espiar o nada. O resultado é
que o nada já se tornou muita coisa desde então.
Narciso:
uma flor que foi um rapaz que achava que era água e outro,
mas era ele mesmo, ou era uma lenda de alguém que achava que
era outro e feito de água, mas que acabou virando uma flor,
essa sim, de verdade.
Narrativa:
narrar é mentir; descrever é dizer a verdade. Poucos
mentem bem. Todos dizem a verdade.
Nau
dos Loucos: imagem cunhada para mostrar que estamos todos
no mesmo barco; poema de Sebastian Brandt (Das Narrenschift,
1509) e quadro de Hieronymus Bosch (pintado entre 1490-1500).
Náutilus:
molusco cefalópode cuja concha registra matematicamente, em
suas volutas, o segredo do universo; o submarino do Capitão
Nemo.
Nefelibata:
um tipo de viciado em drogas pesadas, característico do fim
do século XIX.
Néscio:
[lt.] ne scio, "não sei"; um néscio
é aquele que não tem ciência, nem sabedoria, é
aquele que está cheio de um vazio chamado ignorância;
Sócrates, dizem, afirmou nada saber.
Nepente:
planta cujo suco, se bebido (200ml.), afasta a tristeza.
Ninguém:
parecido com o nada, ninguém quer dizer pessoa alguma,
que em francês se diz contraditoriamente personne;
nemo, em latim; foi um truque muito usado na literatura desde
que o cego ciclope perguntou o nome de Ulisses, e ele respondeu: "Ninguém,
meu nome é Ninguém", se divertindo às custas
do pobre monstro, que então falava dessa forma: "Ninguém
furou meu olho" (pois é isso que significa ciclope,
ter um só olho); ver também o diálogo de Todo
Mundo e Ninguém, de Gil Vicente, que recorre ao mesmo
artifício.
Normal:
pessoa que faz o que lhe disseram para fazer; os outros são
claramente anormais.
Nosferatu:
[gr.] nosos (doença) e [lt.] fero (carregar),
o nosferatu é aquele que carrega a praga da vida eterna
dependente da sucção de sangue alheio, no livro de Bram
Stoker (que traduz nosferatu por vampire); truque
de Murnau para não pagar os direitos de Dracula. Desafortunadamente,
a história era igual, e a furiosa viúva de Stoker processou
o filme.
Novidade,
novo: novo é aquilo que foi feito com a última
tecnologia; o que permanece novo é aquilo que vai ao cirurgião
plástico a cada seis meses.