1Essa
tradição está documentada em FRASCHETTI, 1900 e MUÑOZ, 1916. 2Museu
de Arte de São Paulo, 1973, p. 35. 3TENTORI, 1990, p. 209. 4Cf.
FRASCHETTI, 1900, p. 138-139.
5IDEM,
ibidem. 6Na Dafne
pode-se ver já o tipo de tratamento dos cabelos que se tornará constante
na obra madura de Bernini. A técnica,
ou seja, o uso do trépano, é substancialmente a mesma utilizada
por seu pai, Pietro Bernini; os resultados, porém, não poderiam ser mais díspares.
Os cabelos nos trabalhos do pai não têm uma aparência uniforme,
e nos cachos isolados que formam a cabeleira, vê-se
nitidamente os profundos furos deixado pelo trépano; nos de Bernini,
os furos do instrumento quase não são percebidos, e, no lugar de
cachos isolados, tem-se mechas mais ou menos uniformes, produzindo
um resultado que a tradição tem considerado muito mais "natural".
Cf. LAVIN, 1968, p. 232.
7FRASCHETTI,
ibidem, "L'abbandono profundo della deliziosa figura, così
castamente armonica, fa in qualche modo ricordare la gracia del
Bernini nelle sue prime opere, sebbene la statua non si dimonstri condotta da lui". 8MUÑOZ, 1916, p. 154. 9Esta
obra encontra-se hoje no primeiro lance da escada que conduz ao
andar superior do palácio, e, parece ser uma obra do século XVI.
DE BROSSES, 1979, p. 67-68, o trecho da carta que aqui interessa
é o seguinte: "Fra le statue
antiche si nota Adone
morente, il
bel Leone in marmo, la Venere addormentata, la Parca Atrope, Adriano,
Traiano ecc.
Tra le moderne,
il gruppo di Latona, Apollo e Diana
del Bernini (...)". 10Cf. MUÑOZ,
1916, p. 154. A visita de De
Brosses a Roma, em 1740, fez parte de
sua viagem à Itália, iniciada no ano anterior, toda ela relatada
em forma epistolar e publicada posteriormente sob o título de Lettres
Familières. De todas as cartas referentes
a esta viagem, sabe-se, ao certo, que apenas nove delas tinham sido
expedidas diretamente da Itália. As que descrevem as visitas de
Roma foram redigidas muito tempo depois de seu retorno, entre 1745
e 1755, Cf. MINGUET, 1979, p. 16 (Minguet
refere-se à edição de 1931 de Lettres Familières sur l'Italie de Charles De Brosses, com introdução e notas de Yvonne
Bézard). Esta informação fortalece a opinião
de Muñoz a propósito de um provável equívoco por parte do autor
no momento da menção ao grupo escultório:
neste lapso de tempo, a memória do viajante pode
tê-lo traído no tocante às obras que apreciara em sua estada
romana. Se o equívoco for real, a notícia de De
Brosses atesta a existência, já no primeiro quarto do século
XVIII, de uma atribuição local da estátua a Gian
Lorenzo. 11MUÑOZ,
1916, p. 154, "Bernini non
fece mai, a quanto si sa, imitazioni
o copie di statue
antiche(...).
È opera certamente dell'ultimo quarto
del 600, ed è attribuita
dalla tradizione
locale al Bernini. Non mi pare affatto che in questa figura, pittosto grossocia ed insignificante, si ritrovi la
maniera della Dafne o della Proserpina del Bernini (...)". Golzio, pg. 20,
ainda outro autor a tratar da questão, em um artigo intitulado Il Palazzo Barberini e la sua Galleria di pittura,
que data provavelmente da década de 40, também inclui, como Muñoz,
entre as obras do Palácio, uma estátua de Diana adormecida,
feita à antiga, cuja atribuição é incerta, "Un'altra
statua fatta
a imitazione dell'antico di incerta attribuizione è la Diana dormiente posta nella sala cosidetta delle statue". 12Cf. BARDI, 1952, p. 55, "Di filologico, per
questa statua, le cronache non ci danno che suggestioni e ipotesi
non approfondite, e la tradizionale attribuzione dell'opera a Gian
Lorenzo Bernini". Bardi justifica a atribuição estabelecendo um paralelo entre
a Diana e o Hermafrodita helenístico,
sob o qual Bernini havia esculpido um colchão durante a juventude. Ele
sugere que a Diana seria, assim como o colchão do
Hermafrodita, uma complementação de uma obra antiga
já existente -- no caso, o sarcófago romano do século II aC.
