O poema
Quando queimaram Giordano Bruno
Eu o amava perdidamente
Fazíamos amor apenas
Com a respiração
Foi Bruno quem me ensinou
Sobre almas ligadas
Sobre labaredas e ventos
Havia um só espírito nas
Coisas todas
E era de saber de
Memória que
Meu Bruno as coordenava
Deus amava Bruno porque
Nada separava de si este
Homem
Naquele fim dos meus XVI
A minha Terra
Girava
Em torno de Giordano.
Razão
Eu havia acabado de ler o livro De magia, de Giordano Bruno, o filósofo, matemático e astrônomo, que vivera no século XVI e ficara absolutamente encantado com o quanto um homem pode estar à frente do seu tempo. O tema magia sempre me interessou muito porque desde criança eu achava que era uma bruxa (risos), e ainda acho e gosto e me divirto com essa ideia. Mas, falando bem sério, eu fiquei muito impressionada sobre como Giordano Bruno tratava a morte numa ideia panteísta, tratava a vida numa ideia panteísta de continuidade, de contiguidade e a sua visão de natureza, tudo contradizendo as igrejas (pois fora expulso das protestantes também), os dogmas. Para terminar, eu assisti ao filme de Guiliano Montaldo e a atuação do italiano Gian Maria Volonté foi brilhante, convincente, apaixonante. Giordano merecia esse filme, como merecia viver e criar, porque Giordano era um criador. Assim que terminou, sucessivamente, no mesmo dia, livro e filme, eu só pude fazer este poema, movida pelo fascínio.
junho, 2015
Adriane Garcia (Belo Horizonte/MG, 1973). Poeta, historiadora, funcionária pública, arte-educadora, atriz. Escreve poesia, infantojuvenis, contos e dramaturgia. Foi a vencedora do Prêmio Paraná de Literatura 2013 (Prêmio Helena Kolody, poesia) com o livro Fábulas para Adulto Perder o Sono, publicado em 2014 (edição da Biblioteca do Paraná). Publicou também O Nome do Mundo (Armazém da Cultura, 2014).
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