São Poema

 

 

Ão Poema na cabeça

Ão Poema nas costas

 

Ão Poema nas

Pernas nos

Pés

 

Ão Poema no meio ao peito

Ão Poema nas mãos aos cãos

 

ãosãosãosãosãos

 

Sãonão Poemas os rastos

Sãoão Poemas onde eu

 

Cê ande

 

 

 

 

 

 

ATLAS

 

 

nem one nem um nem eins nas mãos

nem two nem dois nem zwei nos pés

nem three nem três nem drei nos pés

nem four nem quatro nem vier nos pés

nem five nem cinco nem fünf nos pés

nem six nem seis nem sechs nos pés

nem seven nem sete nem sieben nos pés

nem eight nem oito nem acht nos pés

nem nine nem nove nem neun nos pés

nem ten nem dez nem zehn nos pés

cem eleven cem onze cem elf mil mãos cem mil pés

 

 

Brazil Brasil Brasilien

 

 

 

 

 

 

Manás

 

 

cão raiva na boca

cão raiva nos olho

s cão raiva no nariz

cão raiva nas orelha

s cão raiva nas axila

s cão raiva no umbigo

cão raiva nas virilha

s cão raiva no pau

 

cães raivam no cu

fuck you fuck you fuck you

 

 

 

 

 

 

Pessoam

 

eu não cavhalo nada sem eu

tu não cavhalo nada sem tu

ele não cavhalo nada sem ele

nós não cavhalo nada sem nós

vós não cavhalo nada sem vós

eles não cavhalo nada sem eles

 

 

 

 

 

 

Arco-

íris

 

 

O Cavalo não é olavac

O Pássaro não é orassáp

E

 

O Menino não é oninem

Mas o menino é um olavac

E quando vira cavalo

 

V

ira arassáp

 

 

 

 

 

 

Três beijos

 

um beijo é três beijos nos olhos

um beijo é três beijos na testa

um beijo é três beijos no rosto

um beijo é três beijos nos lábios

um beijo é três beijos na boca

 

na língua beijos três é beijo um três

cinco sete nove onze treze quinze dezessete,

 

 

 

 

 

 

I

 

 

A cava

La

Cave

I antes

Ave

 

Tex

Pis

 

A cava

La

Cave

 

I

 

IIIIIIIIIIOUAEiiiiiiiiii

 

 

 

 

 

 

Jade

 

 

um é um

dois é dois

três é três

quatro é quatro

cinco é cinco

seis é seis

sete é sete

oito é oito

nove é nove

dez é cem

cem é mil

mil é sem

sem é zero

 

zero zero zero

 

 

 

 

 

 

Foice

 

Foi Foiçar e Foiçou os pés e os pés

Ficaram Foiçados sem os dedos foi Foiçar

Os dedos entre abóboras e a abóbada Foiçou

A vista foi Foiçar a vista nas pálpebras no meio

Às retinas As íris é que Foiçaram as estrelas imagin

Árias foi Foiçar o imaginário e o imaginário é que

Foiçou a constelação de pensamentos foi Foiçar

Os pensamentos e os pensamentos é que Foiçaram

Os cabelos foi Foiçar os cabelos e os cabelos é que

Foiçaram a cabeça foi Foiçar

 

A cabeça e a cabeça Foiçou o Céu

E o Céu O cerebelo.

 

 

 

 

 

 

Contrajoãos

 

Risca ou quase uma, duas, tr~es vacas,

Aqui no olhar, na vista, ali, cá, lá, o

Outro que vê Risca ou quase uma, duas

E as ~ vacas aladas no lotepasto apascento

O mundo anterior a esse, o mundo interior,

 

Mas Aqui no Curral Del Rey, é proibido

Falar Interior de Minas Gerais, como Fóssil

O Fosso do Mundo, O enfer de uma cer-

veja, meu rinc, sequer posso ao topo

 

acabar de escrever ão,

 

ao com ou sem ~ é proibido, ninguém me

proíbe de nada, ninguém me proíbe de nada.

 

se voc~e acha que sou poeta, sou poeta

se acha que não, ao.