Ao fazê-lo, tomaria como exemplo a estatuária funerária etrusca
que colocava figuras humanas adormecidas sobre as urnas. Nisto,
o Prof. Bardi
não discorda das "crônicas" anteriores, já que, também
para ele, a Diana tem as características de uma obra
feita à antiga. 13IDEM, pg. 55-56. 14IDEM, ibidem. 15É recorrente na tradição crítica
a idéia de que Bernini -- ao contrário
dos escultores de tendência mais clássica do período, cujo maior
expoente era Alessandro Algardi -- tinha
uma clara predileção pela estatuária helenística, "más afines
a su propia orientacíon hacia lo pitoresco y lo patetico", como diz FALDI,
1961, p. 42-43, em detrimento daquela da antiguidade do período
dito clássico. Esta opinião é compartilhada por GRASSI, 1964, p.
173, e assenta-se em grande parte nas próprias palavras de Bernini.
Por ocasião de sua viagem a França, declara a Chantelou
sua predileção pelas estátuas helenisticas
que estudara exaustivamente durante sua juventude: em primeiro lugar,
o Torso e o Pasquino
que estavam incompletos, e por último o Laocoonte,
in CHANTELOU, 1981, 8 jun., p. 30-31.
Recentemente, Montagu reconsiderou completamente este tipo de critério,
que distribui de maneira tão cômoda e esquemática as áreas de atuação
dos dois maiores nomes da escultura seiscentista
italiana. A proprósito
de um Putto com máscara que Algardi restaurara, ela diz: "(...) this putto sticking its hand though the mouth of a mask held before
its face must have been a hellenistic
sculpture. There is no particular reason to believe, as has been
suggested, that Algardi preferred a more
classic peroid of antiquity, and still less to assume that his patrons
would have given him any say in the choise of the statues he was to repair for them", in MONTAGU, 1985, p. 15.
Retomando, por sua vez, as escolhas feitas por
Bernini, vê-se que ao contrário do que se esperaria tendo
em vista a sua propalada preferência pelo patético helenístico,
Bernini tinha ainda maior consideração pelos fragmentos do
Torso e do Pasquino
- devido, como afirma, a sua mais perfeitamente proporcional imitação
da natureza e às inúmeras oportunidades de recriação que oferecia
-, que pelo grupo do Laocoonte, o qual antes de
mais nada chamava a atenção pelo exemplo da expressão do
afeto: um exemplo magnífico, porém acabado. 16IDEM, p. 57. 17Cf. IDEM,
ibidem. 18IDEM,
ibidem, "La nostra Diana ci appare dunque, nella sua maravigliosa
qualità di esemplare di come molteplici frammenti di antichissime
e spezzate intuizioni formali, di sintomi poetici svariati e perfino
conttradittori possano confluire al di là delle fratture storici,
in una specie di sintesi figurativa, per sprimere una nuova e densa
poetica (...)". 19Bernardino
Ludovisi, escultor romano
(1713-1749). Suas obras mais importantes realizadas em Roma são
as estátuas dos 4 evangelhistas para a Fachada de S. Trinità
dei Pellegrini; algumas estátuas do altar-mor de S. Maria dos Anjos;
um anjo que está acima do altar-mor de S. Appolinaire,
e a estátua do Verão na Fonte de Trevi.
Em Lisboa, ainda, há um relevo de São João Batista na Igreja de
São Roque. Cf. BENEZIT, 1976. 20Cf. KACZMARSYK, 1976. 21Cf. PASCOLI,
1772, p. 477-478. 22IDEM, p. 482, "e presala ancora col Cardinal Barberini gli fece
una Diana, e gli vendè
il mentovato Adone,
che giusto
allora avea
compito". Também DELLA VALLE (1786, p. 445), informa, a
partir das notícias dadas por Pascoli, "Convenne poi con i Principi
Barberini di
comporre per essi Adone, e Diana" 23SCHLEGEL,
1972, p. 6-7, data a execução dos anjos entre 1677-1679, e aponta
afinidades com a magnífica terracota de um anjo ajoelhado, de Mazzuoli, na coleção Chigi-Saracini.
Em relação a esta terracota, cf. GENTILINI, 1992, p. 299-301, cat. 80, o catálogo sugere a existência de um bozzetto romano, realizado, talvez, na bottega de Bernini. Os modelos
reconhecidos como mais próximos são os Anjos de Bernini (1667-1669) - o que segura a coroa de espinhos e o
outro com cartiglio -, executados
inicialmente para a Ponte Sant'Angelo,
e colocados na igreja de Santa Andrea
delle Fratte.
Estes são frequentemente evocados por
Giuseppe, como "un canone compositivo passibile di suggestive
varianti", que reaparece, por
exemplo, nos Anjos porta-candelabros
para S. Martino, em Siena. 24PASCOLI,
1772, p. 479, "E nel tempo stesso avea cominciate ad abbozzare per suo studio, e divertimento
la celebre statua
dell'Adone, che
a poco a poco
finì, e vende siccome a suo luogo diremmo". 25FALDI, 1961, p. 133-134, lám. 38. 26Cf.PANSECCHI, 1959, pg.