 

Sou inspirado e creio em inspiração.

 

 

 

 

 

 

O miserável

 

A todos eu pudesse escrever os poemas

Como se escreve Tijolos Paredes Fogo Camas

Tecidos Os corpos que vivem As casas

Onde os corpos andam e param como fossem

A mesa O campo de arremessos As bocas

Que falam As palavras mais quentes e Também

As mais frias A todos eu pudesse escrever

Os poemas invioláveis a estranhos mundos

Mesmo que fosse a você A miserável Eu

Pudesse escrever os poemas A palavra casa

Que fosse mais que casa pernas andando lá

Dentro Rudes como As pedras líquidas

Que evaporam A todos eu pudesse escrever

Os poemas e depois me abandonar
 
 
(imagem ©senty)
 
 
 
 
Joaquim Palmeira. Poeta por natureza, nasceu nos cerrados de Rio Paranaíba, interior do Estado de Minas Gerais, na noite de 30 de abril de 1965. Filho dos lavradores Antônio Sezostre e Ovídia Ribeiro. Vive em Belo Horizonte desde 1986, onde trabalha com poesia. Publicou Lágrimas & orgasmos (estréia, 1986 - 2ª edição 2002), Águas Selvagens (1990), Dissonâncias (1993), Moinho de flechas (1994, Prêmio Jorge de Lima de Poesia da União Brasileira de Escritores, versão 1992, Rio de Janeiro), Cilada (1997, adaptado para o teatro por Geraldo Octaviano), Solo de colibri (1997, Prêmio Blocos de Poesia, versão 1997, Rio de Janeiro), Çeiva (1997), Pardal de rapina (1999, indicado por Alécio Cunha/Jornal Hoje em Dia, BH/MG, como o melhor livro de poesia publicado no ano), Anu (2001), Arranjos de pássaros e flores (2002, finalista do Concurso Nacional Cidade de Belo Horizonte, versão 1997, e Prêmio de Poesia Centenário Carminha Gouthier, 2003, da Academia Mineira de Letras), Cachaprego (2004, Prêmio Capital Nacional, versão 2005, da Sociedade de Cultura Latina do Brasil, Aracaju/SE), Estilhaços no lago de púrpura (2006 - 2ª edição 2007. Dramaturgo, ator, performer, encenou "A serpente" (1995), "Vestido de noiva" (1996), "Cilada" (1997/2000/2001), "Pardal de rapina" (1999), "Desmarcado" (1999), "Afrorimbaudelia" (2001), "Glaura" (2003), "Solo a solo" (2003/2004), "Poemas de corte" (2004), "Cachaprego" (2005/2006), "Subida ao paraíso" (2006), "Ais" (2006/2007), "O sétimo corpo" (2007). Criou os videopoemas Pardal de rapina, Invenção caipira, Anu, Cachaprego e o  cd V, com poemas de sua autoria, musicados e interpretados por Jorge Dissonância, também musicados por Anand Rao e Reynaldo Bessa. Participa das antologias Antologia da nova poesia brasileira (org. Olga savary), A poesia mineira no século XX (org. Assis Brasil), Fenda - 16 poetas vivos (org. Anelito de Oliveira), Pelada poética (org. Mário Alex Rosa. Organizou o cd Oise (Projeto Imaginário de Vozes, 2004),  a antologia O achamento de Portugal (2005, Prêmio Aires da Mata Machado, versão 2005/2006, da Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais),  o catálogo/antologia Terças poéticas: jardins internos (2006). Tem poemas publicados no Suplemento Literário de Minas Gerais, Revista Dimensão, Revista Apeadeiro (Portugal). Tem poemas traduzidos e publicados nas revistas Jalons (França) e Sìlarvs (Itália). Selecionado para o Museu da Língua Portuguesa, São Paulo/SP. Curador do projeto de poesia "Terças Poéticas" - realização da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais, através de uma parceria entre Suplemento Literário e Fundação Clóvis Salgado - acontece às terças-feiras nos jardins internos do Palácio das Artes, Belo Horizonte/MG.
 

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