36-39, nota 23. 27MONTAGU,
1991, pg. 24, nota 15. A frase é retirada do texto de Pascoli. 28A continuidade da família é assegurada por Cornélia
Constanza (1711-1797) filha de Urbano
Barberini, que é por sua vez neto de Tadeu, chefe geral das
tropas romanas, irmão do cardeal-sobrinho Francesco. Em 1728 casa-se
com Júlio César Colonna, príncipe de Carbognano,
duque de Bassanello. Cf. Espasa-Calpe, 1958. vol. III. 29SUBOFF,
1928, p. 43: "Ein Bildnis
Clemens XI, für den Kardinal
Fabroni und eine
Diana für den Kardinal Barberini sind
nicht nachzuweisen". 30Segundo Faldi
(1961, pg. 134), esta estátua, possuindo como suposto comprador
o rei da Dinamarca, acabou sendo adquirida pelo Cardeal Barberini,
e este, em 1717, ofereceu-a como presente ao coetâneo
pretendente do trono da Inglaterra. Ficou desaparecida então por
quase dois séculos, reaparecendo apenas durante a revolução russa
nas escadarias de um palácio em Leningrado,
e posteriormente sendo levada para o Museu Ermitage
em 1923. Na verdade a estátua só foi retirada do palácio Barberini
após 1818, data em que Manazzale (1818, pg. 144) localiza aí um grupo escultório "di Adone col cinghiale,
fatto da Mazzuoli,
scolao di Bernini". 31Cf. RICCOBONI, 1942, p. 233-234, "(...)
Di berninisco non ha che quel tanto di
forma che più o meno tutti gli scultori della sua generazione e
seguenti hanno da lui assorbito, ma per il resto ne siamo ben lontani". 32KAUFFMANN, 1970, p. 317. 33PASCOLI,
1772, P. 479. "Se prima gl'intendenti,
e i dilettanti ne
avevan concetto crebbe in lor di
gran lunga,
quando videro il bel lavoro [a Caridade
para o monumento de Alessandro VII], e lo
consigliarono a tor da se casa a
pigione, e da se senz'alcun direttore, a lavorare. Abbracciò il consiglio,
ed ito ad abitare a Ripetta". 34SCHLEGEL,
1972, p. 7. 35IDEM, ibidem. 36Cf.
SCHLEGEL, 1967, p. 388-389. 37BUTZEK, 1988, p. 87, n? 75, "una Carità in creta, originale del Bernino". 38A relação entre a Diana
quinhentista e a de Mazzuoli foi estabelecida
pela primeira vez por Fiorella Pansecchi
em 1959 (pg. 36-39, nota 23). Quanto à estátua quinhetista
Cf. D'ONOFRIO, 1994, pg. 222-226. 39CELLINI,
1956, p. 24. 40RICCOBONI,
1942, p. 231,"Le forme piene,
tondeggianti, sono
in parte coperte da una veste leggiera
che lascia intravvedere
il petto oltre
la scavata sinuosità
della pieghe e che s'aggroviglia attorno alle gambe (cfr. alcune particularità del panneggio con quello della Carità, v. più sopra)". 41PANSECCHI,
1959, p. 38, nota 26, relaciona este modelo com o anjo porta-candelabro
da direita, no altar-mór de S. Martino,
em Siena, cuja execução é tradicionalmente
atribuída a Giovan Antonio. Cf. ROMAGNOLI,
1835, XI, p. 193, e Thieme-Becker, 1930,
p. 317 (texto de Suboff). 42GENTILINI e SISI, 1992, p. 295-298, cat. 79. 43BUTZEK,
1988, p. 98, "(...) mani di gesso, parte del
Bernino, Michelangelo, Langardi
(sic) e di detti
Mazzuoli". 44HAWLEY,
1973, p. 295. 45SCHLEGEL,
1967, p. 391, tav. 6. 46SCHLEGEL,
1972, p. 7.
47BUTZEK, 1988, p. 81. 48RICCOBONI, 1942, p. 234, ele afirma:
"L'armonioso insieme è appena menomato dalla meno felice realizzazione
di qualche particularità, come la testa che risulta pesante, un
po' grossa e priva di finezza". 49A
respeito da decoração da Capela da família na igreja de S. Francesco
a Ripa, cf. NEGRO, 1987. 50BUTZEK,
1988, p. 83. O modelo em terracota desta grupo
encontra-se hoje em uma das salas da Soprintendenza
ai Monumenti di
Siena. 51cf. PANSECCHI, 1959, p. 43. 52Esse agente deve tratar-se, seguramente,
do embaixador português em Roma entre 1730 e 1740, Frei José Maria
da Fonseca d'Evora, conhecido como o Portoghesino. 53PASCOLI,
1772, p. 482. 54GENTILINI e SISI,
1992, cat. 117, p. 381-382, "Il modello è forse in relazione
con la testa reclinata di Cleopatra (...), o dalla testa egualmente
reclinata e patetica della Diana del Museo di San Paolo,
eseguita da Giuseppe per il cardinale Barberini nel 1709". |